Nós, em Portugal, não temos “elite”: em vez disso, temos parasitas. Vamos ter que substituir, na linguagem comum, “elite” por “parasitas”.
Mesmo que existisse uma elite em Portugal, seria sempre uma classe social — em contraponto ao conceito de “escol”, segundo Fernando Pessoa. Porém, não temos elite: temos uma classe de parasitas, muito bem personificada em Isabel Moreira.
A Isabel Moreira escreve aqui o seguinte:
“Se há “acusação” que se vem vulgarizando no espaço público é a de que determinadas opções políticas são negativas porque são “ideológicas”.
A criação deste alegado desvalor é fruto de uma escola advogada do conceito liberal de “Estado agressor”, que, escondendo a evidente carga ideológica desse apego, tenta passar por negativo/ilegítimo tudo o que surja como intervenção estadual. Há vários problemas neste discurso. Por um lado, distorce a essência da política, porque ela repousa em definições ideológicas que são positivas, que diferenciam, das quais brotam escolhas programáticas consequentes.”
Esta linguagem truculenta de advogado de vão-de-escada, faz lembrar o saudoso Olavo de Carvalho quando elaborou no conceito de Imbecil Colectivo: os parasitas (como é a Isabel Moreira) imbecilizam-se uns aos outros, por um lado, e atentam contra a nossa inteligência, por outro lado.
Segundo a Isabel Moreira, qualquer crítica a uma determinada ideologia é, também ela, parte de uma outra ideologia que se lhe opõe: esta é a melhor forma de se impôr uma ideologia, desclassificando assim qualquer tipo de crítica.
A Isabel Moreira tem um arquétipo mental totalitário.
Esta tese (a da Isabel Moreira) é de uma perversidade inaudita — ou talvez só vista entre os mentores jacobinos da Revolução Francesa —, porque torna impossível qualquer tipo de crítica (racional) à ideologia que se perfilhe (e o Expresso do Balsemão publica): por exemplo, a tese da Isabel Moreira seria prontamente aceite por Mao Tsé Tung, ou por Estaline.
A Isabel Moreira tem um arquétipo mental totalitário. Não há, no actual Partido Socialista, personagem tão radical (no sentido jacobino e totalitário) quanto ela — talvez com excepção de Ascenso Simões; mas, ao contrário deste, a Isabel Moreira labora na truculência de um causídico de prostíbulo.
A ideologia não se reduz a uma determinada ideia ou forma de conduzir a política.
A melhor e única forma de denunciar o radicalismo ideológico é sempre o de definir conceitos. Quando começamos a definir, os pachecos e as moreiras deste mundo fogem a sete pés. Por isso, vamos definir “ideologia”.
A ideologia é um sistema de representações dominantes em uma determinada época, relativamente à qual constituem a vulgarização de uma filosofia mais ou menos inconsciente. Trata-se, de facto, de uma redução/simplificação da filosofia no sentido gnóstico, distópico e totalitarista.
Segundo Hannah Arendt, todo o pensamento ideológico (as ideologias políticas) contém três elementos de natureza totalitária:
1/ a pretensão de explicar tudo;
2/ dentro desta pretensão, está a capacidade de se afastar de toda a experiência;
3/ a capacidade de construir raciocínios lógicos e coerentes (delírio interpretativo) que permitem crer em uma realidade fictícia a partir dos resultados esperados por via desses raciocínios — e não a partir da experiência.
Por exemplo: afirmar, como faz a Isabel Moreira, que “um homem é uma mulher” e vice-versa, ou que “os géneros são construções sociais”, faz parte de uma determinada ideologia — desde logo porque se afasta da experiência.
Sem uma teoria da autenticidade (uma teoria acerca daquilo que é autêntico na Realidade, e segundo a nossa experiência intersubjectiva), a noção de ideologia carece (artificialmente) de fundamento — ou seja, em uma analogia: para que valha a pena falsificar bilhetes de teatro, é necessário que existam emissões legais de bilhetes.
Ora, para a Isabel Moreira, não existem emissões legais de bilhetes de teatro: todos os bilhetes são falsos (a realidade objectiva, a dos bilhetes legais, não existe), justificando assim a prevalência da sua própria ideologia (subjectivista) sobre a Realidade concreta.
Estamos a ser governados por parasitas muitíssimo perigosos — seja porque são ignorantes, ou perversos, ou as duas coisas.