perspectivas

Domingo, 12 Fevereiro 2017

Animais irracionais tomaram o poder político

 

"There is no neutral ground in the universe. Every square inch, every split second is claimed by God, and counterclaimed by Satan."C S Lewis.

Não existe terreno neutro no universo. As proposições ou são verdadeiras ou falsas; e essas proposições são o resultado de uma linguagem humana que as contêm.

eutanasia-velhariasO Anselmo Borges fala aqui da linguagem humana; mas, através de uma tolerância inusitada, pressupõe ele (o Anselmo Borges) que possa existir um terreno neutro no universo (e no planeta Terra) em que Deus e o diabo possam chegar a um acordo. Portanto: ou acreditamos no Lewis, ou acreditamos no Anselmo. Com todo o respeito pelo Anselmo, eu acredito no Lewis: “não existe terreno neutro no universo”.

De nada vale ao Anselmo Borges procurar compromissos em terrenos moralmente neutros, porque esses compromissos não existem nem são possíveis.

A linguagem humana — para além da expressão que outros animais têm; para além da comunicação que outros animais também têm; e para além do simbolismo que outros animais também têm — tem proposições descritivas que os outros animais não têm. Karl Bühler chamou-lhe a “função representativa” da linguagem especificamente humana, que são proposições que descrevem um estado objectivo de coisas, que podem, ou não, corresponder aos factos; ergo, as proposições podem ser falsas ou verdadeiras.

Para além da função representativa da linguagem humana — que afere a verdade dos factos — temos a função argumentativa da linguagem humana, através da qual se constrói o pensamento crítico que deve obrigar a vontade mediante a razão (S. Tomás de Aquino). O ser humano inventou a crítica que é um método de selecção consciente que permite detectar os nossos erros individuais e colectivos.

O problema da Esquerda actual é o de uma profunda doença espiritual. Em função dessa doença espiritual radical (uma doença que atacou as raízes do “ser de esquerda”), as funções representativa e argumentativa da linguagem humana deixaram de ter qualquer utilidade. A lógica deixou de fazer sentido.

Sábado, 26 Novembro 2016

Morreu uma das figuras mais sinistras que a História conheceu

Filed under: A vida custa — O. Braga @ 1:07 pm
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Fidel Castro está no mesmo rol de gente crua como por exemplo Pol-Pot, Che Guevara, Lenine, Estaline, entre outros.

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Os políticos labregos portugueses (como é o caso do “emplastro de Lisboa”) criticam Salazar pela morte de Humberto Delgado; mas Fidel Castro foi responsável pelo assassínio de mais de 7.000 opositores políticos ao regime castrista cubano em 55 anos de repressão política (de 1 de Janeiro de 1959 a 2014).

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Sábado, 21 Maio 2016

O retorno de Prometeu

Filed under: A vida custa — O. Braga @ 2:30 pm
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O Anselmo Borges escreve o seguinte:

“A actual sociedade europeia de que fazemos parte tem, na expressão do filósofo E. Husserl, uma nova "forma de vida", isto é, um horizonte novo de vivência, sentido e auto-compreensão, a partir de três princípios fundamentais.

Trata-se de uma sociedade à qual foi possibilitado imenso bem-estar, derivando daí novas possibilidades de auto-realização e também um feroz individualismo, que apenas reivindica direitos ignorando deveres.

Por outro lado, as novas tecnologias têm um impacto decisivo nas sociedades, e não só no plano socioeconómico: mudam as mentalidades”.

goyaFernando Pessoa escreveu que aquilo a que o Anselmo Borges chama de “novo”, é “a velhice do eterno novo”.

¿Uma onda do mar é diferente de uma outra onda que se lhe segue? Claro que sim, mas a natureza das duas ondas é idêntica; uma pode ser mais alta em alguns centímetros, mas as duas ondas obedecem aos mesmos princípios da Natureza.

Assistimos hoje a fenómenos sociais “novos” nas suas formas (assim como a forma da onda mais recente é sempre uma “novidade”), mas os conteúdos sociais são, pelo menos, semelhantes em todos os tempos. Nós é que nos convencemos — porque vivemos hoje, e não no tempo do pão e circo da antiga Roma, por exemplo — que o que se passa hoje é uma espécie de novidade transumanista que nos separa radicalmente da eterna condição humana.

As “questões fracturantes”, a que se refere o Anselmo Borges, fazem parte do endémico retorno mítico de Prometeu que pretende vingar-se das leis de Zeus. E quando nós pensamos que a última onda é ontologicamente diferente da onda anterior (o tal “Mundo Novo”), embarcamos também na falácia de Prometeu.

Como escreveu Clive Staples Lewis: “No universo não há campos neutros: todos os centímetros quadrados, todos os segundos, são reclamados por Deus e disputados por Satanás”. O mito de Prometeu foi uma bela forma que os antigos gregos encontraram para traduzir em símbolos este conceito de Lewis.

Segunda-feira, 22 Fevereiro 2016

A distorção a energia cristã genuína

Filed under: A vida custa — O. Braga @ 11:47 am
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“Contradições de uma contra-cultura que agora se manifesta em defesa de cultura da morte (ou do descarte). Tudo em nome da liberdade de escolha, ainda que os que se louvam nessa liberdade para garantir a morte assistida possam ser os mesmos que a negam para a segurança social, a educação ou os cuidados de saúde.”

Estatismo e cultura da morte

Quando a herança da energia cristã genuína é redireccionada para fins utópicos e puramente laicistas (a imanentização do Escathos), passa a satisfazer o apetite narcisista da auto-glorificação do indivíduo e da ilusão da construção de uma imanente sociedade ideal. O ser humano é agora considerado infinitamente manuseável e formatável, susceptível de aperfeiçoamento infinito e imanente. A Natureza Humana intemporal é negada.

Em resultado da perversão da energia cristã genuína, nada passa a ser “imoral” ou proibido, o tabu passam a ser os tabus, o absurdo deixa de existir, nada passa a ser “contrário à Natureza Humana” — porque todo o instante passa a estar impregnado do “Novo Mundo” no qual as velhas regras perderam a sua validade em nome de um estado ideal de sociedade e de um “homem mais humano”.

A tarefa suprema passa a ser o anúncio da “boa nova” do anormal, do paradoxal e do bizarro.

Terça-feira, 10 Fevereiro 2015

A utopia revolucionária da imanência do paraíso na Terra

 

Temos aqui um texto de Eugénio de Andrade. O Júlio Machado Vaz, que cita o texto do Eugénio de Andrade, identifica-se obviamente com ele.

É sempre problemático quando os poetas filosofam, porque a poesia é filosofia desprovida de lógica. O texto é uma crítica à modernidade, mas trata-se de uma crítica que se baseia na utopia do Romantismo que se seguiu ao Iluminismo — utopia essa que ainda hoje persiste — e que concebia a possibilidade da alteração da natureza humana tendo em vista a construção de um paraíso na terra: a imanentização laica do Escathos que caracteriza a mente revolucionária (resquícios culturais de um certo Cristianismo milenarista). As engenharias sociais (“casamento” gay, adopção de crianças por pares de invertidos, ideologia de género, igualitarismo politicamente correcto, a negação das diferenças, etc.) que verificamos actualmente nada mais são do que a persistência na utopia que torna imanente o paraíso na Terra.

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Sexta-feira, 10 Janeiro 2014

O actual poder político (de Passos Coelho) conhece o futuro

 

“Colocar novos contra velhos, empregados contra desempregados, trabalhadores privados contra funcionários públicos, reformados da Segurança Social contra pensionistas da CGA, sindicalizados contra “trabalhadores”, grevistas contra a “população”, e muitas outras variantes das mesmas dicotomias, tem tido um papel central no discurso governamental, que encontra na “equidade” um dos mais fortes elementos de legitimação.

Se se parar para pensar, fora dos quadros das “evidências” interessadas, verifica-se até que ponto uma espécie de neomalthusianismo grosseiro reduz todas estas dicotomias a inevitabilidades a projecções sobre o “futuro” muito simplistas e reducionistas e que recusam muitos outros factores que deviam entrar na avaliação dessa coisa mais que improvável que é o “futuro”.

À substituição da política em democracia, com o seu complexo processo de expectativas e avaliações, traduzidas pelo voto, ameaçando, como dizem os “ajustadores”, pela “politiquice”, ou seja, as eleições, a “sustentabilidade” das soluções perfeitas de 15 ou 20 anos de “austeridade”, soma-se a completa falta de pensamento sobre o modo como as sociedades funcionam, que o “economês”, que é má economia, não compreende.”

2014, O COMBATE PELAS PALAVRAS

Passos Coelho (e os seus acólitos) é tão revolucionário quanto é um qualquer radical primário porque pretende submeter o real ao racional, como se o universo inteiro pudesse caber dentro de um laboratório. Para ele, é a realidade que se tem que submeter à ideologia, e não as ideias que têm que se submeter ao real.

Não se trata de empirismo, em que os factos são analisados cientificamente (sem qualquer consideração a priori), mas antes de uma forma de pensamento circular, em que as premissas do raciocínio são as que permitam chegar às conclusões que se pretendiam antecipadamente, e por forma a que toda a sociedade possa caber dentro de uma folha de Excel. É uma espécie de Pragmatismo, em que a acção se justifica eticamente pelo desejo subjectivo.

A certeza do futuro é a cereja no topo do bolo passista e uma das características da mente revolucionária do actual poder 1 : um determinado futuro é uma certeza e o passado pode ser mudado (desconstrução).

Outra característica da mente revolucionária é a inversão dos valores da ética e da moral:

Em função da crença num futuro dado como certo e determinado, em direcção ao qual a sociedade caminha sem qualquer possibilidade de desvio, a mente revolucionária passista acredita que esse futuro inexorável será isento dos erros do passado. Por isso, em função desse futuro certo e dado como adquirido, todos os meios utilizados para o atingir estão, à partida, justificados. Trata-se de uma ética teleológica: os fins justificam todos os meios possíveis.

E, finalmente a inversão do sujeito e do objecto: a culpa dos actos de punição austeritária é das próprias vítimas (os reformados, por exemplo), porque estas não compreenderam as noções revolucionárias que levariam ao inexorável futuro perfeito e destituído dos erros do passado. A culpa dos cortes nas pensões de reforma é dos próprios reformados, e Passos Coelho é apenas um executor providencial da construção desse futuro do “melhor Portugal que está para vir”.

Nota
1. segundo Olavo de Carvalho

Terça-feira, 11 Junho 2013

A realidade é aquilo que nós quisermos

François Hollande declarou que a crise económica na Europa acabou. E se alguém declara que a crise acabou, então a crise acabou. Ponto final. A realidade é aquilo que desejamos. Se olharmos para uma pedra e desejarmos que seja um pau, então, automaticamente, a pedra transforma-se em pau. Os nossos desejos são ordens.

Eric Voegelin chamou a este fenómeno de fé metastática. Por exemplo, através da ideologia de género, basta que François Hollande decrete que não existem diferenças entre os sexos, para que “tomaticamente“, essas diferenças não existam. Fernando Pessoa, num momento de delírio no Livro do Desassossego, escreveu o seguinte:

“A civilização consiste em dar a qualquer coisa um nome que não lhe compete, e depois sonhar sobre o resultado. E realmente o nome falso e o sonho verdadeiro criam uma nova realidade. O objecto torna-se realmente outro, porque o tornámos outro.”

Este é o conceito de “civilização” segundo um Fernando Pessoa delirante, a esquerda e François Hollande. Porém, em um momento mais lúcido e já fora do Livro do Desassossego, Fernando Pessoa escreve:

“A dignidade da inteligência está em reconhecer que é limitada e que o universo está fora dela. Reconhecer, com desgosto próprio ou não, que as leis naturais se não vergam aos nossos desejos, que o mundo existe independentemente da nossa vontade, que o sermos tristes nada prova sobre o estado moral dos astros, ou até do povo que passa pelas nossas janelas: nisto está o vero uso da razão e da dignidade racional da alma.” – Barão de Teive

A política moderna parece ser a alternância entre o Fernando Pessoa delirante e o Fernando Pessoa lúcido, entre o idealismo subjectivista e quase solipsista, por um lado, e um realismo saudável não sendo ingénuo, por outro lado.

Domingo, 4 Março 2012

A frenologia republicana e o complexo de superioridade revolucionário

Republicanos medindo a cabeça de um sacerdote jesuíta, depois do golpe-de-estado de 5 de Outubro de 1910.

Sexta-feira, 24 Dezembro 2010

Sobre a crítica presentista à Idade Média

O discurso anti-medieval é auto-contraditório.

Por um lado, critica-se, tout cours, a acção do Homem na História e, mais grave, analisa-se a história medieval à luz da situação contemporânea (falácia lógica de Parménides).
Por outro lado — e ao mesmo tempo que se critica a acção do Homem na História — adopta-se o princípio epicurista de retirar (de uma forma exclusivista) as conclusões teóricas, da prática, ou seja, a teoria é vista apenas e só como uma ilação da praxis.

Estas duas posições acima referidas, quando assumidas simultaneamente, são contraditórias: eu não devo criticar a acção do Homem na História ao mesmo tempo que retiro — de uma forma exclusivista — da acção do Homem a teoria que me move. A primeira situação (criticar a acção do Homem na História) pressupõe uma teoria prévia à acção e a liberdade da análise teórica; a segunda situação (retirar, de uma forma exclusivista, as conclusões teóricas, da prática) impõe a ditadura da acção (a ditadura da praxis) sobre a teoria.

Nota: quem critica — de uma forma irracional e presentista — a Idade Média, deseja instalar hoje uma Idade Me®dia.

Quarta-feira, 29 Setembro 2010

O cientismo e a doença mental do revolucionário

« A ciência é a maior força para remover barreiras de desentendimento [entre seres humanos]. »

O revolucionário é um doente mental — não no sentido clínico stricto sensu, mas no sentido cultural e social; trata-se de um sociopata incurável.

O maior perigo da modernidade tem sido — e é, infelizmente — a mente revolucionária que surtiu do Iluminismo. A ciência e a técnica não têm culpa do descalabro humanitário do século XX. Foi a mente revolucionária a responsável por mais de 200 milhões de vítimas, muitas delas inocentes, só no século XX. Naturalmente que a ciência e a técnica foram usadas na criação da morte em massa, mas não podemos responsabilizar a ciência e a técnica em si mesmas; devemos, antes, pedir responsabilidades à mente revolucionária.


É por demais evidente que a ciência, por sua própria natureza, não se ocupa do sujeito, ou seja, do indivíduo como ser humano. Só podemos fundamentar a noção de sujeito de uma forma tautológica, baseando-a na experiência subjectiva.
O conhecimento científico só concebe acções determinadas e determinísticas; não concebe a autonomia, o sujeito, tão pouco a consciência e a responsabilidade. Esta última é não-senso e não-científica. As noções de autonomia, sujeito, consciência e responsabilidade, pertencem à ética e à metafísica — e não à ciência positiva.

Quando a ciência positiva criou as ciências humanas, varreu paulatinamente o sujeito, colocando em lugar dele as leis, determinações e estruturas. Rapidamente a ideia de sujeito tornou-se mistificadora e insensata, à luz da ciência positiva e da opinião opinativa (Doxa).
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Quinta-feira, 16 Setembro 2010

A insustentável e insuportável leveza dos erros repetidos pela demência de esquerda

« Simone Beauvoir disse que foi na China que a alienação da mulher desapareceu. A vida privada deixou de ser problema. O amor deixou de ser problema. Não há divergências, não há conflitos, excepto o conflito entre o velho e o novo, violentamente superado pelo novo triunfante, sem oposição, sem hipocrisia. A ordem é liberdade. O futuro é harmonia. »

Edgar Morin, “Do Mito Chinês”, 1961


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Domingo, 20 Junho 2010

A evolução do gnosticismo até à sua expressão moderna (9)

O desaparecimento da personagem José Saramago veio alterar a ordem temática que eu pretendia para esta série de postais.

É possível que seja difícil, para alguns leitores, distinguir a religião normal e saudável, da religiosidade gnóstica, e que seja confuso estabelecer uma ligação de continuidade entre o gnosticismo antigo e o moderno. As pessoas pensam mais ou menos assim: “se Saramago se dizia ateu, como pode ele ter alguma coisa a ver com o gnosticismo antigo que era eminentemente metafisico ?”
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