Em relação a este texto no Porta da Loja:
1/ A filosofia consiste na procura da verdade, o que pressupõe que a verdade existe. Podemos dizer que a filosofia aspira a ser “a ciência dos postulados não-arbitrários”.
Foi esta procura filosófica da verdade que impulsionou a ciência, o que é uma característica da civilização grega, e europeia em geral — “enquanto os gregos inventavam a Ciência, os chineses dominavam Técnica” (mutatis mutandis, Ortega y Gasset, in “¿Que es Filosofía?”).
A diferença entre a ciência e a filosofia é, basicamente, a de que as proposições da ciência são verdadeiras ou falsas — porque são juízos falsificáveis em relação a factos existentes —, ao passo que os enunciados filosóficos são autênticos ou apócrifos, porque são juízos de significação.
A verdade de uma proposição (científica) é sempre hipotética, e apenas a sua falsidade é experimentalmente constatada — ao passo que a autenticidade de um enunciado (filosófico) é passível de corroboração, mas a sua natureza apócrifa apenas é supositiva (hipotética).
O critério científico é o da experimentação, que pode falsificar, mas que não verifica; o critério da filosofia é o da experiência, que pode confirmar, mas que não refuta. Não podemos nunca garantir a eternidade de uma proposição científica, nem assegurar que um enunciado filosófico já terá perdido totalmente a sua validade.
Também porque são diferentes, a ciência e a filosofia complementam-se. São duas bases do “tripé” que procura a verdade. A terceira base do tripé é a teologia.
O erro, e o acto de errar, fazem parte da procura da verdade.
Neste sentido, uma qualquer filosofia que negue a existência da Verdade (como é o caso da teoria relativista de Nietzsche), cai em contradição — porque se a verdade não existe, a filosofia (assim como a ciência) deixam de fazer sentido lógico. Trata-se, neste caso, de uma filosofia errada.
Todas as teorias ditas “filosóficas” que não partam do princípio do reconhecimento da existência da Verdade, são falsas — assim como todas as teorias científicas procuram a verdade através de um processo de falsificação.
Similarmente, a “ciência” está cheia de erros — como é o caso, por exemplo, do Lysenkoísmo, que foi uma manipulação política da ciência por parte de Estaline, e que pode ser comparada à actual Ideologia de Género que se serve de uma “ciência anti-experimental” para prosseguir uma determinada agenda ideológica e política.
2/ Os professores de filosofia olham para o filósofo com uma superioridade de adulto.
Em um texto/carta publicado na década de 1960, Karl Popper desanca nos académicos e nos ditos “intelectuais”.
«Aquilo que designei mais atrás por “pecados contra o espírito santo” — a arrogância dos pretensamente instruídos — é a verborreia, o pretensiosismo de uma sabedoria que não possuímos. A fórmula é a seguinte: tautologias e trivialidade condimentadas com o absurdo paradoxal. Uma outra receita é escrever em estilo empolado, dificilmente inteligível, e juntar, de quando em quando, uma ou outra banalidade: agrada ao leitor que se sente lisonjeado por encontrar, numa obra tão “profunda”, reflexões que ele próprio já tinha feito.
(…)
Quando um estudante entra na universidade, não sabe quais os critérios que deve adoptar. Assim, aceita os critérios que lhe são propostos. Uma vez que os critérios intelectuais da maior parte das escolas filosóficas (e muito em particular, na sociologia) toleram o gongorismo e a arrogância (todas essas pessoas parecem saber imenso), algumas boas cabeças são completamente afectadas. E os estudantes a quem o falso pretensiosismo da filosofia “dominante” irrita, tornam-se, com razão, detractores da filosofia. E convencem-se, sem razão, que tais pretensiosismos são próprios da classe dominante”, e que seria, então, preferível uma filosofia de influência marxista.»
Mais adiante, Karl Popper dá exemplos do gongorismo académico, como é o caso de Habermas:
«
[citação de ensaio de Habermas]
A totalidade social não tem vida própria acima do que é por ela concatenado, e de que ela própria é constituída.
Ela produz e reproduz-se através dos seus momentos singulares.
Tão pouco é de dissociar esse todo da vida, da cooperação e do antagonismo do individual (…) »
A tradução simplificada de Karl Popper:
« A sociedade é constituída por relações sociais.
As diferentes relações sociais produzem, de qualquer modo, as sociedades.
Entre essas relações encontra-se a cooperação e o antagonismo; e uma vez que (como já foi dito) a sociedade é constituída por tais relações, não pode ser dissociada delas.»
Gostar disto:
Gosto Carregando...