perspectivas

Sexta-feira, 28 Dezembro 2012

Peter Higgs, John Lennox, ambos contra Richard Dawkins

«Higgs boson theorist says he agrees with those who find Dawkins’ approach to dealing with believers ‘embarrassing’».

via Peter Higgs criticises Richard Dawkins over anti-religious 'fundamentalism' | Science | The Guardian.

peter higgs kodachrome web

Peter Higgs é o físico teórico que anunciou há cerca de trinta anos o bosão de Higgs. Peter Higgs defende a ideia da coexistência da ciência e da religião, e critica o “fundamentalismo” de Richard Dawkins.

“O que Richard Dawkins faz muitas vezes é concentrar o seu ataque nos fundamentalistas (religiosos). Mas há muitos crentes que não são fundamentalistas” – declarou Peter Higgs, nunca entrevista ao jornal espanhol El Mundo. “O fundamentalismo é outro problema. Ou seja, Richard Dawkins é de certo modo um fundamentalista de outro tipo”.

john lennox web

John Lennox é um matemático e filósofo das ciências, actualmente professor de matemática na universidade de Oxford. Numa conferência em que estiveram presentes mais de dois mil jovens, John Lennox afirmou:

“Os novos ateus querem-nos fazer crer que não somos mais do que uma colecção aleatória de moléculas, um produto final de um processo sem uma orientação. Se esta concepção fosse verdadeira, colocaria em causa a racionalidade de que necessitamos para fazer ciência. Se o cérebro fosse, na realidade, apenas o resultado de um processo sem orientação, então não existiriam razões para acreditar na sua capacidade de nos revelar a verdade.

Para mim, a beleza das leis científicas só reforça a minha fé de uma maneira inteligente. Quanto mais compreendo a ciência, mais creio em Deus pela maravilha da sua amplitude, sofisticação e integridade da Sua criação. Longe de estar em desacordo com a ciência, a fé cristã tem um sentido científico perfeito”.

richard dawikins web

Terça-feira, 25 Dezembro 2012

Richard Dawkins diz que o Cristianismo é pior do que pedofilia

“Raising your children as Roman Catholics is worse than child abuse, according to militant atheist Richard Dawkins.2

via 'Being raised Catholic is worse than child abuse': Latest incendiary claim made by atheist professor Richard Dawkins | Mail Online.

Em declarações ao canal de televisão islâmico Al Jazeera, Richard Dawkins afirmou que, para uma criança, ser educada de acordo com o catolicismo é pior do que ser abusada sexualmente.

Richard_Dawkins_muslim 469 web

Quarta-feira, 15 Fevereiro 2012

Richard Dawkins não sabe o nome do título do livro “Origem das Espécies”, de Charles Darwin

Num debate na rádio inglesa BBC4, Richard Dawkins não soube dizer o título completo do livro de Charles Darwin, a “Origem das Espécies”.

A pergunta acerca do título do livro de Darwin foi feita a Richard Dawkins por Giles Fraser, depois de Richard Dawkins ter afirmado que uma grande parte dos cristãos ingleses não sabia o nome do primeiro livro do Novo Antigo Testamento.

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Quarta-feira, 30 Dezembro 2009

O inconsciente de Richard Dawkins e o consciente de Blaise Pascal

Richard Dawkins é tão limitado intelectualmente que utiliza o absurdo na tentativa de reductio ad absurdum de um pensamento de Pascal (1623 ― 1669). (more…)

Quinta-feira, 17 Setembro 2009

Anselmo de Aosta e a refutação de Hellin

Filed under: filosofia — O. Braga @ 6:52 pm
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Este postal (e este) sobre o filósofo Mário Ferreira e a prova ontológica de Santo Anselmo ― que é mais um “princípio” do que uma “prova” ― é interessante. Entretanto, chamou-me à atenção a refutação de Hellin.

Refutação de Hellin – em nenhuma proposição, o predicado pode ter maior realidade que o sujeito. A prova de Deus não pode depender do predicado a priori, “máximo excogitável”, (este precisa ser demonstrado a posteriori).
Tais argumentos servem como objecção também às defesas de Leibniz e a Descartes.


Desde logo, é impossível fazer a “prova” directa da existência de Deus. Porém, o argumento cosmológico prova de facto a existência de um desenho inteligente no universo, o que significa que a “prova” da existência de Deus é feita por via indirecta, isto é, por dedução lógica.

Tomemos por exemplo a constante gravitacional G: ela é de cerca de 6 * 10^-11, o que dá qualquer coisa como 0,00000000006 ― o que significa que a gravidade é a força mais fraca de todas as forças fundamentais. Contudo, se G fosse milimetricamente maior do que 0,00000000006, as estrelas teriam sido formadas com tal vigor que se transformariam em anãs brancas, em vez de anãs amarelas como é o caso do nosso sol. As estrelas anãs brancas produzem calor mas não duram o suficiente para permitir a evolução da vida em qualquer sistema solar. Se G fosse milimetricamente mais pequena, então as estrelas tornar-se-iam gigantes vermelhas que seriam demasiado frias para permitir a vida. Para além da constante gravitacional, existem muitas outras constantes que, de igual modo, corroboram um desenho inteligente do universo: por exemplo, a constante de Planck, a massa de um protão, a constante de Boltzmann, etc. Centenas de constantes formaram-se no primeiro micro-segundo depois da Singularidade do Big Bang.


Em relação à refutação de Hellin: vamos ver o argumento da constante cosmológica.

O biofísico Alfred Gierer chamou à atenção para uma dificuldade particular: a densidade média da matéria no universo foi calculada com base em medições astrofísicas, e aquela é da ordem de uma partícula elementar longeva [protão, neutrão, electrão, etc.] por metro cúbico; considerando a dimensão do universo, resulta daí um número total de cerca de 10^80 (1 seguido de oitenta zeros) de partículas no universo.
Se multiplicarmos este número pela idade do universo: 20 mil milhões de anos-luz = 10^40 (1 seguido de 40 zeros) períodos elementares [período mínimo de estabilidade de partículas elementares], obtém-se o número 10^120 (1 seguido de 120 zeros) que corresponde à constante cosmológica da natureza (que se designa pelo símbolo Λ).
Este número Λ representa o limite superior lógico para o trabalho de cálculo de um computador cuja dimensão e idade seriam iguais a todo o universo, que efectuasse cálculos ininterruptamente desde o início da sua existência, e cujos elementos constitutivos fossem partículas elementares longevas individuais.
Portanto, podemos dizer que Λ é o “máximo excogitável” do universo, como é também o máximo da realidade da existência do universo ― nada é possível, em termos do espaço-tempo, acima de Λ.

Agora, atentemos à seguinte proposição:

«10^120 é o máximo excogitável do universo.»

.
Segundo, Hellin, esta proposição está errada não obstante ser baseada em dedução lógica. A conclusão a que podemos chegar é de que não é necessário que o sujeito tenha, a priori, menor realidade do que o predicado; o que é necessário é que a proposição tenha um desenvolvimento lógico que suporte e justifique a superioridade do predicado em relação ao sujeito. Ora, essa demonstração a posteriori — no caso da prova ontológica de Anselmo — é feita através do argumento cosmológico.

A proposição 10^120 é o máximo excogitável do universo” pode ser entendida e compreendida com a explanação do conceito de constante cosmológica do universo (Λ). Hellin partiu de um sofisma da razão.

Segunda-feira, 14 Setembro 2009

O ilogismo de Richard Dawkins (2)

O Novo Papa

O Novo Papa

No postal anterior referi-me a uma proposição de Richard Dawkins exarada do seu novo livro [The Greatest Show on Earth: The Evidence for Evolution]. Hoje vamos analisar mais algumas contradições do zoólogo.

Dawkins afirma que o livro “não tenciona ser um livro anti-religioso” e que “nenhum leitor de mente aberta acabará de ler o livro duvidando da veracidade do seu conteúdo”: Richard Dawkins em soft mode (lobo com pele de cordeiro).

Do mesmo livro pude retirar algumas proposições mais:

  1. A evolução é uma teoria no mesmo senso em que o heliocentrismo o é.
  2. No que diz respeito ao argumento segundo o qual a evolução nunca foi “provada”, a prova é uma noção que os cientistas remeteram para o cepticismo. Filósofos influentes dizem-nos que, em ciência, não podemos provar seja o que for.
  3. Os matemáticos podem fazer prova das coisas ― de acordo com uma visão estrita, eles constituem-se na única comunidade que o pode fazer…
  4. Mesmo a teoria indisputável segundo a qual a lua é mais pequena que o sol, não pode ― em relação aos critérios satisfatórios de um determinado tipo de filósofos ― ser provado da mesma forma que, por exemplo, o teorema de Pitágoras. Mas a evidência apoia esse facto de uma forma tão sólida que negar-lhe o estatuto de facto passa a ser ridículo excepto para os pedantes. O mesmo se aplica à verdade da evolução.
  5. A evolução é um facto no mesmo sentido em que é um facto de que Paris se encontra no hemisfério norte…

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Sábado, 12 Setembro 2009

O ilogismo de Richard Dawkins

O Novo Papa

O Novo Papa

No seu novo livro [The Greatest Show on Earth: The Evidence for Evolution], Richard Dawkins afirma que

“A evolução é um processo não conduzido [unguided process] de mutações aleatórias [random mutations] e de selecção natural.”.

Temos, pois, as componentes da “evolução”, segundo Dawkins:

  • processo não conduzido
  • mutações aleatórias
  • selecção natural

Se um processo não é minimamente conduzido e as mutações são totalmente aleatórias, como pode acontecer uma selecção natural?

Segundo o raciocínio de Dawkins, a selecção natural obedece à “escolha” [selecção] de uns critérios de selecção em relação a outros. Se a natureza “escolhe” ou “opta” por determinados critérios em relação a outros, como é que as mutações podem ser consideradas “aleatórias”?

Por outro lado, se a natureza não escolhe nem opta por determinados critérios de selecção, mas apenas aceita passivamente esses critérios a partir de mutações aleatórias através de um processo não-conduzido, como é possível validar as leis das ciências da natureza?

E como é possível conceber um “processo” que “não seja conduzido” por algum ou vários factores? A não-condução é a negação da definição de “processo”; no processo está implícito um método que se relaciona com uma ordem geral. Como é possível que o “método da evolução” consista na ausência de método e da ordem geral?

O problema de Dawkins é o dogma, que consiste na renúncia à lógica; ele entra em contradição com a lógica matemática que aponta inexoravelmente para a afirmação positiva do Ser.


De um tal Filipe, recebi o seguinte comentário transcrito na íntegra:

esse cara não teve aula de evolução na escola….

Seleção natural é um termo, nada de decompor o termo
As mutações são aleatórias e sem critérios, como qualquer um que já esteve no ensino médio sabe. Ocorrem naturalmente na natureza mutações no DNA que são passadas para frente, e algumas dessas mutações podem trazer benefícios ou malefícios para os que herdarem essa mutação, isto é, podem trazer características que darão maior ou menor chance de sobrevivência e reprodução. Seres que adquirem características que lhe conferem maior chance de sobrevivência tem maior tendência a prosperarem, se tornarem numerosos, enquanto os outros e seus decendentes podem ter novas mutações (e assim sucessivamente), enquanto aqueles que não tiveram tal mutação tem maior chance de extinção. Este processo se chama “seleção natural”, como isto é um termo, nem deveríamos discutir aqui se é correto chamar isto de seleção, mas é assim que o processo ocorre . A Natureza não “seleciona” de fato nada, apenas ocorrem mutações e mudanças no ambiente (incluindo as outras espécies existentes) podem favorecer certas características que tenham surgido de uma mutação e condenar outros seres. E essas mutações são de fatos aleatórias e não são conduzidas por ninguém nem por nada, apenas algumas seres portadores de mutações sobrevivem e outros não.

Em primeiro lugar, vemos um jovenzinho a dizer que alguém que tem uma licenciatura e 50 anos de vida e de experiência, é ignorante. Por aqui vemos o calibre da juventude actual.

E depois reparem bem na estupidez:

[1] As mutações são aleatórias e sem critérios, como qualquer um que já esteve no ensino médio sabe. [2 ] Ocorrem naturalmente na natureza mutações no DNA que são passadas para frente, e algumas dessas mutações podem trazer benefícios ou malefícios para os que herdarem essa mutação, isto é, podem trazer características que darão maior ou menor chance de sobrevivência e reprodução.

Desde logo, “naturalmente na natureza” é “obviamente óbvio”.

E depois vem o dogma: as coisas ocorrem naturalmente sem critérios e de forma aleatória, isto é, a natureza não tem leis. A coisa é fácil: como desconhecemos o critério de ocorrência dos fenómenos ― porque é impossível explicar a mutação das formas, pelo menos nesta fase das ciências experimentais ― dogmatizamos a coisa e dizemos que o critério da natureza é a ausência de critério, e que a lei da natureza é a aleatoriedade.

Se, como diz o burro, “nem deveríamos discutir aqui se é correto chamar isto de seleção, mas é assim que o processo ocorre”, existe um processo sem critérios. Será que as pessoas não se dão conta da contradição?! Um processo sem critérios?! Que se diga que se desconhecem os critérios do processo, para além de ser verdade, é honesto; que se diga que é possível que os fenómenos se processem sem algum critério, é estupidez. E acho que não há volta a dar a tanta burrice.


De uma vez por todas: a Física não é, hoje, uma ciência experimental, mas uma ciência dedutiva e formal

Os jovens continuam a aprender nas escolas que a Física é uma ciência experimental, como é a biologia. Esta ideia incutida aos jovens não é inocente: pretende nivelar a Física pela biologia no sentido de legitimar os princípios dogmáticos do evolucionismo naturalista (Naturalismo). A verdade é que a partir do princípio do século XX, surgiu a mecânica quântica e a relatividade que transformaram a Física em uma ciência formal, e por isso dedutiva ― substituindo a Física clássica newtoniana. Para que eu não tenha aqui jovenzinhos a debitar a doutrina dogmática aprendida nas escolas politicamente correctas, vamos definir alguns conceitos.

  • Formal: o atributo “formal” aplica-se em oposição aos conceitos prevalecentes no senso-comum acerca do conhecimento intuitivo, representável, visual, empírico, ou exprimível por palavras. O conceito formal acerca da realidade (na Física, por exemplo) é considerado como tal se é exprimível ou pode ser compreendido somente através da matemática.
  • Linguagem formal: Em lógica matemática, uma linguagem formal consiste num conjunto de símbolos e de outro conjunto de regras precisas especificando como os símbolos podem ser combinados entre si para se formarem proposições.

A Física é hoje uma ciência “formal” que utiliza uma “linguagem formal”. A Física moderna nada tem a ver com o método científico utilizado na biologia (porra!).

Segunda-feira, 24 Agosto 2009

Richard Dawkins reconhece que não é Deus

Richard Dawkins reconhece aqui que é ignorante em matéria de futebol, assim como as pessoas ditas “criacionistas” ― diz ele ― são ignorantes em matéria de “evolução”.

“Is creationism, would he say, a form of stupidity? Does he find it annoying that there are so many stupid people in the world?

(Dawkins): “I don’t think I would put it that way,” he says. “Well, I was going to say a lot of ignorant people, but that sounds abrasive too.
Ignorant is just a factual statement. I’m ignorant about football and all sorts of things. And I don’t think you’d take it as an insult if I said you don’t seem to know anything about football. It’s actually just a factual statement; it means you don’t know anything about it. I know quite a lot about evolution and there are plenty of people out there who know nothing about evolution and who probably who would enjoy learning something about evolution. Perhaps they can teach me about football.” “

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Sábado, 2 Maio 2009

A desordem de Richard Dawkins

Filed under: Religare — O. Braga @ 5:19 am
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Chamo a V/ atenção para o seguinte artigo da britânica Melanie Phillips no “The Spectator” :

The Truth Delusion Of Richard Dawkins

The most famous atheist in the world, biologist Professor Richard Dawkins, poses as the arch-apostle of reason, a scientist who stands for empirical truth in opposition to obscurantism and lies. What follows suggests that in fact he is sloppy and cavalier with both facts and reasoning to a disturbing degree.

(ler o resto)

Talvez venha a comentar o artigo noutro postal; gostaria agora de transcrever um trecho de Dawkins no seu livro “River Out of Eden: A Darwinian View of Life” (tenho a versão em PDF; quem quiser…):

“Num universo de forças físicas cegas e réplicas genéticas, umas pessoas prejudicam-se e outras pessoas têm sorte, e não há uma razão para que isso aconteça, nem existe justiça. O universo que observamos (…) não foi desenhado, não tem um propósito ou finalidade, não existem o bem e o mal ― não existe nada senão uma indiferença impiedosa e cega.”


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Quinta-feira, 10 Julho 2008

Thomas Huxley estava errado (1)

“Não devia depender da nossa escolha quais as quantidades que são observáveis, mas essas quantidades deveriam ser dadas, deveriam ser-nos indicadas pela teoria.”

― Albert Einstein

O Novo Ateísmo naturalista, que nos afiança que nada mais existe do que a matéria atómica e que o nosso pensamento é fruto dos átomos que constituem as propriedades neuro-fisiológicas (a estrutura dos neurónios e o “Epifenomenalismo” de Thomas Huxley e Darwin) é a maior fraude consentida pela ciência, e que se reforçou a partir do momento em que o darwinismo (segundo Dawkins) foi admitido ― com todos os seus elos perdidos e metodologias falhadas ― como fazendo parte do sentido da formação primordial do Universo. Qualquer físico quântico e/ou um matemático contemporâneo sabem que Richard Dawkins é um charlatão que tem vendido muitos livros, ao mesmo tempo que atestam que as religiões em geral são sínteses de formas primitivas de antever o que se perscruta como sendo a realidade científica, filosófica e religiosa.
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Sexta-feira, 21 Março 2008

Quem ameaça o ser humano?

«O partido comunista não pode ser neutral em relação à religião, porque a religião é algo que se opõe à ciência.»
– José Estaline, ditador sanguinário

Um dos argumentos ateístas contra o cristianismo foi o caso da pretensa proibição do papa Urbano VIII na publicação dos escritos de Galileu sobre o heliocentrismo. Oito anos antes de Galileu, Copérnico – que era um clérigo católico – publicava a mesma teoria sem nenhuma oposição da Igreja de Roma. A razão porque Galileu caiu nas más graças do Papa prendeu-se com uma publicação anterior, na qual deliberadamente caricaturou a figura do Papa. O pretenso “problema” da Igreja Católica com Galileu não tinha nada a ver com a teoria heliocêntrica , mas constituiu um problema pessoal entre o Papa Urbano VIII e Galileu.

Adenda: nem de propósito, ver este post.
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Quarta-feira, 5 Março 2008

Ding an Sich

O século 20 foi o século da ciência entendida, sob o ponto de vista filosófico, como a prova da total materialidade do ser humano; foi o século do unanimismo filosófico materialista politicamente correcto.

Enquanto a ciência avançava trazendo à espécie humana a esperança no desconhecido, a filosofia moderna e contemporânea – em geral – transformou o mundo do ser humano num ambiente limitado, antropocêntrico e separado do universo, redutor na sua essência, e tornou o Homem num ser tão descartável como tudo o que tem um valor exclusivamente material.

Personagens como Josef Mengele, por exemplo, não são tanto um produto da ciência como são dessa filosofia do fim do milénio que se proclamava como detentora da verdade acerca da essência material do Homem – coisa que a ciência nunca se atreveu a proclamar porque não o podia fazer segundo a sua própria lógica; a ciência pura só afirma o que pode provar através da análise e extrapolação analítica decorrente dos “Fenómenos” (experimentalismo), e mesmo assim, com as reservas que a probabilística veio introduzir depois da morte do determinismo científico (Einstein, Heisenberg).

O fenómeno da redução do Homem a um mecanismo que reflectia a “causa” da vida como derivada do puro “acaso” (1), que Dawkins defende hoje em nome de uma “ciência” que se confunde com o materialismo filosófico, começou com um paranóico que era mais um romancista do que um filósofo: Nietzsche. Juntaram-se a ele os “Utilitários” (Bentham, James Mill, Stuart Mill), que transformaram as minorias sociais e os seres humanos mais fracos em “danos colaterais”, e descreveram o hedonismo como o “único bem” do ser humano.

Karl Marx (a arrogância do “Fim da História”), Gramsci, Lukacs (a necessidade da morte do espírito humano para o triunfo da revolução marxista), Marcuse e Adorno (“Teoria Crítica” e “Utopia Negativa”), Russell (Ética do Desejo), Heidegger (o ser humano definido como sendo uma “defecação” de uma “existência anónima”), Hayek (do cepticismo de Hume à Cultura como sendo “um conjunto de meras tradições” e passível de transformação através de engenharias sociais coercivas), Sartre (o “absurdo” como única realidade existencial) e Michel Foucault (o filósofo-pedófilo, e como tal assumido publicamente pelo próprio) compõem o ramalhete do materialismo filosófico. Da filosofia do século 20, salvam-se Wittgenstein e porventura alguns fenomenologistas, como Husserl e Scheler, e pouco mais.

O cenário é deprimente.
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