perspectivas

Terça-feira, 12 Junho 2012

O António Damásio e o epifenomenalismo

« A iniciativa “Café, Livros e Ciência” discute na próxima quinta-feira, 14 de junho, a partir das 18h00, “O Livro da Consciência”, de António Damásio. A sessão, na cafetaria do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC), será dinamizada por Catarina Resende, directora do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC). »

via De Rerum Natura: O Livro da Consciência.

Pessoas que pensam como o António Damásio têm certamente a noção de que o cérebro humano é composto por células procarióticas; e partem desse princípio supondo que essa é a base do seu próprio cérebro. O problema é que generalizam essa noção endógena para toda a gente.

É assim que a neuro-ciência define a neuro-consciência que neuro-gere os neuro-comportamentos dos neuro-seres-humanos. O neuro-mundo e as neuro-mundividências são neuro-construídas por um neuro-cérebro que neuro-obedece, neuro-exclusivamente, aos neuro-impulsos das neuro-células procarióticas que habitam a massa cinzenta de António Damásio.

E quem se atrever a neuro-criticá-lo, é neuro-automaticamente apodado de neuro-ignorante e de neuro-neurótico.

Adenda: células “procarióticas”, e não células “porcarióticas”. Mas também poderiam ser.

Sábado, 24 Setembro 2011

Vídeo interessante sobre o herético Wallace

“Wallace, Darwin’s co-discoverer, couldn’t teach at a university today

Here. Wallace, co-discoverer of natural selection, saw hisdiscovery in the context of design. Of a socially humble background compared with Darwin, he was soon banished from the elite atheist circle, and consigned to the mockery of lesser men, then and since.”

via Uncommon Descent | Film on Darwin’s heretic Wallace now available.


Hoje, para ensinar numa universidade, é preciso fazer o juramento de lealdade a Darwin.

Sexta-feira, 26 Março 2010

O erro de Descartes, segundo António Damásio

No seguimento do postal anterior sobre o novo livro de Christopher Hitchens publicado em Portugal com honras de entrevista na TSF, lembrei-me de António Damásio e do seu livro “O Erro de Descartes”, publicado em 1995, que teve um apoio massivo dos me®dia na sua divulgação e foi um sucesso entre o filisteu actual português. Em contraponto, nunca foi publicado em Portugal nenhum livro do neurologista prémio Nobel, John Eccles, que defende exactamente o contrário de Damásio. Na ciência como na política, existe hoje a correcta e a incorrecta. A ciência correcta é aquela que pretende convencer o cidadão de que ele é apenas um “animal evoluído”, uma espécie de “macaco com ideias”, colocando-se assim em causa a excepcionalidade da vida humana; essa foi a missão do livro de Damásio que a intelectualidade portuguesa, em geral, aplaudiu e louvou.

Damásio segue a esteira do epifenomenalismo de Thomas Huxley que se transformou naquilo a que se convencionou chamar de “Teoria da Identidade”. Naturalmente que Damásio sabia que abraçando esta tese cientificista poderia ter sucesso nos EUA, o que veio a acontecer.

No século XIX o epifenomenalismo estava na moda. Reza a História que num simpósio de investigadores da natureza realizado em Göttingen, Alemanha, em 1854, um fisiólogo presente de seu nome Jabob Moleschott declarou que, “tal como a urina é uma secreção dos rins, assim as nossas ideias são apenas secreções do cérebro”. Perante isto, o conhecido filósofo Hermann Lotze levantou-se e disse que, ao ouvir a expressão de tais ideias do colega conferencista, quase acreditou que ele tinha razão…

António Damásio ataca no seu livro o dualismo de Descartes ― que considera o espírito e o cérebro como duas entidades separadas ― e adopta claramente a teoria epifenomenalista da identidade ― que considera o espírito e as ideias como uma secreção do cérebro. É sobre este assunto que trata este postal.
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Terça-feira, 18 Novembro 2008

Encruzilhada da História

utilitarismo11A ideia de que o Homem é “Deus na Terra” é antiquíssima, tão antiga quanto a idade de 150.000 anos atribuída ao Homo Sapiens. As diferenças que sobre-existiram ao longo do tempo não são substanciais, mas antes formais; muda-se a forma com o tempo mas mantém-se a substância. Contudo, a deificação de uma casta de seres humanos nunca foi tão perigosa para a espécie humana como é hoje.

A civilização europeia culminou com a burguesia; é produto de uma súmula utilitarista que se acumulou ao longo de dois milénios ― a utilidade prática do conhecimento para o domínio da matéria. O burguês europeu, ao contrário dos antigos gregos, não se sentia atraído pela contemplação, mas antes pela utilidade prática; quis instalar-se comodamente no mundo, modificando-o a seu bel-prazer.

Enquanto Platão e Aristóteles pensavam os rudimentos que tornaram possíveis a Física moderna, eles tinham ― como a maioria dos gregos ― uma vida difícil, rude e sem conforto. Nesse momento histórico, os chineses que nunca tinham tido um único pensamento científico, que nunca se preocuparam com a contemplação e que nunca desenvolveram uma teoria, todavia já desenvolviam a Técnica, teciam telas esplendorosas, fabricavam objectos de grande utilidade, a tinta, o papel e a pólvora, e construíam muitos artefactos de excepcional conforto. Enquanto que em Atenas se inventava a matemática pura, em Pequim inventava-se o forro da casaca.
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Segunda-feira, 10 Novembro 2008

A crença que resulta de uma crença

epifenomenalismoDepois de ler este texto no Acarajé Conservador, verifiquei que o autor do texto poderia resumi-lo em uma só palavra: “epifenomenalismo”.

A partir deste palavrão, todas as teorias utilitaristas se ramificam: Marx e Engels, Nietszche, Lenine, Gramsci e Lukacs, Estaline, Hitler, Mao Tsé Tung, Fidel Castro e Che Guevara, Pol Pot, Chávez, Mário Soares, Zapatero, Lula, José Sócrates, Barack Obama, etc. ― toda a mente revolucionária fica explicada numa só palavra.

O epifenomenalismo “é uma crença que resulta de uma crença” segundo a qual tudo ― absolutamente tudo ― no universo se explica de acordo com os parâmetros e princípios evolucionistas deduzidos da teoria de Charles Darwin e Thomas Huxley. Portanto, o epifenomenalismo é “uma crença de uma crença” ― é uma crença elevada ao seu quadrado.
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Sábado, 1 Novembro 2008

O “Problema” da Humanidade Contemporânea

O que separa radicalmente a Humanidade contemporânea é uma simples e pequena diferença de opinião:

  • As maioria das elites utilitaristas e bem instaladas na sociedade, (política, científica, plutocrata) acreditam que a mente humana, que engloba o “pensamento” e a “consciência”, é um mero resultado da actividade cerebral (“epifenomenalismo” de Thomas Huxley e Darwin).
  • Uma elite científica minoritária, todas as religiões e a maioria dos habitantes do planeta, acreditam que mente humana existe essencialmente como “consciência” (“Cogito” de Descartes), e os cientistas do “Cogito” defendem a ideia de que é inclusivamente a “consciência” que contribui activamente para a formatação do cérebro, existindo médicos neurocientistas que se baseiam na noção de “Cogito” para aliviar doenças como a obsessão compulsiva e fobias.

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Sábado, 23 Agosto 2008

Thomas Huxley estava errado (10)

Buraco-negro giratório

Buraco-negro giratório

Através da lógica matemática, o físico Martin Kruskal (entre outros) conseguiu solucionar a questão do comportamento dos buracos-negros. Esta imagem aqui ao lado pretende dar uma ideia de como Kruskal definiu o que acontece no buraco-negro. Já antes dele, o matemático australiano Roy P. Kerr descobriu (nos anos sessenta do século passado) que existem buracos-negros giratórios, isto é, buracos-negros com massa em rotação, e que o buraco-negro rotativo ganhava uma estrutura própria.

Nota: os “poços” ou mini-buracos-negros quânticos têm uma estrutura semelhante aos buracos-negros do macrocosmos.

O que acontece dentro de um buraco-negro rotativo? À medida que nos aproximamos do “limite estático” (orla exterior), independentemente da velocidade a que viajemos (inferior à da luz), começamos a observar que qualquer luz que emitamos a partir da nossa nave espacial é literalmente desviada na direcção da rotação do buraco, isto é, a luz emitida pela nossa nave passa a acompanhar a massa em rotação em torno do buraco-negro, como se existisse um gigantesco “vento” invisível que “soprasse” a luz no sentido da rotação do buraco-negro.

Depois de atravessarmos o “limite estático”, entramos na “ergosfera”, que é a fonte de energia rotativa. Trata-se de uma zona energética onde a luz é “desviada” circularmente e atraída pela gravidade em direcção ao centro do buraco-negro. Nesta região, a nossa nave ainda poderia (com muita sorte) escapar à gravidade do buraco-negro, e da ergosfera poderia ser extraída energia (ser fonte de energia). A propósito da “ergosfera”, o cientista Roger Penrose descobriu um princípio segundo o qual, se uma nave se partisse em dois ao entrar nesta zona do buraco-negro, uma das metades seria ejectada com mais energia do que dispunha ao entrar, enquanto a outra seria capturada pelo buraco-negro (ver “mecanismo de Penrose”).

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Thomas Huxley estava errado (9)

Os “milagres”, a matéria e anti-matéria, a luz que podemos “agarrar” e a “Singularidade”

Par electrão / positrão

Par electrão / positrão

O electrão é uma ínfima porção de electricidade que é responsável pela estrutura dos átomos e das moléculas, e naturalmente é também responsável ― nomeadamente ― pela estrutura do nosso sistema nervoso central. Contudo, já vimos que a “Consciência” existe ― na forma de ondulação quântica ― independentemente da existência “material” do nosso cérebro.

Richard Feynman, Nobel da Física, defendeu a tese de que todas as partículas do universo poderiam ser reduzidas a uma só partícula ― a um electrão. Sabemos que sem a actividade do electrão, toda a actividade química não poderia existir; mas como seria possível reduzir as partículas do universo a um só electrão? Segundo Feynman, a resposta estaria na possibilidade de se poder viajar para trás no tempo; se o electrão conseguisse viajar para trás no tempo, ele poderia surgir em dois lugares espaciais em simultâneo. De igual modo, esse electrão poderia surgir simultaneamente em inúmeros locais e constituir um universo de electrões.

Portanto, a reversibilidade e o avanço do “universo do Tempo” constitui uma possibilidade que permitiria reduzir o “universo do Espaço” à sua partícula mais ínfima. E aqui entramos na área a que as religiões e a ciência convencionaram chamar de “milagres”, por exemplo, o “milagre” da ubiquidade ― a capacidade de alguém poder estar em dois locais diferentes em simultâneo.

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Quarta-feira, 13 Agosto 2008

Thomas Huxley estava errado (8)

Qual o tamanho do Universo?

Universo Quântico

Universo Quântico

É hoje ponto assente que o nosso universo teve início com o Big Bang. Portanto, tendo tido um princípio, podemos ― sob o ponto de vista filosófico ― dizer que o universo foi criado, porque tudo o que tem um início é um efeito de uma causa. Quando os darwinistas dizem que não existiu a Criação do Universo, vão contra a própria lógica científica que pressupõe uma causa para um efeito, e por isso podemos dizer que o darwinismo esteve na origem de um monismo religioso dogmático: o Naturalismo.

Estando o universo em expansão a partir de um início, ele é finito; podemos dizer que o Universo tem uma “orla” exterior que se expande ocupando o lugar do “Nada” que está para além do universo.

Imaginemos a totalidade do universo existindo na superfície de um balão: ainda que nos deslocássemos sempre na mesma direcção sobre a superfície dessa esfera, jamais chegaríamos a uma borda exterior; e se caminharmos sempre em redor da superfície do balão, não voltaremos necessariamente ao ponto de partida, embora este possa parecer idêntico ― isto se o balão estiver em expansão, como está (ou em contracção). Este facto deve-se à introdução da dimensão do Tempo na equação.
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Terça-feira, 12 Agosto 2008

Thomas Huxley estava errado (7)

A “luta” entre a relatividade de Einstein e o Princípio da Incerteza de Heisenberg

Se dividirmos um segundo do nosso tempo, a meio, conservando apenas uma das metades e rejeitando a outra, e fizermos esta mesma operação ― isto é, dividirmos o “meio-segundo” que conservámos, a meio ― 150 vezes, chegaremos ao intervalo de tempo mais curto que os físicos consideram até hoje, e a que a Física quântica chamou de “cronão”. De igual modo, e com um centímetro, repetindo 110 vezes a sua divisão a meio, chegaremos à porção mais curta do espaço como tal considerada pelos físicos.

Os físicos quânticos (John Wheeler, et al) deduziram que, nesta escala infinitesimal, a Física quântica se mistura com a relatividade de Einstein, o que inclui a gravidade e a produção de “buracos negros” quânticos . Nesta escala de grandeza, os buracos negros são rasgões minúsculos no espaço-tempo que constituem um “borbulhar” contínuo ocorrendo espontaneamente; de facto, assistimos aqui a um “duelo” entre o Princípio da Incerteza de Heisenberg ― que tenta impedir a superdefinição da matéria, isto é, impedir a matéria se localizar com demasiada precisão no espaço-tempo ― e os super-enormes campos gravitacionais (em termos relativos e à escala) que ocorrem em tão reduzidas distâncias. Deste conceito, John Wheeler e os seus colaboradores extrapolaram (dedução) a ideia de “espuma quântica”, que é o resultado desse “duelo” entre o Princípio da Incerteza de Heisenberg e a relatividade de Einstein, sendo que a espuma quântica é, provavelmente, o universo inteiro. (ver)

O espaço e o tempo são apenas medidas de grandeza, unidades diferentes de conversão do espaço-tempo. O espaço e o tempo encontram-se ligados e são intermutavéis, e por isso, o carácter não-absoluto do tempo e do espaço foi substituído por uma ideia de carácter absoluto do espaço-tempo.

Quando se diz que o Princípio da Incerteza de Heisenberg não se aplica no macrocosmos (ver), esta posição é defendida porque a conexão entre o espaço e o tempo só se torna aparente (empirismo; verificação empírica) quando consideramos distâncias enormes, intervalos de tempo muito curtos, ou a objectos viajando a velocidades muito perto da velocidade da luz, porque é nestas escalas que se faz sentir (à nossa escala) a presença da gravidade ― o que não significa que em outras situações e noutras escalas, não sendo aparente e empiricamente constatável, o mesmo tipo de fenómenos não ocorra. “Se uma árvore se quebra na floresta, e não houver nenhum ser humano na floresta para ouvir o ruído da queda da árvore, será que o ruído existe de facto?”. Claro que sim; o facto de o ser humano não se aperceber de um determinado fenómeno, não significa que esse fenómeno não exista, só por esse facto.

A seguir: “Qual é o tamanho do universo”?

(1) Por isso é que a ideia da ciência determinista e determinada por “leis naturais” restritas e estáticas, e alegadamente “somente aplicáveis ao macrocosmos”, segundo a qual o Princípio da Incerteza de Heisenberg é exclusivamente aplicado ao microcosmos ― e nunca aplicável no macrocosmos conforme defendido aqui –, está desfasada, porque a análise empírica do macrocosmos constitui uma visão parcial do universo, e portanto desfasada do seu conjunto e da sua verdadeira realidade. Por muito que custe à nomenclatura científico-técnica clássica, vão ter que se habituar a novas ideias sobre o universo. Mais adiante falaremos mais concisamente sobre a aplicabilidade do “princípio da incerteza”, e do seu “duelo” com a relatividade de Einstein, em todo o universo.

Segunda-feira, 11 Agosto 2008

Thomas Huxley estava errado (6)

Wormhole
Worm hole

Com a relatividade geral de Einstein, a ideia de “buraco negro” popularizou-se. O “buraco negro” é um lugar no espaço onde o espaço e o tempo se “dobram” um sobre o outro, gerando um campo gravitacional tão intenso que suga toda a matéria à sua volta e nem sequer a luz escapa. Martin Kruskal, um físico de Princeton, descobriu que o “buraco negro” tinha outro lado: o “buraco branco”, que desempenha o papel oposto do “buraco negro”.

O buraco branco “cospe” tudo para fora de si num sentido temporal invertido, e o estranho é que estando os buracos negros e brancos ligados, o buraco negro e o branco não são ou não fazem parte do mesmo buraco.

Se conseguíssemos viajar mais rápido que a velocidade da luz, ao entrarmos num buraco negro seríamos instantânea e imediatamente cuspidos para o exterior pelo buraco branco, como se entrássemos numa sala e simultaneamente estivéssemos a sair dela! Mas ainda assim poderíamos “emergir” no buraco branco num local que se encontrasse a milhões de milhões de anos/luz do local de entrada do buraco negro. A estes túneis espaço-temporais, os físicos quânticos chamaram de “Worm Tunnels” (túneis de minhoca).

Terça-feira, 22 Julho 2008

Thomas Huxley estava errado (5)

«Não é absurdo acreditar que a era da ciência e da tecnologia é o princípio do fim da humanidade; que a ideia de um enorme progresso é uma ilusão, bem como a ideia de que a verdade será finalmente conhecida; que nada há de bom ou desejável no conhecimento científico e que a humanidade, ao procurá-lo, está a cair numa armadilha. Não é de modo algum óbvio que as coisas não sejam assim.»

Ludwig Wittgenstein ― “Cultura e Valor”, página 86, ISBN 9724409104, Edições 70

Depois de Darwin e Huxley, a Humanidade entrou numa fase ainda mais sinistra do que a que tinha vivido com a Inquisição medieval. Podemos, aliás, estabelecer alguns paralelos epistemológicos entre o materialismo filosófico e a Inquisição católica, entre eles a afirmação absolutista do determinismo em relação ao ser humano, isto é, a ausência do livre alvedrio. Tanto o materialismo filosófico como o dogmatismo inquisitorial assentam num totalitarismo intrínseco, na ideia de que o ser humano não é livre. No fundo, do que saiu do Iluminismo ― com o positivismo, o empirismo e com o materialismo ― foi uma outra maneira de ver o totalitarismo como forma sagrada de organização social.

…em vez
de se afastar da religião, a ciência encontra caminhos
de comunhão com as religiões…

Com o Iluminismo surgiu o determinismo ambiental ― a ideia de que o ser humano é algo exclusivamente manipulável pelo meio-ambiente e pela educação; esta ideia já vinha de trás, engendrada pelos estóicos através da crença de que o ser humano é uma “tábua-rasa” quando nasce. Mais tarde surgiu o determinismo biológico: os novos filósofos defendiam a tese ― ferida de morte por uma lógica circular ― de que 1) a ciência é definida como sendo determinista e 2) a ciência não aprova a ideia de liberdade do ser humano (determinismo científico); primeiro define-se a ciência como excluindo a liberdade na natureza, para depois se dizer que a ciência não aprova a ideia de liberdade do ser humano.
Com o determinismo biológico inaugurado por Darwin e Huxley, as características do ser humano passaram a ser determinadas também pela sua herança genética. Todas as ideologias políticas que estiveram por detrás dos morticínios em massa a que assistimos no século 20 se basearam na ideia do determinismo biológico e ambiental aplicado ao ser humano, isto é, no materialismo, no ateísmo científico, na ausência do espírito humano individualizado e de Deus. O indivíduo deixou de ter importância e só a espécie passou a ser importante, o que passou a justificar todo o tipo de atrocidades e monstruosidades em nome da alegada “evolução da espécie”.

Com o determinismo científico aplicado ao ser humano, a humanidade passa a ser uma massa anónima irresponsável que necessita de uma liderança científica e elitista (Nietzsche). Marx leu Nietzsche (entre outros “filósofos modernos” do seu tempo) e concluiu que, segundo a teoria do determinismo ambiental, o ser humano é totalmente dependente das condições económicas em que vive; pensou Marx que se se mudasse as condições económicas (propriedade privada), a natureza humana mudaria também. O resultado está à vista: é totalmente impossível mudar a natureza humana desta forma (a não ser que acabemos com a raça humana). A única forma de equilibrarmos a humanidade, evitando um descalabro a nível global, é através do recurso aos valores espirituais do Homem e constatando que o ser humano é livre de fazer escolhas.

«A doutrina segundo a qual o mundo é formado por objectos cuja existência é independente da consciência humana revela estar em desacordo com a mecânica quântica e com os factos estabelecidos através da experiência.»

Bernard D’Espagnat, físico quântico.

A ciência ― que foi ideologicamente sacralizada a partir do Iluminismo e até hoje ― parte de premissas determinísticas. Mesmo com as descobertas da Física quântica, no início do século 20, que contrariam claramente o determinismo na natureza, os filósofos da ciência do materialismo fizeram “ouvidos de mercador” e continuaram (ainda hoje) a defender a sacralização da ciência nos mesmos termos que Augusto Comte o fez. Os filósofos materialistas entraram num autismo total.
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