perspectivas

Quinta-feira, 28 Fevereiro 2019

O ateu Jean-Paul Sartre nunca perdoou a Deus a Sua inexistência

Filed under: filosofia — O. Braga @ 10:03 pm
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É preciso dizer à professora Helena Serrão que a negação da metafísica é, ainda assim, uma metafísica.

Quando Jean-Paul Sartre nega a metafísica, labora na metafísica — só que é uma metafísica que estabelece o limite existencial da espécie humana nos satélites artificiais que circulam em redor do planeta Terra.

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Por outro lado, existe uma contradição entre a “liberdade de Sartre” e o Estado marxista que ele defendeu: uma multidão igualitária e, por isso, homogénea, não reclama a liberdade; só em uma sociedade hierarquizada, e de classes bem marcadas, o homem pode ser livre.

Ao contrário do que Sartre preconiza, a liberdade não é um fim em si mesma, mas antes é um meio: e quem toma a liberdade como um fim não sabe o que fazer com ela, quando a obtém. Quando entendida como um ideal supremo existencial, a liberdade é o primeiro passo para o niilismo final.

Na sociedade moderna, onde se professa um determinismo científico, a defesa da “liberdade” é um “retrocesso” cristão — e é uma contradição intrínseca do marxista Sartre.

Quarta-feira, 13 Fevereiro 2013

O homem moderno, em geral, progride em direcção ao elementar

Filed under: filosofia,Ut Edita — O. Braga @ 9:11 pm
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“A pós-modernidade há muito que abandonou o tema [da religião] mesmo da ultimidade e unidade do sentido e do fundamento. No pensamento de Sartre, o homem quer estruturalmente ser para sempre; todavia, esta sua esperança não tem fundamento, porque, com a morte, advém o nada absoluto, uma vez que, em última instância, não há Deus. Por outras palavras, o nada da morte implica o absurdo da vida.” (ver nota em rodapé)


A negação da metafísica é sempre uma forma de metafísica. Como em todas as coisas, existem formas metafisicas mais completas do que outras, ou melhores do que outras, ou mais racionais do que outras.

“A solução do enigma da vida no espaço e no tempo, encontra-se fora do espaço e do tempo” — Wittgenstein (Tractatus). O sentido do mundo “tem de encontrar-se fora dele” (ibidem). “Deus é como tudo é” (ibidem). Wittgenstein utiliza o termo “Deus” para designar o sentido do mundo.


Naturalmente que Sartre tem direito à sua opinião, como todos o burros também têm. Mas o problema é que a sua opinião, e de outros quejandos — como, por exemplo, a de Heidegger — têm sido levada demasiado a sério pelas elites da pós-modernidade, tendo em conta o seu valor racional reduzido. De facto, Sartre — como Heidegger ou Nietzsche — é um literato, e não um filósofo propriamente dito; um filósofo, hoje, tem que estar minimamente atento ao que se faz em ciência — embora não seja necessário que seja cientista ou um homem das ciências. Sartre é passado.

'Angelus', de Jean-François Millet

‘Angelus’, de Jean-François Millet

O homem moderno, em geral, vive sem a consciência de um sentido (de vida) mais profundo, quando comparado, por exemplo, com o homem medieval. Um sentido eterno está completamente fora do seu alcance, o que se traduz na seguinte frase de Sartre: “Se não formos nada no futuro, também não somos nada no presente”. Ou que se traduz também na metáfora de Sísifo utilizada por Camus (outro literato tido como “filósofo”).

Na década de 1980, o físico francês Alain Aspect fez uma experiência com fotões e constatou que eles comunicavam entre si a uma velocidade superior à da luz. De um modo semelhante, em 1992 o físico alemão G. Nimtz enviou informação (fotões) através de um túnel e verificou uma velocidade quatro vezes superior à da luz.

Desde logo, o dogma de Einstein — o do limite superior da velocidade da luz no universo — foi quebrado por verificação e confirmação. E depois, a experiência de Aspect teve uma segunda consequência importante: a demonstração de que as leis que regem o universo são válidas apenas para aspectos físicos parciais, e por isso são anuláveis em um determinado ponto. E dado que não podemos meter o universo inteiro dentro de um laboratório científico, temos uma grande dificuldade em saber como a Totalidade organiza esses aspectos físicos parciais.

Muito antes dessas experiências supracitadas, o físico David Bohm tinha concebido a “teoria do potencial quântico”, segundo a qual os “quanta” são concebidos como uma enorme rede, dentro da qual as partículas elementares podem “saber” imediatamente (fora do espaço-tempo) e sem delongas o que as outras partículas vão fazer, ou o que estão a fazer.

Ou seja, temo-nos de concentrar no Todo, e não nas partes — e por isso é que Sartre é um burro carregado de livros.


(Os verbetes desta série — “A Questão da Medicina e a Morte como Questão”, de Sofia Reimão — podem ser lidos sob esta categoria).

Quinta-feira, 16 Setembro 2010

A insustentável e insuportável leveza dos erros repetidos pela demência de esquerda

« Simone Beauvoir disse que foi na China que a alienação da mulher desapareceu. A vida privada deixou de ser problema. O amor deixou de ser problema. Não há divergências, não há conflitos, excepto o conflito entre o velho e o novo, violentamente superado pelo novo triunfante, sem oposição, sem hipocrisia. A ordem é liberdade. O futuro é harmonia. »

Edgar Morin, “Do Mito Chinês”, 1961


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Sexta-feira, 4 Setembro 2009

A alienação ideológica do conceito de “necessidade natural”

No seu livro “Questões de Método”, Jean-Paul Sartre referiu-se, num pequeno trecho que cito abaixo, sobre a “necessidade” do ser humano face às condições específicas em que nasce e vive.

« Para nós, o Homem caracteriza-se, antes de mais, pela superação de uma situação, por aquilo que ele consegue fazer do que dele fizeram, ainda que ele nunca se reconheça na sua objectivação.

Esta superação, encontramo-la na raíz do humano, e, em primeiro lugar, na necessidade: é ela que conduz, por exemplo, a escassez da população feminina das ilhas Marquesas, como facto estrutural de grupo, à poliandria como instituição matrimonial.

Com efeito, esta escassez não é uma simples carência: da forma mais crua, exprime uma situação na sociedade e já pressupõe um esforço para superá-la; a mais rudimentar das condutas deve determinar-se tanto em relação aos factores reais e presentes que a condicionam, como em relação a um certo objecto ulterior a que ela tenta dar vida. »

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Sexta-feira, 30 Novembro 2007

O Existencialismo (1)

Devo dizer que não gosto do existencialismo, e portanto não sou insuspeito na minha opinião. Vou tentar falar do existencialismo de uma forma que a maioria entenda, isto é, dizendo mal dele.
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