— Edgar Morin, “Do Mito Chinês”, 1961
Bom… Longe de estar eu de acordo com Edgar Morin em grande parte da sua teoria, ele tem a vantagem de nos dar um olhar crítico sobre a História do século XX, baseando-se na sua experiência pessoal. Edgar Morin conviveu de perto com a intelectualidade francesa (e mesmo europeia e americana) depois da II Guerra Mundial; é uma testemunha privilegiada e possui uma autoridade de facto (para além da autoridade de direito) para fazer a crítica da mente revolucionária a partir do segundo quarto do século XX — embora ele próprio se diga de esquerda e marxista depois de ter sido expulso do Partido Comunista Francês em 1951.
Simone Beauvoir acreditava naquilo que dizia da mesma forma que um integrista islâmico acredita nas 72 virgens do paraíso destinadas aos Shahid ou mártires islâmicos. Contudo, essa fé e essa crença de gente como Beauvoir e Sartre — para além do pederasta Michel Foucault que defendeu publicamente e de viva-voz a legalização da pedofilia, e de outros herdeiros da Escola de Frankfurt — foram, por exemplo, determinantes para a insurreição estudantil de Maio’68 em Paris. E sabemos como o Maio’68 e a comuna estudantil de Paris influenciou a cultura europeia até hoje. E não é preciso ser muito inteligente para constatar que grande parte das ideias políticas que ainda hoje nos atormentam partiram do mais puro absurdo — como a própria citação de Beauvoir revela.
O que é a China, hoje? Quando a um casal chinês é proibido, pelo Estado, ter mais que um filho, poderemos dizer que a alienação da mulher desapareceu ? Onde está a vontade e a liberdade da mulher ? E, neste sentido, o amor deixou de ser problema ? E, do ponto de vista social, político, cultural e religioso, deixou de haver conflitos na China ? Evidente que não.
Sobre Sartre, escreveu Edgar Morin:
Podemos verificar que a mente revolucionária europeia — a esquerda europeia — não só errou, como os seus erros tiveram consequências gravíssimas, não só ao nível do apoio ideológico e intelectual a regimes políticos sanguinários e revolucionários que oprimiram e assassinaram milhões dos seus próprios cidadãos, como também determinaram decisivamente o desenvolvimento da política social e cultural a que assistimos hoje na Europa, adoptada pelo leviatão europeu com sede em Bruxelas.
“A busca sempre recomeçada da arca da aliança revolucionária”, por parte da mente revolucionária de esquerda, traduz-se hoje já não no apoio a uma China comunista que não existe, mas em relação às engenharias sociais e à imposição coerciva e mesmo violenta do politicamente correcto (ou marxismo cultural) nas sociedades europeias — seja através de políticas multiculturalistas que alienam a identidade cultural dos povos; seja através do controlo populacional usando o método do aborto livre que é um argumento absurdo idêntico ao utilizado por Simone Beauvoir acerca da “liberdade da mulher” na China; seja através da obliteração cultural do valor do casamento que, passando a ser tudo (acolhendo o “casamento” gay e, dentro de algum tempo, a poligamia, a poliamoria e a bestialidade), passa a ser nada; seja transferindo para o Estado muito do poder paternal inerente à lei natural; etc.
Portanto, podemos todos ver que a essência da história das ideias revolucionárias é sempre a mesma, embora hoje com outros protagonistas. “A busca sempre recomeçada da arca da aliança revolucionária” é eterna porque é uma doença mental que atinge determinadas pessoas; não tem cura. Assim como Cipolla escreveu que a percentagem de estúpidos em circulação nas diversas sociedades é sensivelmente a mesma em todas elas, porque a estupidez é uma característica inata de uma percentagem mais ou menos constante da humanidade, assim a demência revolucionária é uma característica intrínseca de uma determinada percentagem de doentes mentais geneticamente revelados.
A única solução que temos para lidar com a mente revolucionária é isolar essa gente e não lhes prestar a mínima atenção — ou pelo menos, dar-lhes o valor que de facto merecem. Devemos tratar um revolucionário como tratamos um bipolar agudo ou um esquizofrénico violento (ou um gay): com tolerância mas sem prestar muita atenção às suas crises existenciais e demenciais.
A demência da esquerda apenas mudou os nomes dos protagonistas. O que a esquerda faz hoje é impôr às sociedades europeias o Presentismo, que é a tentativa de erradicar a memória histórica — tal qual sempre fez o integrismo radical islâmico em relação a tudo o que ameaça o seu dogma — para que as pessoas não se lembrem dos erros que se repetem e que têm invariavelmente os mesmos protagonistas: a esquerda, o marxismo e respectivos derivativos epistemológicos.
Orlando, creio que o inimigo que julgo queremos derrotar não pode ser combatido sem que se divulgue qual o seu objectivo, as suas armas, as suas técticas e em que frentes nos ataca.
A maricagem, a esquerda, o feminismo e outras aberrações são apenas meios, não o fim.
É preciso ver a árvore mas também a floresta.
Concedo que não é fácil, mas não vejo outra maneira.
Ou tem receio que os seus leitores não possuem capacidade de encaixe?
Eu teria!
Mas insisto: considere o risco e as vantagens até porque receio não haver muito mais tempo.
Um à parte: em assembleia com alguma elite da ICAR constatei que pura e simplesmente não se pode contar com “ela” (a ICAR). Meninos de côro, ignorantes e desinteressados. Não é à toa que isto chegou onde chegou. Os alegados “pastores” apenas servem para ordenhar as “ovelhas”. Não lhes indicam os melhores pastos nem sequer as protegem dos “lobos”.
A “coisa” depende muito mais de si do que dessa malta.
Pense nisto!
Força!
GostarGostar
Comentar por Pedro Marcos — Quinta-feira, 16 Setembro 2010 @ 10:17 pm |