perspectivas

Sexta-feira, 21 Julho 2023

Torna-se difícil escrever

Ainda há poucos anos, aparecia, de vez em quando, um anormal; hoje, a anormalidade é a regra.

Ora, nas actuais circunstâncias, em que quase tudo é anormal, é praticamente impossível escrever acerca da anormalidade.

diogo-faro-web

agir-webTodas as épocas exibem os mesmos vícios; mas nem todas mostram as mesmas virtudes: em todos os tempos há tugúrios, mas os palácios estão reservados apenas para algumas épocas.

Vivemos em um tempo de tugúrios morais, onde até os palácios se transformaram em fojos.

Torna-se difícil distinguir o humano, da besta. As próprias instituições tornaram-se paulatinamente irracionais — a começar pela Igreja Católica, por exemplo, quando ouvimos um recém cardeal português afirmar que “a Igreja não pretende converter os jovens”… ou quando ouvimos um primeiro-ministro dizer que “os portugueses nunca viveram tão bem como hoje”, negando assim a realidade imposta pelos factos… hoje, os factos são um instrumento de poética pessoana aplicada à política; para a classe política, em geral, não há factos: apenas há interpretações de factos — e “como vivemos em democracia, cada um interpreta os factos como quiser!”


«Narrar é enganar-se, porque narrar repousa sobre factos; e não há factos, mas apenas impressões. Certos argumentos são bem feitos; é isso que é verdade.

Não há factos, só interpretações de factos. Quem narra factos, só pode ter a certeza de que corre o risco de errar nos casos, no que narrou, e na maneira de o narrar. Quem só interpreta, dispensa um dos riscos. Certos argumentos são bem feitos, porque os factos são apenas os argumentos.»

Fernando Pessoa (“O Sentido do Sidonismo”)


o cardeal de merda webEsta ambiência, de confusão acerca dos factos, foi propositadamente criada pelas elites contemporâneas, porque sabem que o homem vulgar admira mais o que é confuso do que aquilo que é complexo. Estamos em presença de puro trabalho do Demo.

 aquecimento global assintomatico web

Essa é uma das razões por que a classe política vem eliminando a matemática do currículo escolar. O cidadão anódino mistura “confusão” e “complexidade”: as ideias confusas (propaladas pelas elites, como por exemplo o conceito de “CO2 como gás perigoso”) e as águas turvas parecem, ao vulgo humano, ser profundas.

Ora, neste ambiente [cultural, político] irracionalizado torna-se difícil exercer o nosso sentido crítico — porque teríamos que criticar quase tudo e, neste contexto, a crítica deixa de fazer sentido.

A quem pergunte, angustiado: ¿o que te calha escrever hoje? — respondamos, com probidade, que hoje só nos cabe (a nós, todos) uma lucidez impotente. O pensamento que reage à irracionalidade institucionalizada é impotente, embora lúcido: para quem parece ser incapaz de renunciar à análise do absurdo, aquele que renuncia parece-lhe impotente.

Quarta-feira, 31 Maio 2023

A “neutralidade liberal” é uma grande treta, a maior aldrabice da modernidade

“Também como Rawls, Nozick termina seu livro representando a sociedade justa como moralmente libertária ao extremo, negando implicitamente a legitimidade de leis que proíbem práticas como a prostituição e a venda de drogas viciantes.”

Uma aproximação do pensamento de Nozick a Rawls.


alianca liberal webRecentemente, o liberal Carlos Guimarães Pinto (do partido IL [Iniciativa Liberal]) escreveu no Twitter que, em Portugal, os imigrantes indostânicos condutores de táxis (TVDE) não deveriam ser obrigados a falar a língua portuguesa. Ou seja: para o Carlos Guimarães Pinto, “os portugueses que se f*dam!”

Temos aqui um exemplo de uma pretensa “neutralidade” do Estado liberal que age em nome de uma alegada defesa da liberdade individual — uma “liberdade individual” radical que provoca, na sociedade, uma anomia e uma atomização social que, mais tarde, conduzirá inexoravelmente a uma qualquer formação de massa totalitária (Hannah Arendt).

neutralidade-liberal-webEm uma sociedade em que não exista um paradigma maioritária- e geralmente aceite do que é a “vida boa” (vida boa = postulado de orientação ética e moral, e de sentido de vida) que oriente o indivíduo e o colectivo, só lhe resta a busca frenética pelo interesse próprio e um utilitarismo exacerbado. Rawls (liberal de esquerda) e Nozick (libertário de direita) são defensores deste tipo de sociedade. O Carlos Guimarães Pinto obedece caninamente ao último dos dois.

Mas esta neutralidade ética e moral dos liberais e dos libertários é uma treta — como bem demonstraram MacIntyre e Sandel. A invocação (liberal) de neutralidade ética e moral do Estado é uma forma que os liberais encontraram de colocar em causa a legitimidade de um determinado paradigma cultural (clássico), na tentativa de impôr à sociedade um outro paradigma cultural, diferente mas disruptivo, e em nome de uma determinada concepção de “progresso” — uma concepção ideológica romântica da História que entende o progresso como uma lei da Natureza.

Neste contexto, o Estado liberal também não é eticamente neutro. Por exemplo, Michael Sandel [“Liberalism and the Limits of Justice”] defende a ideia de que o Estado não deve intervir no tema do aborto se se demonstrar ser verdadeira a doutrina moral que concebe o aborto como um assassínio. Ou seja, a neutralidade do Estado acerca do aborto só é admissível se se demonstrar que o aborto não é um assassínio e, por conseguinte, neste contexto o Estado deverá deixar o indivíduo exercer o direito ao aborto.

Esta aparente neutralidade do Estado liberal/libertário em relação a um paradigma clássico de “vida boa” é liberticida, embora agindo paradoxalmente em nome da liberdade — porque ignora as restrições que a liberdade deve impôr a si própria para não se auto-destruir. Por exemplo, a mentalidade liberal igualitarista da socialista Isabel Moreira nunca entenderá que os horrores modernos que a ela repugnam são o [lado do] avesso das falácias que ela admira.

Quinta-feira, 18 Maio 2023

O liberalismo actual é liberticida, mas em nome da “liberdade”

Filed under: Iniciativa Liberal,liberalismo,utilitarismo — O. Braga @ 11:58 am
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John Rawls foi o precursor da versão igualitarista do liberalismo que influenciou os partidos socialistas ditos “democráticos”; mas também influenciou partidos ditos “liberais” que se dizem de Direita apenas porque defendem a propriedade privada (como é o caso do IL [Iniciativa Liberal]).

Haveria que distinguir entre liberais clássicos, por um lado, e libertários e utilitaristas, por outro lado; mas esta distinção raramente é feita. (more…)

Quarta-feira, 15 Fevereiro 2023

Duvidar do progressista é o único progresso

Segundo os progressistas, o conceito de “liberdade” é próprio da “extrema-direita”; ou seja, quem clama por liberdade, é fassista.

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O progressista actual, que se preze, luta contra a liberdade — contra a “liberdade política”, segundo o conceito de Hannah Arendt.

“Só um fassista inclui a liberdade política no seu ideário” — dizem os progressistas. “A liberdade é um valor fassista”.

Não tarda muito e veremos também o partido IL (Iniciativa Liberal) a afirmar peremptoriamente (já o faz de forma velada, imitando o Bloco de Esquerda) a negação da liberdade política, em nome do progresso. O “libertarismo” do IL (Iniciativa Liberal) é autoritarista, não admite correntes internas.

O progresso imbeciliza o progressista do IL (Iniciativa Liberal), de um modo tal, que o torna incapaz de ver a imbecilidade do progresso.

Segundo os progressistas, o progresso é a antítese da liberdade. A humanidade constata, com horror, que o progresso se vai tornando incurável.

Dizem eles que “não é possível ser progressista e, simultaneamente, defender a liberdade”: progresso e liberdade são (alegadamente) noções contraditórias.

Mais repulsivo do que o futuro que os progressistas involuntariamente preparam, é o futuro com que sonham: um totalitarismo a nível global.

É neste contexto, por exemplo, que os progressistas portugueses criam um novo Bilhete de Identidade (Cartão de Cidadão) com informações biométricas incrustadas — o precursor do sistema de Crédito Social chinês. O futuro preconizado pelos progressistas é uma emulação do totalitarismo chinês.

Duvidar do progressista é o único progresso.

Sábado, 31 Dezembro 2022

A consequência do controlo da Esquerda neomarxista sobre a “Direita liber(an)al”: a desindustrialização da Europa

Os fabricantes europeus de automóveis estão já a reavaliar os seus futuros investimentos, devido aos altíssimos preços da energia.

A desindustrialização da Europa é real, e os moinhos de vento e os painéis solares da utopia não irão resolver o problema — e tudo isto graças à acção política eficaz dos neomarxistas (que incorporam, na ideologia, o utilitarismo, conforme conselho de Peter Singer) acolitados pelos liber(an)ais [de tipo IL (Iniciativa Liberal)].

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agenda 2030 webA questão é a seguinte: ou adoptamos o nuclear, a prospecção do gás natural (incluindo o “fracking), e as hidroeléctricas — ou vamo-nos f*der todos!

Ora, é isto que a Esquerda neomarxista pretende: que nos f*damos todos ! — para que, perante uma crise extrema, exista a real possibilidade de um assalto revolucionário e totalitário ao Poder; e, entretanto, os liber(an)ais [tipo IL (Iniciativa Liberal)] fazem aquilo que sabem fazer melhor: dar o ânus. São os “idiotas úteis” de Lenine.

A ler: “The energy crisis risks dooming the electric car” (em alternativa, ler aqui em PDF).

A Esquerda neomarxista, e os “eculogistas liber(an)ais” — apresentaram (absurdamente) o automóvel eléctrico como solução (abstrusa e milagrosa) para a invenção (globalista e internacionalista) do “veneno do CO2”; mas é precisamente a “solução” que a Esquerda apresentou que inviabiliza a sua própria solução, porque aumentam os preços da energia que irá alimentar os automóveis eléctricos.

Entretanto, o número de pessoas que poderão comprar um automóvel eléctrico aproxima-se do limite possível: andar “montado” em uma viatura, no futuro da utopia eculógica, será uma realidade apenas reservada à elite neomarxista — e quiçá, para alguns liber(an)ais —: o resto do povo irá a pé ou de bicicleta (à boa maneira da China da década de 1960), obrigado à distopia da “cidade 15 minutos”.

Ou seja, a estratégia dos neomarxistas (ajudados pelos liber(an)ais) é a de limitar a mobilidade do povão — mantê-lo controlado dentro dos “15 minutos” da cidade; e mesmo a elite que tiver automóveis eléctricos não irá muito longe, uma vez que as redes públicas de abastecimento eléctrico tornam-se cada vez mais caras e não-confiáveis. Vão ter que carregar a bateria do carro em suas próprias casas e a preços astronómicos.

No último ano, os preços dos automóveis eléctricos novos aumentaram em média 36%, e a oferta (no mercado) de automóveis eléctricos usados é já superior à procura: o automóvel eléctrico constitui apenas cerca de 3% da procura retalhista de automóveis.

Votos de um Bom Ano Novo.

Terça-feira, 23 Agosto 2022

A Isabel Moreira, e a “presidenta” da república em “top-less”

Filed under: Isabel Moreira,liberalismo,Marcelo Rebelo de Sousa — O. Braga @ 10:09 pm

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O liberal, em primeiro lugar, degrada o valor dos símbolos (neste caso concreto: degrada-se o valor do símbolo do Chefe de Estado); para depois poder nivelar por baixo.

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“Onde o terrorismo e a pornografia prosperam, o liberal rende-lhes homenagem em nome da liberdade de consciência.”Nicolás Gómez Dávila

Quinta-feira, 7 Julho 2022

A Europa que é apenas das elites: na União Europeia, matar crianças passou a ser um “direito humano”

O parlamento europeu adoptou ontem uma “Resolução” que define a matança de seres humanos nascituros e inocentes como um “direito humano”. Matar gente, agora, é “direito humano”.

Estamos já próximos do nazismo.

O próximo “direito humano” europeu, defendido pela Esquerda acolitada pelos liberais, será o infanticídio: chegará o dia em que matar uma criança já nascida fará parte do trivial dia-a-dia, nesta Europa das elites.

Segunda-feira, 16 Maio 2022

O diálogo político torna-se impossível, porque a irracionalidade volta a estar na moda

¿Existe, na Constituição portuguesa, um “direito ao aborto”? Resposta: não existe.

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Sábado, 30 Abril 2022

Ser liberal, em Portugal, é sinónimo de “ser burro”.

Filed under: Insurgente,liberalismo,neoliberalismo — O. Braga @ 6:16 pm
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O “insurgente” — militante do partido IL (Iniciativa Liberal) — que escreveu no Twitter (antes das últimas eleições americanas) que o Joe Biden seria muito melhor presidente do que o Donald Trump.

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Os factos não o deixam mentir: os Estados Unidos estão (literalmente) a entrar pelo cano.

“Ser liberal”, em Portugal, é sinónimo de “ser burro”. Burro, mas de nariz empinado e sorriso jumental!


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Sábado, 23 Abril 2022

A obsessão liberal pela “igualdade” é o fundamento do novo totalitarismo

A busca pela “igualdade total” impõe um totalitarismo neognóstico que, através da ideologia, pretende alterar/modificar a estrutura fundamental da Realidade. igualdade novo totalitarismo web

“O gnosticismo é um sistema de crenças que nega e rejeita a estrutura da realidade, particularmente a realidade da natureza humana, e substitui-a por um mundo imaginário construído por intelectuais gnósticos e controlado por activistas gnósticos.”

Eric Voegelin

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Quinta-feira, 10 Fevereiro 2022

Cotrim, o peixe da costa: outro que está obcecado com o “centro”

Filed under: liberalismo,neoliberalismo — O. Braga @ 10:46 am
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Rui Rio andava obcecado com o centro político, seguiu as indicações de José Pacheco Pereira e levou uma banhada eleitoral. O próximo será o Cotrim, o peixinho da costa (¿ou o peixe do Costa?).

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Terça-feira, 28 Setembro 2021

O presidente dos Estados Unidos que os liberais portugueses gostam

Filed under: economia política,João Bidé,liberalismo — O. Braga @ 10:06 am

Os liberais portugueses — os do partido IL – Iniciativa Liberal — detestavam Donald Trump; e, em contraponto, já gostam do João Bidé.

Eis uma frase do Bidé que o o novo liberalismo respeita religiosamente:

“A minha agenda política do "Building Back Better", no valor de 3,5 biliões de dólares, não tem qualquer custo para o cidadão”.

É disto que os liberais gostam! O QI deles não dá para mais!

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