perspectivas

Domingo, 23 Abril 2023

Eles mentem !

Filed under: economia política,Esquerda,Iniciativa Liberal — O. Braga @ 4:42 pm

“Esquerdistas empedernidos citam a posição de Adam Smith favorável ao imposto sobre heranças, como se as desigualdades de nascimento (…)”

Desigualdade de nascimento e imposto sobre heranças


Eu desafio, a quem quer que seja, que me identifique, em alguma obra de Adam Smith, uma frase ou sentença em que este se manifeste claramente favorável a um imposto sobre as heranças de propriedade privada.

Na “Riqueza das Nações” [Gulbenkian, 1989, 444], Adam Smith escreveu (mutatis mutandis) que aquele homem que não tivesse mais do que o seu corpo para alimentar e os seus braços para trabalhar, não poderia viver a obrigação do “sobre-trabalho” sem o qual não há lucro, senão como uma forma de “violência” — o que levou a que Karl Marx escrevesse (“A Santa Família”) que “é assim que Adam Smith polemiza algumas vezes contra os capitalistas”.

O que Adam Smith pretendeu dizer é que o trabalho escravo não é moral- e economicamente justificável; mas certamente não quis dizer que as heranças sobre a propriedade privada devessem ser abolidas.

É certo que Adam Smith deu prioridade à utilidade, em detrimento da liberdade [“Lectures on Jurisprudence”, Oxford Uni., 1978]— o que acontece hoje com a Esquerda utilitarista [incluindo o IL (Iniciativa Liberal)].

Ou, melhor dizendo: tendo de escolher expressamente entre a utilidade e a liberdade, Adam Smith escolhia a utilidade — o que, aliás, estava na moda, na época, sob influência das ideias de Bentham —, ao contrário do que acontecia com David Hume que dava primazia à liberdade.

Tudo isto levou a um abuso de interpretação das teses de Adam Smith, por parte da Esquerda (como fez Karl Marx).

Por exemplo, da crítica moral à “ordem esclerosada e hipócrita” da sociedade de tradição cristã (idem), feita por Adam Smith, não se pode honestamente inferir que ele pretendesse acabar com as heranças.

Terça-feira, 21 Junho 2022

Eu continuo um crítico desta União Europeia

Filed under: economia,economia política,Globalismo,Portugal,União Europeia — O. Braga @ 6:32 pm

Quem lê este blogue sabe que eu sou contra o federalismo europeísta defendido pela grande maioria dos políticos portugueses — uns de uma forma aberta, como por exemplo, Paulo Rangel; e outros de uma forma dissimulada e hipócrita, como Marcelo Rebelo de Sousa. A política portuguesa está controlada pela maçonaria irregular (de origem francesa), que impõe à política o federalismo europeísta que exige a construção de um leviatão à imagem da China (sinificação).

A principal razão por que sou contra o federalismo europeísta é a de que este obedece a uma lógica globalista (não confundir “globalismo” com “globalização”). Este globalismo faz a síntese entre o conceito trotskista de “internacionalismo”, por um lado, e por outro lado, o conceito de “capital global”: existe uma síntese política entre a chamada “esquerda marxista” (no sentido de Trotski) e a “direita capitalista-burguesa globalista” (no sentido de George Soros, ou Bill Gates).


bill gates socialismo  web

Podemos definir “burguesia” como todo o conjunto de indivíduos insatisfeitos com o que têm e muito felizes com o que são: neste sentido, a burguesia é mais um “ethos” de um tipo de sociedade que surgiu da revolução industrial, e menos uma classe social estanque e definível.

É neste sentido que muitos políticos actuais (por exemplo, Assunção Cristas, ou Teresa Caeiro) dizem que “já não existe esquerda e direita”.

A União Europeia do Euro só terá a minha simpatia quando promover a primazia da indústria autóctone europeia.

O “esquerdista” [por exemplo, o militante do Bloco de Esquerda ou do Partido Socialista] é alguém que repudiou as virtudes da “burguesia progressista” [por exemplo, o militante do IL (Iniciativa Liberal)] sem repudiar os seus vícios; hoje, a dicotomia política não é tanto entre a burguesia e o proletariado [como era no século XIX e início do século XX], mas entre quem paga impostos, por um lado, e a classe que vive à custa deles, por outro lado.

O marxismo foi a última ideologia honesta produzida pelo optimismo burguês.

Voltemos à “vaca fria”: a plutocracia globalista é controlada por aquilo a que Fernando Pessoa chamou de Grupo dos Trezentos. A União Europeia, ao serviço do Grupo dos Trezentos e depois da implementação do Euro, destruiu o tecido industrial dos países do sul da Europa — nomeadamente, Portugal e Grécia (por exemplo, o fim do Acordo Multifibras desindustrializou Portugal).

A destruição de grande parte do seu tecido industrial foi o preço que Portugal pagou para entrar na zona Euro.

Grande parte da produção industrial portuguesa foi transferida para países de fora da Europa — por exemplo, China, Indonésia, Marrocos, etc..

Desde a entrada de Portugal no Euro (2000) — e com a deslocalização da produção portuguesa para países terceiros, que conduziu a um aumento da pobreza real do país —, a classe política portuguesa tentou sempre a quadratura do círculo: por um lado, pretendia que a sociedade (incluindo o Estado) gastasse mais do que podia (défices sistémicos e aumento da dívida, por exemplo, nos países do sul da Europa), e, por outro lado, pretendia manter a inflação baixa (uma exigência da Alemanha de Angela Merkel).

Para conseguir isto, o BCE [Banco Central Europeu] entrou em "Quantitative Easing" e na compra das dívidas nacionais, por um lado, e por outro lado, os países da zona Euro passaram a comprar “tudo feito” e muito barato na China — e os produtos consumíveis mantinham-se baratos, enquanto que os valores dos activos (por exemplo, imobiliário) subiam de uma forma desproporcionada em relação aos seus valores reais.

Este fenómeno europeu ("Quantitative Easing" + desindustrialização dos países + bolha imobiliária) entrou também na lógica do aumento da despesa do Estado — e, neste sentido, há aqui uma aliança entre George Soros e Bill Gates, por um lado, e Catarina Martins e António Costa, por outro lado: são as grandes empresas multinacionais e as burocracias estatais que beneficiam das políticas federalistas da União Europeia, e são as pequenas e médias empresas dos pequenos países (por exemplo, Portugal) que vão sendo destruídas por esta União Europeia do leviatão.

A União Europeia do Euro só terá a minha simpatia quando promover a primazia da indústria autóctone europeia.

Segunda-feira, 18 Abril 2022

O arquétipo mental sinuoso e soviético da Raquel Varela

Filed under: economia política,Raquel Varela — O. Braga @ 11:07 am

Diz a Raquel Varela que, se subirmos os salários dos portugueses, não será por isso que acontecerá inflação.

« A frase “se subirmos o salário subimos a inflação” de António Costa, apoiada e repetida em vários comentários públicos, e entre eles economistas, não tem qualquer valor científico-económico. Se subirmos o salário sem subir os preços não sobe a inflação. O que se faz é usar e abusar da iliteracia económica da população.»

→ Raquel Varela : “Subir os salários não sobe, necessariamente, a inflação”

E, até certo ponto, ela tem razão: por exemplo, o Donald Trump aumentou os rendimentos (salários) dos cidadãos americanos (em geral), e a inflação manteve-se em menos de 2% enquanto ele foi presidente dos Estados Unidos; mas o Donald Trump conseguiu esse aumento dos salários para o povo com a redução de impostos sobre o trabalho — e não com o aumento brutal de dinheiro impresso em circulação, como está agora a fazer o socialista João Bidé.

Ora, para a Raquel Varela, a redução de impostos é heresia.

E, portanto, se excluirmos a redução de impostos, só existem duas soluções para o problema do aumento dos salários: ou o aumento da produtividade na economia portuguesa (que também não causa inflação), ou o aumento do dinheiro impresso em circulação na economia (o que, em princípio, não é permitido pelo BCE [Banco Central Europeu]), mas que causa inflação ou mesmo estagflação.

Há uma terceira hipótese: descapitalizar as empresas portuguesas através de um aumento de salários por decreto-lei, e levá-las à falência. Desta forma, a Raquel Varela ficaria feliz ao ver realizado, em Portugal, o seu sonho da reconstrução da União Soviética.

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Quinta-feira, 14 Abril 2022

Vem aí uma recessão económica na zona Euro. E quem se lixa é o mexilhão.

Filed under: ecofascismo,ecofundamentalismo,economia política,Globalismo — O. Braga @ 10:31 am

Com uma recessão económica na zona Euro, toda a gente vai perder — incluindo os países da OPEP.

O aumento do preço do petróleo já vinha de antes da invasão da Rússia à Ucrânia: a Esquerda, na União Europeia (que inclui os partidos sociais-democratas e mesmo o partido da “direitinha” de Angela Merkel ), conseguiu guindar artificialmente o preço do Brent para os 100 US Dollars o barril — este é o preço “fetiche” do petróleo preconizado pelos antónios guterres deste mundo…

O Brent teve um aumento de 28% desde há três meses (ainda não havia guerra)… um aumento de 61% no último ano (ainda não havia guerra)…e apenas 1% no último mês (depois da invasão russa da Ucrânia). Portanto, os grandes aumentos do crude já se verificavam antes da guerra na Ucrânia.

Os actuais preços dos combustíveis (nas bombas) são artificiais, ou seja, foram criados e fomentados pela elite globalista que controla os Estados.

Por outro lado, a chamada “bazuca” da União Europeia (mais "Quantitative Easing" na zona Euro) soma-se à inflação natural causada pelo aumento artificial dos preços dos combustíveis. A elite globalista está a f*der o nível de vida dos povos da Europa, causando propositadamente uma inflação cujas consequências são difíceis de quantificar neste momento, e com o intuito de potenciar mais-valias e sacar da economia à fartazana.

O resultado da sobreposição da inflação causada pelo aumento artificial dos combustíveis + a inflação propositada causada pelo "Quantitative Easing" brutal (a “bazuca” europeia), é uma recessão que se aproxima.

Tomem nota. Vem aí uma tempestade perfeita. E quem se lixa é o mexilhão.

Quarta-feira, 2 Fevereiro 2022

Eu penso que o Polígrafo mente

Filed under: André Ventura,CHEGA,economia política,imposto é roubo — O. Braga @ 9:55 am
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Eu lembro-me de receber comissões adicionais ao fim do ano (o chamado “prémio anual de produtividade”) de cerca de 5.000 Euros, e de pagar, de IRS, cerca de 40% sobre esse valor ao Estado. O valor do imposto vinha mesmo discriminado na folha de salário.

Outro exemplo: um proprietário de um imóvel (por exemplo, um apartamento) pode pagar cerca de 30% de IRS sobre o valor das rendas que aufere (contrato de arrendamento). Por isso é que anda tanta gente a fugir aos contratos registados nas Finanças. Ora, um proprietário de um apartamento não é necessariamente rico.

O problema do Polígrafo — e da Esquerda, em geral — é que considera que quem ganha mais do que 1.500 Euros mensais já é rico (com excepção dos funcionários do Estado, que são sempre considerados “pobres”, mesmo que tenham rendimentos milionários); mas acontece que os impostos directos (neste caso, o IRS) pagos pelos funcionários do Estado são simples “transferência de caixa”: o dinheiro sai de um bolso do Estado, e entra noutro bolso do Estado; não é dinheiro fresco, como é o dinheiro do IRS pago pelos trabalhadores do sector privado da economia.

Eu não sou economista, e gostaria de ter uma opinião especializada sobre esta mentira do Polígrafo.

Quarta-feira, 27 Outubro 2021

As leis de mercado não se aplicam em Portugal

Filed under: economia política,Portugal — O. Braga @ 5:18 pm

Durante os dois recentes confinamentos pandémicos, o consumo de combustíveis fósseis, em Portugal, baixou drasticamente.

Se as leis de mercado (a lei da oferta e procura) funcionassem em Portugal, então, as margens de comercialização dos combustíveis baixariam, ou, pelo menos, seriam mantidas na mesma margem — para compensar a perda da procura do mercado, e para fomentar o consumo; mas não foi isso que aconteceu.

Durante os confinamentos, as margens de comercialização dos combustíveis, aumentaram. E este é apenas um exemplo de como Portugal não é permeável às leis do mercado.

O “empresário” português está habituado a matar a “galinha dos ovos de ouro”; e depois queixa-se ao Estado que o sustenta.

Terça-feira, 28 Setembro 2021

O presidente dos Estados Unidos que os liberais portugueses gostam

Filed under: economia política,João Bidé,liberalismo — O. Braga @ 10:06 am

Os liberais portugueses — os do partido IL – Iniciativa Liberal — detestavam Donald Trump; e, em contraponto, já gostam do João Bidé.

Eis uma frase do Bidé que o o novo liberalismo respeita religiosamente:

“A minha agenda política do "Building Back Better", no valor de 3,5 biliões de dólares, não tem qualquer custo para o cidadão”.

É disto que os liberais gostam! O QI deles não dá para mais!

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Terça-feira, 21 Setembro 2021

A ESQUERDA CHUMBA BAIXA DO PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

Filed under: economia,economia política — O. Braga @ 2:24 pm

Terça-feira, 7 Abril 2020

A iliteracia económica do José Pacheco Pereira

“Quando se ouve alguém colocar a ênfase no funcionamento da economia em detrimento da saúde pública estamos no domínio da pura política. O mesmo se passa com os mecanismos dos apoios e recursos disponíveis, que podem favorecer os de cima ou os de baixo.”

José Pacheco Pereira

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A narrativa (crítica) segundo a qual “a avozinha tem que morrer para se salvar a economia” é a “sineta do leproso” do iletrado em economia [os leprosos traziam consigo sinetas para chamar à atenção para a sua (deles) presença, e para atrair a dádiva de esmolas].

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Segunda-feira, 30 Julho 2018

Quem me dera um Donald Trump em Portugal

Filed under: Donald Trump,economia política — O. Braga @ 6:12 pm

 

Para os odeiam Donald Trump: a economia americana está a crescer a mais de 4% por ano. Eu não me importava de ter o Donald Trump como primeiro-ministro de Portugal.

 

Segunda-feira, 23 Julho 2018

O Bloco de Esquerda e o trabalho reprodutivo

 

Chamaram-me à atenção para esta espécie de texto, cujos factos relatados são irremediavelmente falsos. Porém, toda a ideologia tem direito a manipular os factos e a falsear a realidade. E o Bloco de Esquerda não foge à regra.

O que é chocante, no referido textículo, é o conceito de “trabalho reprodutivo”: o termo é de uma crueza inaudita. O Bloco de Esquerda considera como sendo “trabalho” (no sentido económico moderno) o acto de parir e de criar um ser humano. Se isto não fosse sério, seria histriónico. E depois vem o Bloco de Esquerda para a praça pública dizer que defende a natalidade…

O que é espantoso (e nauseabundo) é que o “amor de mãe” (através do conceito de “trabalho reprodutivo”) seja reduzido pelo Bloco de Esquerda a uma “actividade animal”, ao conceito de “trabalho” segundo Karl Marx.

A redução de toda a actividade humana a “trabalho”, é assustadora; é semelhante ao conceito neoliberal de “não há almoços grátis” do “católico” João César das Neves (tão católico que ele é, que até anda caladinho acerca da acção política do papa Chico).

Segundo os modernos (que incluem a Catarina Martins e o João César das Neves), o objectivo do trabalho (que vem do latim “tripalium”, um instrumento de coacção através do qual se prendia o gado) é a transformação da Natureza num sentido útil para o Homem, tendo em vista as suas necessidades. Ou seja, o que não é útil, não é trabalho (e por isso é que “não há almoços grátis”); e, assim sendo, o acto de parir e de criar uma criança passa a ser considerado “útil” pelo Bloco de Esquerda, e é neste contexto que este partido diz “defender a natalidade”.

Porém, assim como há actividades remuneradas às quais é difícil chamar “trabalho”, assim há actividades desinteressadas cuja motivação principal reside no prazer que nos proporcionam. Desta forma, é possível distinguir as actividades socialmente úteis, e chamar de “trabalho” apenas aquelas que estão associadas à produção de bens e serviços necessários à vida; e, que eu saiba, um ser humano não é um “bem e serviço”, nem a sua mãe é uma “parideira industrial”.

A mundividência oficial do Bloco de Esquerda é de tal forma repulsiva que me causa náuseas.

Essa mundividência oficial do Bloco de Esquerda reflecte-se no conceito de “totalitarismo”, segundo Hannah Arendt no seu livro “Entre o Passado e o Futuro” (editora Relógio D’ Água, 2006, páginas 110 a 118).

Segundo a experiência da Hannah Arendt, o sistema totalitário difere do clássico autoritarismo político (por exemplo, o Salazarismo) porque se constrói (analogamente) através do chamado “sistema da cebola”: a liderança e o seu núcleo político encontra-se no centro da “cebola” que tem várias camadas até à superfície táctil.

A acção política da liderança e do núcleo duro do sistema totalitário é iniciada a partir de centro da organização para o exterior, e não a partir de cima para baixo como acontece no autoritarismo que tem uma estrutura piramidal e cujo poder do líder autoritarista é justificado por uma realidade que transcende a própria sociedade (Deus).

As camadas intermédias da “cebola” totalitária consistem em uma extraordinária diversidade de partes legais e clandestinas do movimento totalitário que se entre-cruzam e se intercomunicam ― organizações do partido, membros de um ou de mais partidos com idêntica sensibilidade política, sindicatos e agremiações profissionais, as formações da elite política e a máquina do Estado que inclui organizações policiais e para-policiais, etc., ― que estão relacionadas de tal modo entre si, que cada um desses centros de poder ou dessas organizações formam uma “fachada numa direcção”, e o “centro noutra direcção”.

Isto significa que o papel “do mundo exterior normalíssimo e corriqueiro do dia-a-dia do partido” é desempenhado por uma das faces, o que dá ao Bloco de Esquerda uma aparência pública vulgar e normal, e até relativamente consentânea com a generalidade dos conceitos do senso-comum ― enquanto que noutra face e/ou nas camadas mais inferiores, o radicalismo extremo vai aumentando à medida que se aproxima do centro da “cebola”. Esse radicalismo bloquista pretende a mudança revolucionária da natureza do ser humano por intermédio de engenharias sociais.

É neste contexto que devemos entender o conceito bloquista de “trabalho reprodutivo”.


Segundo a mesma Hannah Arendt, poderíamos também assumir a distinção de Aristóteles entre “teoria” (especulação), “práxis” (acção), e “poiesis” (fabricação, trabalho): nesta perspectiva, o trabalho seria a actividade humana mais próxima da animalidade, da necessidade biológica em virtude da sua finalidade consistir em satisfazer as nossas necessidades; nesta perspectiva, a lei do trabalho é a reprodução indefinida de objectos e dos actos consumados para os reproduzir, a repetição monótona do ciclo produção-consumo. Esta visão do trabalho está bastante próxima da visão de Karl Marx, segundo a qual “o trabalho é o resultado de um projecto consciente e voluntário, dado que a actividade animal é instintiva”.

O que é espantoso (e nauseabundo) é que o “amor de mãe” (através do conceito de “trabalho reprodutivo”) seja reduzido pelo Bloco de Esquerda a uma “actividade animal”, ao conceito de “trabalho” segundo Karl Marx.