1/ A ideia segundo a qual “as palavras mudam o mundo”, e que por isso “são necessárias novas palavras para o mundo mudar” — para além de ser uma clara recusa do Realismo (que orienta, por exemplo, a ciência), é um absurdo (quando é defendido hoje, pelo marxismo cultural, que “o conhecimento directo dos símbolos da linguagem difere de indivíduo para indivíduo”, e que, por isso, é necessário fracturar ou desmultiplicar as categorias dos símbolos da linguagem de forma a adequá-los às múltiplas diferenças individuais).
Em 1910, Bertrand Russell (na sua obra “Principia Mathematica”) colocou a nu o absurdo do que é defendido hoje pelo marxismo cultural no domínio da linguagem e em nome da chamada “inclusão”, nomeadamente uma tal Cristina Roldão formada pela Madrassa do ISCTE.
Na medida em que diferentes pessoas têm conhecimento directo de diferentes objectos — se cada palavra não tivesse apenas um significado (que é aquele que corresponde ao objecto que existe na experiência directa da pessoa que fala), esta pessoa nunca poderia comunicar com os outros. Ora, a chamada “Interseccionalidade”, na medida em que pulveriza os símbolos da linguagem, é a recusa deste princípio.
Paradoxalmente, segundo Bertrand Russell, a linguagem só pode exercer a sua função de comunicação sendo imperfeita e ambígua, e as categorias simbólicas da linguagem não devem ser pulverizadas em nome de uma putativa “perfeita adequação a cada individuo”.
O que a Esquerda marxista cultural defende hoje é a dificultação da comunicação entre os indivíduos, paradoxalmente em nome de putativos “direitos do indivíduo”; o solipsismo passou a ser uma característica do indivíduo culturalmente controlado pela Esquerda marxista cultural; é o absurdo daquilo que a Theodore Dalrymple chama de “individualismo sem individualidade”, porque a individualidade esbate-se radicalmente perante uma espécie de “individualismo colectivo”. A validação cultural de uma híper-subjectividade simbólica, defendida por esta Esquerda, destrói a comunicação inteligível entre as pessoas — que é, aliás, a sua principal intenção.

2/ Outra preta matumba escreve aqui:
“Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo” (Wittgenstein)
Para Wittgenstein, não é pensável nem exprimível (pela linguagem) aquilo que não for um facto do mundo (falta aqui saber o que é um “facto do mundo”, do ponto de vista objectivo e lógico), o que não significa que todos os “factos do mundo” sejam igual- e necessariamente exprimíveis pela linguagem — porque não é possível definir a Realidade. Quem pretende assumir a tarefa de (paulatinamente) ir definindo a realidade, ou é louco, ou é marxista cultural (os dois termos podem não ser sinónimos).
Escreve Wittgenstein (“Philosophical Investigations”):
“O significado de uma palavra é o uso que ele tem na linguagem” (sic).
Ou seja, para Wittgenstein, se passarmos a chamar “pedra” a um “elefante”, o significado da palavra “pedra” passa a ser “elefante” [a semântica, segundo Wittgenstein, é irrelevante; e, segundo ele, “a linguagem é um jogo” (sic)].
Acerca de Wittgenstein, estamos conversados.
Para Wittgenstein, na linguagem não existem símbolos, mas apenas sinais que são arbitrariamente reconfiguráveis de acordo com os nossos caprichos e urgências narcísicas (o caso dele, o narcisismo gay).
Por isso é que a Esquerda marxista cultural cita amiúde o homossexual Wittgenstein — porque alguém (Wittgenstein) que tem pretensões de conciliar um empirismo [alegadamente “anti-metafisico” (a burrice do “filósofo” não tem limites)] nominalista radical, por um lado, e a hiper-subjectividade de uma espécie de “poeta gay”, por outro lado, é sempre um ponto de referência dos pós-modernistas. Wittgenstein é uma contradição com pernas, embora paralítico.
Se [como é, para Wittgenstein] o “pluralismo linguístico” [implícito na linguagem dita “inclusiva”] significa um “relativismo linguístico”, então não é possível uma inteligibilidade na linguagem, por um lado, e por outro lado a possibilidade de inter-relação entre as “linguagens” fica comprometida.
A Esquerda está a trabalhar afincadamente para a redução da comunicação interpessoal, o que se traduz em uma agenda política totalitária (a promoção, através da cultura, de um novo tipo de anomia).
3/ Não é possível eliminar, da linguagem, os conceitos depreciativos (os insultos) — porque, ao contrário do que defendeu Wittgenstein quando concebeu a linguagem como um “jogo”: em boa verdade, a linguagem é um meio e não um fim em si mesma —, a não ser instituindo um totalitarismo.
É isto o que os discípulos da madrassa ISCTE defendem: um novo tipo de totalitarismo, o Totalitarismo de Veludo.
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