perspectivas

Quinta-feira, 2 Dezembro 2021

A referendofobia do comissário político Daniel Oliveira

ODaniel Oliveira (um dos comissários políticos do Totalitarismo de Veludo que se vai instalando entre nós) tem uma notória aversão aos referendos políticos. Mas não só ele: outros comissários políticos (do regime autoritarista que floresce por entre a bonomia sorridente manifesta do monhé), como por exemplo o José Pacheco Pereira, têm horror aos referendos — porque a prática dos referendos políticos coloca em causa o conceito politicamente correcto e esquerdóide de “ditadura da democracia representativa”, que substitui actualmente o conceito estalinista de “democracia popular”.

“Existe, nos sectores mais conservadores da sociedade, a convicção de que são guardiões da moral e que nem os eleitos têm legitimidade para pôr em causa as suas convicções. Sempre que um tema os incomoda, seja a interrupção voluntária da gravidez ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, exigem referendos.”Daniel Oliveira

Para os comissários políticos do Totalitarismo de Veludo, a democracia representativa legitima a imposição da vontade arbitrária das elites (mediante a coerção política e através da força bruta do Estado) sobre o povo, sem que este tenha qualquer meio circunstancial de defesa. O conceito (propositadamente) enviesado de “democracia representativa” é utilizado (pelo Totalitarismo de Veludo) para promover a “evolução da opinião pública” no sentido de uma cada vez maior concentração de Poder no Estado, retirando progressivamente ao povo qualquer tipo de alvedrio.


Num dos seus livros, Karl Popper explicou o conceito de “evolução da opinião pública”: quando as elites (ruling class) pretendem impôr ao povo uma determinada mundividência esdrúxula e/ou revolucionária, conseguem passar legislação apostando na “evolução da opinião pública” através da sonegação de informação (sub-informação), da propaganda carregada de emoção (pseudo-informação), e através da injecção de doses massivas de informação que causem uma dissonância cognitiva generalizada na população, dando origem a uma espiral do silêncio.


daniel_oliveira-webjpgPara justificar esse horror aos referendos, os comissários políticos do Totalitarismo de Veludo praticam amiúde o que, em psicologia, se chama de “projecção da culpa”: Daniel Oliveira culpa os que ele considera ser os seus inimigos políticos, daquilo que ele próprio pratica:

[os conservadores] “acham que os temas que lhes são politicamente caros não são política, apesar do debate ser sempre sobre leis e o papel do Estado. A escolha de cada um não é política, a forma como essa escolha é regulada e limitada pela lei e pelo Estado é o âmago da política. A escolha de cada um é uma questão de consciência, o resto é o que de mais político pode existir. E elegemos deputados também para nos representarem nestas decisões.” (idem)

Imagine o leitor que um determinado partido político (por exemplo, o Bloco de Esquerda), e por absurdo que seja (trata-se, aqui, de um exemplo hiperbólico), inclua as seguintes “promessas” no seu programa eleitoral:

1/ aumento do salário mínimo para 3.000 Euros mensais (líquidos);

2/ proibição do partido CHEGA e restrição da liberdade de expressão e informação, em nome do combate ao “fassismo”;

3/ imposição do crioulo de Cabo Verde como língua oficial na zona da Grande Lisboa;

4/ legalização da eutanásia a pedido do freguês, e independentemente de qualquer doença ou sem qualquer tipo de doença.

Através da mentira sistematizada em relação aos “benefícios” do voto, o Totalitarismo de Veludo vai reforçando o Poder do Estado e restringindo as liberdades, em nome de um determinada ideia de “democracia representativa”.

¿Alguém duvida que este programa seria massivamente votado?

Claro que os 3.000 Euros mensais líquidos de salário mínimo seria uma promessa não cumprida, mas o que interessa é a “evolução da opinião pública”: através da mentira sistematizada e generalizada em relação aos “benefícios” do voto na “democracia representativa”, os comissários políticos do Totalitarismo de Veludo vão paulatinamente reforçando o Poder do Estado e restringindo as liberdades, em nome de um determinada ideia de “democracia”.

É isto o que o comissário político Daniel Oliveira representa.

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