O que o João Miranda diz
aqui é que as PPP — (Parcerias Público-privadas) são apenas
intermediárias de um negócio realizado entre o Estado português e a Banca internacional. Ora, essa intermediação custa dinheiro ao Estado. Portanto, faz todo o sentido, numa situação de dificuldade financeira do Estado, que a intermediação das PPP — (Parcerias Público-privadas) seja eliminada [provavelmente com uma indemnização].
Conclui o João Miranda que, se as PPP — (Parcerias Público-privadas) forem à falência porque o Estado português está com dificuldades financeiras, o Estado terá então que se entender com os credores internacionais. Pois bem, é isso mesmo que terá que ser feito: revisão dos contratos e, caso seja necessário, os tribunais internacionais existem para este tipo de coisas.
Depois, o João Miranda entra em contradição com o que afirmou anteriormente no mesmo postal quando diz que “não pagar PPPs é o mesmo que fazer default à dívida pública” — para além de ser uma conclusão errada. Quando qualquer Estado do mundo pretende renegociar qualquer contrato com privados, isso não significa automaticamente uma declaração de “default”.
O João Miranda esquece-se ou ignora que o enquadramento legal em que se movem as empresas e a Banca — sejam estas nacionais ou internacionais — tem origem e causa políticas. Ao contrário do que o João Miranda parece pensar, é a política que determina o enquadramento legal em que as companhias se movem. As companhias não actuam em roda livre, embora possa parecer que isso aconteça.
A estratégia argumentativa do espertalhão João Miranda, a favor da continuidade do negócio chorudo e imoral das PPP — (Parcerias Público-privadas), revela duas coisas: a primeira, a imoralidade e a falta de sensibilidade social do próprio João Miranda, o que é uma anormalidade; e em segundo lugar, faz parte da estratégia política bovinotécnica que consiste em tratar o cidadão comum como gado em curral. E tudo isto é feito em nome da “liberdade”.
[ ficheiro PDF do texto bovinotécnico ]