perspectivas

Domingo, 21 Outubro 2012

As falácias bovinotécnicas do Blasfémias

O risco que corremos é, na realidade, o de aniquilarmos a economia, o país e os seus cidadãos, para acudirmos ao crónico e histórico (mas ultimamente mais “monstruoso”) problema orçamental do Estado.

Por muito que se diga que há sempre alternativas, elas – as alternativas viáveis e realisticamente operativas – não se vislumbram, clara e satisfatoriamente. Da parte da sociedade civil há, com efeito, uma reação natural de quem asfixia. Porém, também não se ouvem alternativas consistentes, ou mesmo, simplesmente realistas e fundamentadas.

via Entre mortos e feridos…* « BLASFÉMIAS.

Falei, no postal anterior, das duas principais falácias lógicas do discurso político actual veiculado pela pseudo-informação dos me®dia : a falácia ad Baculum e ad Misericordiam. Porém, podemos verificar, neste texto em epígrafe, mais três falácias lógicas me®diáticas: o argumento ad Nauseam, a falácia da Falsa Dicotomia, e o Circulus in Demonstrando.

A falácia da Falsa Dicotomia resume-se nisto: “não há alternativa possível à política económica de Passos Coelho: ou Passos Coelho, ou o caos”.
[Le Peuple, C’est Moi!]

Acontece que as alternativas existem, mas “não cairiam bem” nem na Comissão Europeia, nem no governo de Angela Merkel, e nem nas elites da utopia portuguesa da construção do leviatão europeu. E essas alternativas não são necessariamente sinónimo de caos: o mais que podem ser é sinónimo de uma certa hostilidade diplomática em relação a esta União Europeia, por um lado, e a procura diplomática de soluções que não estão hoje a ser equacionadas (fora da União Europeia).

O argumento ad Nauseam é esta pseudo-informação, em si mesma, que se repete até à náusea. E depois temos o Circulus in Demonstrando, que funciona assim:

1/ com a actual política económica, corremos o risco de aniquilar a economia;

2/ mas não existem alternativas a esta política económica suicida de Passos Coelho.

3/ Por isso, não temos outro remédio senão corrermos o risco de aniquilar a economia.