perspectivas

Sexta-feira, 17 Fevereiro 2017

Portugal, o Euro, e o Índice de Desenvolvimento Humano

 

No mesmo ano em que teve lugar o referendo do Brexit, os políticos da União Europeia (incluindo Angela Merkel) andavam entretidos a importar dois milhões de imigrantes islâmicos. E depois ficaram admirados porque o Brexit ganhou. Um dos que ficou surpreso foi o insurgente.

Por vezes pergunto-me se esta gente tem cérebro; não percebem que são eles próprios — é a sua própria existência — que alimentam a Marine Le Pen e quejandos. Viktor Orbán, da Hungria, não teria tanto sucesso político se a Angela Merkel tivesse tido filhos, e não tivesse o síndroma da mãe sem filhos que vê nos imigrantes os filhos que ela não teve.

Quem está a destruir a União Europeia, em primeiro lugar, são os políticos defensores da União Europeia e do Euro. Escreve o Insurgente:

“O fim do euro, que acontecerá caso Marine Le Pen vença em França, o regresso tão desejado do escudo, que trará inflação, reduzirá salários, aumentará a pobreza, trará aflição para muitos. Mas servirá também de pretexto. As causas facilmente se apontarão ao estrangeiro. Seremos pobres, estaremos aflitos, não em virtude do Governo da geringonça mas por responsabilidade da Europa que se auto-liquidou.”

vesgoPortugal está no Euro, e no Índice de Desenvolvimento Humano, Portugal está no lugar 43.

Está abaixo de Malta e da Grécia; está abaixo da Lituânia e da Estónia; está abaixo da Eslovénia, da Islândia (que não está no Euro) e da Irlanda. Mas Portugal está no Euro.

Isto significa que, a julgar pela tese do insurgente, se o Euro acabar, Portugal passará para o nível do Burkina Fasso em termos de Índice de Desenvolvimento Humano. Ou seja, se dentro do Euro Portugal está no lugar 43 do Índice de Desenvolvimento Humano, fora do Euro estará aí por um lugar perto do 100.

“Ou o Euro, ou o caos” — diz o Insurgente.

E depois queixa-se da existência da Marine Le Pen ou do Viktor Órban (que não está no Euro). E dizem que o Brexit destruiu o Euro, mesmo sabendo que o Reino Unido não adoptou o Euro.

Terça-feira, 28 Junho 2016

A teoria da “Escócia independente e dentro da União Europeia”

 

Os me®dia, na sequência do Brexit, têm propagandeado a ideia segundo a qual a Escócia quer ser independente e aderir à União Europeia. Esta notícia é veiculada todos os dias nos me®dia para enganar o parolo português.

A Escócia tem uma população de 5 milhões de almas, uma dívida de 150 mil milhões de Euros, e sobretudo, um défice anual de 15 mil milhões de Euros. Com estes números, duvido que Angela Merkel aceite a adesão à União Europeia de uma “Escócia independente”. Mas os me®dia continuam a mentir.

Domingo, 12 Junho 2016

Mais vale arrebentar, para começar de novo. O que começa mal, tarde ou nunca se endireita.

Filed under: Política — O. Braga @ 9:46 am
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Sábado, 11 Junho 2016

A favor da reintrodução de taxas alfandegárias em Portugal

Filed under: Política — O. Braga @ 1:41 pm
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1/ Se a perfeita liberdade de mercado consiste em uma completa ausência de influência política na actividade económica, então segue-se que nenhum mercado pode ser livre. Neste sentido literal, a liberdade de mercado é uma utopia.

2/ Não existe nenhuma razão para preferir a liberdade de mercado, senão quando ela patrocina e fomenta o desenvolvimento de uma determinada sociedade. Quando a liberdade de mercado é sinónimo de definhamento da economia de uma nação, não há nenhuma razão objectiva para a adoptar. O PIB português actual não é real porque é baseado em dívida, e a economia portuguesa tem sofrido um definhamento objectivo pelo menos desde a entrada de Portugal no Euro.

3/ A liberdade contratual tem sempre que ter em conta os custos e benefícios das partes nos contratos. As taxas alfandegárias fazem parte desses custos — desde que esses custos sejam iguais para todos e não privilegiem ninguém em particular. Concebidas neste sentido, as tarifas alfandegárias não deformam os preços; e dada a igualdade em todas as transacções, elas não afectarão o consumo de forma a reduzir benefícios.

4/ As taxas alfandegárias não se focam especificamente naquilo que é importado, mas preocupa-se com o facto de que, seja o que for que seja importado, tenha que pagar o preço de entrada no mercado.

5/ A função de qualquer governo é a de estabelecer regras para uma interacção económica e social, e penalizar as infracções. Sem regras, não há jogo económico.

Quinta-feira, 9 Junho 2016

O João César das Neves é incoerente

Filed under: Política — O. Braga @ 11:27 am
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“Vivemos hoje em Portugal uma das situações mais terríveis e perturbadoras da humanidade: a lenta gestação de uma catástrofe. No futuro, quando olharem para o nosso tempo, as pessoas terão muita dificuldade em entender a apatia nacional que conduziu ao colapso de 2017-2018. Nessa altura muitos perguntarão como foi possível tal cegueira, ignorando os verdadeiros problemas, até se cair na ruína? Nós temos a resposta a este terrível enigma em directo e ao vivo.

César das Neves, no DN


O João César das Neves perde a razão quando se coloca do lado do federalismo da União Europeia.

A União Europeia tem um discurso anti-nacionalista, mas defende uma “nação” europeia federalista: “o nacionalismo é mau” — dizem os burocratas da União Europeia; mas a “nação” da União Europeia é boa. No entanto, o mal-estar está já instalado na Europa, devido ao despotismo dos burocratas de Bruxelas.

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Aparentemente, a única razão por que a Esquerda diz que “a União Europeia não é socialista”, é devida à relação que a União Europeia tem com a propriedade privada. Mas, como escreveu G. K. Chesterton, ‘Demasiado capitalismo’ não significa a existência de muitos capitalistas, mas antes significa a existência de poucos capitalistas.

A União Europeia bloqueia o pequeno e médio capitalismo e protege os grandes monopólios plutocratas transnacionais — o que significa que a independência material dos cidadãos em relação ao Estado é transferida para uma dependência material em relação a oligarquias. Por exemplo, em França, apenas 5.000 pessoas controlam o país inteiro de 60 milhões de pessoas, ligadas pela academia e pelo casamento.

A luta final dos marxistas europeus consiste na transferência da dependência material dos cidadãos para o Estado (porque os outros pressupostos do socialismo, a destruição da religião e da família, na cultura antropológica, já foram atingidos na União Europeia). Mas o João César das Neves continua a ser europeísta.

O outro problema é a democracia, que alimenta o parasitismo social e uma cultura de irresponsabilidade. Ou seja, a democracia é o instrumento da Esquerda para submissão total do cidadão ao Estado, o que significa a negação da democracia.

O objectivo da Esquerda é acabar com a democracia, utilizando a democracia.


«A nossa civilização corre o risco de ficar submersa como a Grécia (Atenas) sob a extensão da democracia, de cair inteiramente nas mãos dos escravos, ou então de ficar como Roma, não nas mãos de imperadores filhos do acaso e da decadência, mas de grupos financeiros sem pátria, sem lar na inteligência, sem escrúpulos intelectuais e sem causa em Deus.

O único antídoto para isto é uma lenta aristocratização

→ Fernando Pessoa

Segunda-feira, 30 Maio 2016

O José António Saraiva pensa que a Suíça é um país sem futuro

 

Ao ler um artigo do José António Saraiva, ia concordando com ele até que surgiu o seguinte parágrafo:

“Neste momento, Portugal só tem dois caminhos: ou sair da UE e regressar ao escudo (com a extrema-esquerda e os sectores esquerdistas do PS a liderar, assumindo uma vocação terceiro-mundista), ou continuar na UE e aceitar a globalização. Mas, para isto, é preciso inverter rapidamente a marcha”.

Ou seja, para o José António Saraiva, a Suíça (por exemplo; ou a Dinamarca, ou a Noruega, ou a Inglaterra, etc.) é um país do terceiro-mundo — porque a Suíça não adoptou o Euro e não pertence à União Europeia. Segundo o José António Saraiva, a Suíça é um país controlado pela Esquerda radical e que não tem futuro.

O que se passa é que uma certa “direita” já desistiu de Portugal, e projecta na União Europeia e no Euro a salvação do país (o novo Encoberto). Faz parte desta “direita” o Partido Social Democrata, o CDS/PP, o José António Saraiva como o João César das Neves. Essa direita já não acredita em Portugal, e raciocina assim:

“Dado que a Esquerda radical — incluindo uma parte do Partido Socialista — tem grande votação em Portugal, o país é um caso perdido. A única forma de salvar Portugal é fazer com que as orientações políticas e económicas sejam impostas coercivamente a partir da estranja.”

Porém, e simultaneamente, essa “direita” do José António Saraiva, que critica o grande Poder do Estado na sociedade, é a mesma que defende que as escolas privadas devem ser financiadas pelo Estado.

Podemos chamar à “direita” do José António Saraiva a “direita esquizofrénica”.

Essa “direita” não conseguiu convencer o povo acerca das virtualidades do Estado mínimo — porque, o povo não é burro e verificou que, para essa “direita”, o Estado só deve ser mínimo para os outros: para quem pertence ao clube privado dessa “direita”, o Estado é máximo!. E foi assim que o Bloco de Esquerda, que estava em extinção, atingiu os 10% nas últimas eleições.

Precisamos de uma nova Direita que acredite em Portugal; que pense na União Europeia e no Euro como meios para atingir fins, e não como fins em si mesmos. A Esquerda radical só pode ser derrotada se existir uma oposição que acredite em Portugal.

Sábado, 30 Abril 2016

Sol na eira e chuva no nabal

Filed under: A vida custa — O. Braga @ 10:45 am
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O Partido Socialista de António Costa e o Bloco de Esquerda da filha do bombista, querem sol na eira e chuva no nabal: querem pertencer ao Euro e não cumprir as regras do Euro. Ao menos, o Partido Comunista é coerente.

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Sexta-feira, 15 Abril 2016

Sobre Portugal e o Euro

Filed under: economia — O. Braga @ 11:48 am
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A economia não é uma ciência exacta, ou melhor, não pode ser sujeita literalmente ao método das ciências da natureza — tal como acontece também com as chamadas “ciências sociais”. Obviamente que em economia há estatísticas que permitem estabelecer algumas leis; mas essas estatísticas são feitas no passado, e as variáveis são de tal forma vastas que qualquer previsão económica corre sempre muitos riscos de falhar.

Um Insurgente refere-se aqui a uma entrevista de João Ferreira do Amaral em que este defende a saída de Portugal do Euro.

Europa do Euro 400 webNão há qualquer garantia de que se Portugal permanecer no Euro, ou se Portugal sair do Euro, o nosso país terá um futuro mais risonho.

Permanecer do Euro ou sair dele é uma decisão política — porque as estatísticas de 15 anos de Euro revelam que as vantagens e desvantagens da permanência de Portugal no Euro se equivalem. Já não estamos aqui a falar de economia, mas antes de opções políticas e, obviamente, ideológicas.

João Ferreira do Amaral mencionou alguns factos (e contra factos não há argumentos). Por exemplo, com Portugal no Euro a crescer entre 1% e 1,5%, o país não tem viabilidade; é um país que não tem futuro. Este é um facto matematicamente verificável, em função do valor da dívida total do país. Quem defende, ainda assim, a permanência de Portugal no Euro, toma uma opção política, e não económica: sacrifica determinados valores para beneficiar outros valores.

Por outro lado, também não há quaisquer garantias de que, saindo Portugal do Euro, Portugal começaria automaticamente a crescer 3% por ano, permitindo assim o pagamento da dívida e juros, o decréscimo do desemprego e a sustentabilidade das despesas do Estado. Mas a experiência demonstra-nos que a permanência de Portugal no Euro levou ao endividamento e à descapitalização da economia portuguesa. Isto são factos. Porém, a experiência demonstra-nos que o soberanismo, entendido apenas isoladamente e sem uma renovação cultural, não é garantia de crescimento económico (como podemos ver no actual Brasil de Dilma).

Permanecer no Euro ou sair dele é escolher entre dois males — porque não há qualquer garantia de que cada um deles funcione para um melhor Portugal futuro. É uma decisão política que esta geração de políticos terá que assumir, para o bem ou para o mal de Portugal, e que ficará para a História.

Quarta-feira, 23 Março 2016

¿É possível salvar a União Europeia?

Filed under: Europa — O. Braga @ 1:28 pm
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1/ É possível ainda salvar a União Europeia e o Euro, mas extremamente difícil.

Depois dos atentados bombistas recentes em Bruxelas, o BREXIT parece inevitável. O que é possível salvar, é o que resta, são os cacos; mas para isso é preciso uma reforma política das instituições da União Europeia — o que parece quase uma impossibilidade objectiva, porque a própria dinâmica das actuais instituições não permite essa reforma (o objecto de uma reforma não se pode reformar a si mesmo).

Essa reforma política das instituições europeias seria tão profunda como, por exemplo, implicar eleições directas (em todos os países da Europa) do presidente da comissão europeia; a composição do parlamento europeu seria o reflexo dessa eleição, tal como acontece no Congresso dos Estados Unidos.

2/ Já vimos que a actual política de “portas abertas” em relação aos ditos “refugiados” está a destruir a União Europeia.

Isto significa que a Esquerda (que inclui os Partidos Socialistas da Europa, para além de Angela Merkel) teria que fazer concessões à opinião pública, em uma atitude de bom-senso; mas esperar bom-senso da parte da Esquerda, é utopia. Imaginar que o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista e o Partido Socialista de António Costa possam rever parcialmente as suas posições em relação à importação em massa de “refugiados”, é sonhar acordado.

3/ A União Europeia teria que ir contra a actual política dos Estados Unidos de Obama na Síria — o que significa que teria que ir contra a concepção política da Esquerda europeia em relação à Síria, porque os esquerdistas são os idiotas úteis ou serviçais dos americanos. Isto passa pelo apoio ao presidente sírio Bashar al-Assad como parte da solução do problema sírio e do combate ao Daesh. Imaginar que algum dia isto possa acontecer, é imaginar o impossível.

Por isso, salvar a União Europeia é extremamente difícil.

A actual posição dos Estados Unidos em relação à Europa

Filed under: Política — O. Braga @ 12:33 pm
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Conferência com George Friedman, em Fevereiro de 2016: “a União Europeia acabou”.

Quinta-feira, 17 Março 2016

O mito do João César das Neves acerca do Euro

Filed under: A vida custa — O. Braga @ 11:17 am
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Segundo o raciocínio do João César das Neves, na Suíça, por exemplo, que não pertence ao Euro, “o Estado rouba os cidadãos regularmente, desvalorizando o dinheiro para beneficiar empresas exportadoras ineficientes”. Naturalmente que dirão que “a Suíça não é Portugal”.

Em sociologia e em política, um “mito” é uma representação colectiva estereotipada ou um preconceito social predominante.

O que o João César das Neves nos diz (implicitamente) é que o povo português é ontologicamente inferior ao povo suíço — seja o que for o que “povo suíço” signifique; Fernando Pessoa dizia que a Suíça, tal como a Bélgica, é uma pseudo-nação, porque “lhe falta a base linguística para mostrar ao mundo que tem personalidade”.

Ou seja, o João César das Neves adoptou um mito, mas critica os mitos dos outros. O mito adoptado pelo João César das Neves é o de que Portugal é um país inviável fora do Euro. E este mito está presente desde 1974, e sucedeu a outro mito do Estado Novo segundo o qual Portugal era um país maior do que a Europa inteira. Passamos do oitenta para o oito.

Sexta-feira, 11 Março 2016

Assobiar e chupar cana

Filed under: economia — O. Braga @ 9:51 am
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O BCE [Banco Central Europeu] pretende que os Bancos assobiem e chupem, ao mesmo tempo. O dinheiro não circula, porque os custos potenciais de circulação do dinheiro são superiores ao prejuízo de ter o dinheiro parado.

Por exemplo, eu prefiro ter um carro usado do que vendê-lo a crédito ao mendigo profissional que me pede uma moeda na rua: o prejuízo de ver o meu carro desvalorizar com a passagem do tempo é inferior ao prejuízo potencial de vendê-lo a quem eu penso que não o pode pagar.

Imaginemos um cano de água na nossa cozinha: tem um furo, e pinga água. Por mais água que metamos no cano, o furo não deixa de pingar. Ou seja, injectar mais dinheiro no sistema monetário não resolve o problema que o estrangula.

Imaginemos, também, caro leitor, que V. Exª acredita que o dinheiro valerá no futuro o mesmo que vale hoje; ou seja, tem a certeza de que a economia não muda. V. Exª seria estúpido se poupasse ou se investisse o seu dinheiro na economia real — porque se o dinheiro vale hoje o mesmo que valerá certamente amanhã, o mote será o carpe Diem: “bota e vira” a gastar! Ou seja, em vez de criar riqueza, o dinheiro destrói a economia e a possibilidade de criação de riqueza.

¿Qual a solução para o problema?

Este problema do Euro tem que ser resolvido nível nacional, em cada país do Euro. Não há “uma solução para todos”. A Finlândia, por exemplo, começa a discutir a sua permanência no Euro, porque esse país está em recessão há quatro anos seguidos; como não pode desvalorizar o Euro, a Finlândia está a cortar nos salários como forma de equilibrar a sua competitividade nas exportações.

Em Portugal, a situação é mais complicada. A saída do Euro (sem alívio da dívida) levaria a um novo PREC [Processo Revolucionário em Curso] elevado ao cubo, e possivelmente a um golpe-de-estado.

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