perspectivas

Quinta-feira, 13 Julho 2023

O Anselmo Borges e a teologia radical

Filed under: Anselmo Borges,cristianismo — O. Braga @ 9:53 am

“Para aligeirar o barco cristão que naufraga nas águas modernistas, a teologia liberal desfez-se da divindade de Cristo, e a teologia radical desfaz-se hoje da existência de Deus.”

(Nicolás Gómez Dávila)


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Terça-feira, 24 Maio 2022

Theodore Dalrymple e o conceito de "Maoísmo Emocional"

Um recente ensaio de Theodore Dalrymple fala-nos da “cultura da emoção” — a que ele chama de "Maoísmo Emocional":

“The modern taste for emotional exposure partakes of two seemingly disparate currents: First, the kind of psychotherapy according to which all contents of the mind must be outwardly expressed for fear of turning inwards and causing a mental abscess of unexpressed thoughts and emotions that eventually bursts. Second, it reflects a kind of emotional Maoism, according to which people have the social duty to confess their emotions to the multitudes”.

non binary human webPorém, não é possível falar em "Maoísmo Emocional" sem procurar (sumariamente) as suas causas culturais (em uma espécie de “epistemologia da cultura ocidental”) com raízes na Alta Idade Média católica, nomeadamente em Pedro Abelardo (que, para o efeito, “retorceu” algumas teses de Santo Agostinho) e na sua “ética da intencionalidade”: segundo Abelardo, apenas a intenção moral é susceptível de qualificação, qualquer que seja o acto exterior.

Hiperbolizando: por exemplo, eu mato o meu vizinho e depois digo que o acto hediondo foi justificado por uma boa intenção que consistia em salvá-lo das garras da tirania da sua (dele) esposa. Ou o assassino pós-moderno que diz ao juiz: “Eu não tenho culpa, senhor dr. juiz, porque não tive intenção: a culpa é dos meus genes!”.

O “acto exterior” — segundo Pedro Abelardo —, sendo sempre moralmente indiferente, é bom ou mau apenas em função da intenção alegada pelo agente que o pratica [pro intentionis agentis]; e, por isso, nenhuma acção humana — nem mesmo a crucificação de Jesus Cristo — pode ser classificada (a priori) como “má”, “não sendo importante o que se faz, mas o espírito no qual se faz” [Dialogus].

Por outro lado, Pedro Abelardo invoca o mesmo argumento de São Bernardo de Claraval segundo o qual pode acontecer que façamos o que Deus quer sem que a nossa intenção seja a de cumprir a vontade divina [a chamada casuística”, que foi adoptada nomeadamente pelos jesuítas na Contra-Reforma, justifica um crime pelo motivo (intenção) segundo o qual se cometeu, por um lado, e por outro lado atribuiu à Providência Divina o propósito (ou a vontade) de uma determinada má acção humana (São Bernardo de Claraval)].

Quando (alegadamente, segundo São Bernardo de Claraval, Pedro Abelardo e os jesuítas, ou seja, os iluminados que conhecem antecipadamente as intenções de Deus) Deus ordena as nossas acções (mesmo contra a nossa vontade), pode acontecer que não agimos bem ainda que se realizem coisas boas segundo a vontade divina.

Este conceito (a casuística) dá muito jeito a psicopatas como o papa Chico. Aliás, praticamente toda a ética do papa Chico é baseada na casuística e no intencionalismo (doutrina da indiferença dos actos externos) de Pedro Abelardo.

De acordo com a “doutrina da indiferença dos actos externos” (de Pedro Abelardo), por mais que o ser humano faça o que Deus quer que ele faça, somente a boa intenção (que é subjectiva, por definição) torna a acção “boa” [está aqui a génese teorética, que se baseia em passagens bíblicas retiradas de contexto, do conceito de sola fide dos protestantes].

Para Pedro Abelardo e segundo a sua doutrina da indiferença dos actos externos (intencionalismo), a necessidade do desejo natural exclui a noção de “pecado”: por exemplo, (hiperbolizando) se um homem sente necessidade e um desejo natural de ter relações sexuais com um cavalo, o prazer natural que ele sentir é inocente desde que ele racionalmente não consinta [Ethica] — temos aqui a justificação do papa Chico para as relações sexuais homossexuais, invocando uma suposta  “necessidade natural”.

O intencionalismo (de Pedro Abelardo, mas não só) tem como base um cepticismo em relação ao conhecimento objectivo da ordem moral, o que, em compensação, dá lugar a uma (pretensa) autenticidade e uma (suposta) sinceridade do acto da vontade humana (subjectivismo).

O intencionalismo subjectivista esteve na base do Romantismo que surgiu na Idade Clássica e se prolongou pela Idade Moderna, e que atingiu a sua expressão mais absurda com o pós-modernismo.

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Finalmente: outra origem cultural do "Maoísmo Emocional" pós-moderno é o da tradição da confissão pública católica durante a Alta Idade Média: no fim da missa católica medieval, os fiéis católicos confessavam publicamente (alta voz e em bom som) os seus pecados aos outros membros da sua comunidade; ou seja, a confissão dos pecados era pública. Só a partir do século XVI e com a Contra-Reforma, a confissão católica passou a ser privada e secreta, com a utilização dos confessionários individuais.

Porém, a tradição católica da “confissão pública” foi retomada pelo Romantismo dos séculos XVIII e XIX (embora já despojada das vestes culturais da religião cristã) com o conceito político de “auto-crítica” pública que foi bastamente aplicada (nomeadamente) pelos regimes marxistas da modernidade.

Sábado, 25 Dezembro 2021

What Child is This? — (Fr. Mark Goring, CC)

Filed under: cristianismo,Igreja Católica,milagre,natalidade — O. Braga @ 3:44 pm

Segunda-feira, 6 Janeiro 2020

A contrição do Anselmo Borges “Pachamama”

Filed under: Anselmo Borges,cristianismo,papa Chico,papa-açorda — O. Braga @ 6:11 pm

“O diálogo entre os comunistas e os católicos tornou-se possível desde que os comunistas falsificam Marx e os católicos deturpam Cristo”

→ Nicolás Gómez Dávila


papa-chico-montagem-webO Anselmo Borges “Pachamamalamenta aqui que “o marxismo não seja [hoje] um guia para quase ninguém”; e que, por isso, “há um grande vazio” e que “o que agora existe é uma grande inesperança/desesperança”. E quando o marxismo era um guia para muita gente — diz o Anselmo Borges “Pachamama” — “havia futuro: era uma sociedade que, apesar dos problemas, tinha futuro e tinha projectos de longo alcance”.

Por outro lado, o Anselmo Borges “Pachamama” critica ferozmente o passado histórico [da Europa], e faz o elogio da utopia futurista dos “amanhãs que cantam” — confundindo a utopia da imanência do Escathos  com o próprio Deus :

«Aquele Deus de quem o teólogo Karl Rahner disse que é "o Futuro Absoluto", Futuro de todos os passados, Futuro de todos os presentes, Futuro de todos os futuros, na consumação e plenitude da existência de todos os homens e mulheres de todos os tempos»

O católico progressista/moderno — da laia do Anselmo Borges “Pachamama” — fala de “dimensão histórica” do cristianismo a fim de perverter a historicidade da sua origem, reduzindo-o à imanência de múltiplas metas históricas. “Reino de Deus”, no léxico progressista do Anselmo Borges “Pachamama”, é o sinónimo eclesiástico de “reino do homem”.

Neste contexto, a diabolização do passado [europeu] significa, para o Anselmo Borges “Pachamama”, a reificação de um futuro perfeito constituído pela construção do paraíso na Terra, e que passa pelo resgate do marxismo.

Enquanto isto não acontece — enquanto o marxismo não for resgatado —, “aquilo a que chamamos o progresso é [este] um vendaval”. Ou seja, — segundo o Anselmo Borges “Pachamama” — o progresso [seja o que isso signifique] só faz sentido [estético e ético] se emoldurado pelo marxismo.


O Anselmo Borges “Pachamama” remata o seu [dele] textículo da seguinte forma:

«A crise do nosso tempo manifesta-se essencialmente no esquecimento e obturação das grandes perguntas, decisivas, perguntas metafísico-religiosas

anselmo-borges-web¿E o que é que o Anselmo Borges “Pachamama” defende para remediar a situação da tal “crise metafísica” (para além de lamentar a decadência do marxismo)?

  • Defende a marxização do Cristianismo, por exemplo através da substituição da doutrina milenar da Igreja Católica pela Nova Teologia (e pela Teologia da Libertação);
  • defende a imanentização do Cristianismo, retirando-lhe a transcendência (ou atribuindo à transcendência uma função meramente secundária);
  • defende a redução da religião à matéria (seja o que for o que “matéria” signifique) e a politização da religião, ao mesmo tempo que critica aquilo a chama “política reduzida aos negócios” (como se a política pudesse ser, em qualquer tempo, coisa diferente);
  • defende a redução dos mistérios da doutrina da Igreja Católica — de Niceia e/ou de Calcedónia — a simples teorias metafísicas.

“Os tontos que antes criticavam a Igreja Católica, agora dedicam-se à sua reforma.”

— Nicolás Gómez Dávila

Quarta-feira, 9 Outubro 2019

A caridade tem que cuidar da dignidade moral do pobre

Filed under: cristianismo,Estado,Igreja Católica — O. Braga @ 6:49 pm

El_Greco_St_Martin_of_Tours-webO Homem moderno — incluindo os cristãos actuais — já perdeu a noção cristã medieval de “caridade”; para o homem moderno, a caridade é dar (mas) sem cuidar da dignidade moral de quem recebe.

Na Idade Média, os mendigos andavam livres nas ruas das povoações; e quando pediam esmola a um rico burguês ou nobre que passava, quem lhes dava a esmola pedia em troca uma oração pela sua alma. Ou seja, a mendicidade medieval era uma profissão socialmente útil, porque quem dava a esmola ao pobre recebia qualquer coisa em troca.

A partir do momento em que a Reforma protestante retirou à penitência religiosa, por um lado, e à acção moral individual, por outro lado, a sua importância tradicional medieval, o Estado passou a controlar a acção altruísta dos indivíduos.

E como a mendicidade não acabava, o Estado protestante — Alemanha, Inglaterra — passou a restringir a liberdade dos mendigos naquilo a que Foucault chamou de “Grande Encarceramento”: os mendigos deixaram de ser úteis à sociedade, e passaram a ser reprimidos e encarcerados.

Através da rotulagem do “pobre” e de sinais distintivos afins, a caridade da Idade Média que se caracterizava por um modo de relação, transformava-se, no mundo moderno da Reforma e dos “direitos humanos”, em um modo de segregação.


Na imagem: S. Martinho partilha a sua capa com um pobre (pintura de El Greco).

Sábado, 30 Dezembro 2017

O Anselmo Borges e o diálogo com o Islão

 

1/ É possível diálogo (entre o Cristianismo, o Budismo, o Hinduísmo, o xintoísmo, o Confucionismo, o Judaísmo, etc.) entre todas as religiões universais excepto o Islamismo, porque, em primeiro lugar, o Islamismo é um princípio de ordem política 1  (o que não acontece com nenhuma outra religião universal), e depois porque o Islamismo defende explicitamente (no Alcorão e nos Hadith) o proselitismo2  por intermédio da violência física ou da coacção (por exemplo, através da Jizya).

Qualquer comparação entre o Islamismo, por um lado, e qualquer outra religião universal, por outro lado, é pura estupidez. E por isso é que o Anselmo Borges é estúpido quando defende a ideia de um “diálogo inter-religioso com o Islamismo”. Das duas, uma: ou o Anselmo Borges não faz ideia do que é o Islamismo, ou é estúpido.

(more…)

Terça-feira, 14 Novembro 2017

A diferença entre Jesus de Nazaré, e o Maomé

Filed under: cristianismo,Islamismo,islamização,Islamofascismo,islamofobismo — O. Braga @ 6:58 pm

 

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Domingo, 29 Outubro 2017

França recusa estátua de João Paulo II; e a Polónia quer ficar com ela

 

O Conselho de Estado de França — obviamente controlado pela maçonaria — pretende retirar a cruz a uma estátua do Papa João Paulo II na cidade de Ploërmel.

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Entretanto, a primeira-ministra da Polónia, Beata Szydło, já veio dizer no Twitter que se os franceses não querem o monumento completo (com a cruz), a Polónia está desde já disponível para ficar com o dito (monumento que foi construído pelo artista russo Zurab Tsereteli em 2006).

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A nossa consolação é que os maçons franceses irão em breve andar de cu para o ar, sodomizados pelos maomedanos maioritários: em 2050, a maioria da população em França não será europeia e será muçulmana.

Segunda-feira, 25 Setembro 2017

“A Moeda de César” (Ticiano, 1514)

Filed under: arte,catolicismo,cristianismo,Igreja Católica,pintura,Renascimento — O. Braga @ 8:43 pm

 

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Segunda-feira, 26 Junho 2017

A confusão epistemológica pós-moderna

Filed under: cristianismo,Domingos Faria,metafísica — O. Braga @ 12:46 pm

 

“O tonto consegue captar o subtil, mas não vê o óbvio.” — Nicolás Gómez Dávila


Este postal do Domingos Faria é o exemplo de como as “Humanidades” chegaram a um ponto de tal decadência que podemos dizer que já não existem.

« Um dos paradoxos mais interessantes em lógica epistémica é o paradoxo da cognoscibilidade. Esse paradoxo resulta da prova de Frederic Fitch (1963) de acordo com a qual um princípio aparentemente modesto da cognoscibilidade (PC), de que cada verdade é em princípio conhecível, implica uma alegação absurda de que somos omniscientes (O), de que de facto sabemos todas as verdades. Ou seja, o paradoxo da cognoscibilidade mostra que se segue da afirmação de que “todas as verdades são cognoscíveis”, que todas as verdades são conhecidas”. »

Paradoxo da Cognoscibilidade e a Doutrina da Encarnação

Mais adiante:

“Para escapar a essa conclusão absurda em vez de se negar ¬O pode-se negar PC, defendendo-se que não é o caso que todas as verdades sejam cognoscíveis ou possíveis de conhecer. Um dos problemas é que o Cristão tradicional em princípio não poderá enveredar por essa manobra, tal como defendido por Jonathan Kvanvig (2010), dado que entra em conflito com a doutrina da encarnação.”

ibidem


Em primeiro lugar, devemos saber o que significa “verdade”, neste contexto: “verdade” é a verdade positivista, ou seja, a verdade da ciência clássica segundo a qual as propriedades e o comportamento das partes determinam o comportamento do todo.

Dentro deste conceito de “verdade”, o Princípio da Cognoscibilidade é absurdo:

“As nossas teorias científicas, por melhor comprovadas e fundamentadas que sejam, não passam de conjecturas, de hipóteses bem sucedidas, e estão condenadas a permanecerem para sempre conjecturas ou hipóteses.”

→ Karl Popper, em conferência proferida em 8 de Junho de 1979 no Salão Nobre da Universidade de Frankfurt , por ocasião da atribuição do grau de Doctor Honoris Causa.

O absurdo foi inventado de uma vez para sempre; mas as ideias absurdas, como por exemplo o Princípio da Cognoscibilidade, são inventadas a cada época. Karl Popper concluiu que “cada verdade (científica) não é, em princípio, cognoscível”; e só um burro (como o Frederic Fitch) pensaria o contrário disso.


Mas se a “verdade” da ciência clássica implica que as propriedades e o comportamento das partes determinam o comportamento do todo, na “verdade” da física quântica passa-se precisamente o contrário: é a totalidade que determina o comportamento das partes. Portanto, temos aqui dois conceitos diferentes de “verdade”; mas o Domingos Faria misturou tudo no mesmo saco.

O holismo significa a visão da totalidade de um sistema. As partes estão, em certo sentido, em contacto com a totalidade. Se tudo aquilo que, no Big Bang esteve numa acção recíproca, permanece ligado, então todas as partículas elementares em todas as estrelas e em todas as galáxias “sabem” da existência de todas as restantes partículas elementares.

Assim, os componentes da matéria não devem ser vistos como unidades isoladas, mas sim como partes integradas na totalidade do universo. Naturalmente que o Domingos Faria deve pensar que eu sou maluco; por isso vamos ver o que o maluco Niels Bohr, que foi Nobel da Física, escreveu:

“O Universo pode assumir a organização dos seus componentes (…) porque a totalidade, por princípio, é constituída de tal modo que organiza as partes… Tudo está ligado entre si através de conjunções invisíveis”.

O holismo quântico também é uma “teoria humana” que se enquadra na citação supra de Karl Popper; mas pelo menos tem a virtude de conceber a “verdade” de um modo totalmente diferente da “verdade” da ciência clássica — porque não é, por si, evidente que possamos extrair convenientemente objectos da totalidade do mundo (conforme o conceito de “verdade positivista” do burro Fitch): esta extracção implica sempre um erro, visto que, na realidade, tudo está ligado com tudo.


Em 1982, Alain Aspect, da universidade de Paris, preparou uma experiência na qual um fotão (uma partícula elementar de onda luminosa), após a sua saída de uma fonte central, tinha a possibilidade de se afastar desta fonte cerca de seis metros antes de ser conduzido através de uma espécie de eclusa da luz.

Este aparelho, semelhante a um comutador basculante, conduziu o fotão num dos dois sentidos possíveis. O fotão deparou-se, em ambos os percursos, com um filtro de polarização. Aspect utilizou um truque para obrigar os fotões a revelar se se comunicam, de facto, entre si, e em que medida se realizam contactos deste tipo.

As eclusas foram concebidas de moda a mudarem periodicamente de sentido cerca de 100 milhões de vezes por segundo. Deste modo, o percurso definitivo dos fotões foi determinado acidentalmente.

Por conseguinte, um fotão não podia “saber” de antemão em que sentido se iria mover: só podia conhecer o seu percurso definitivo depois da passagem através de um dos filtros. No entanto, naquele momento, já era demasiado tarde para o respectivo fotão informar ainda o parceiro em movimento no sentido oposto sobre aquilo que lhe tinha acontecido — porque Aspect providenciou para que, nesse momento, os fotões estivessem tão afastados entre si que não houvesse tempo para a comunicação com o parceiro, nem sequer para um estabelecimento de contacto à velocidade da luz.

Alain Aspect fez uma descoberta surpreendente. Os fotões eram capazes de comunicar entre si e de informar o outro fotão sobre o filtro por onde tinham acabado de ser conduzidos.

Portanto, parecia que as partículas elementares são, de facto, capazes de comunicar entre si a uma velocidade superior à velocidade da luz — o que destruiu parcialmente a teoria de Einstein. As partículas elementares permanecem partes de um único sistema que reage, na sua totalidade, às acções recíprocas seguintes.

Na prática, tudo aquilo que podemos ver e tocar é constituído pela acumulação de partículas elementares que se encontraram, alguma vez, em uma acção recíproca com outras partículas elementares, até ao Big Bang, com o qual surgiu o universo. Os átomos no meu corpo são constituídos por partículas elementares que já estiveram concentradas no aerólito cósmico, juntamente com outras partículas elementares que são agora componentes de uma estrela afastada ou de um outro corpo humano.


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A experiência de Alain Aspect teve o condão de demonstrar como leis que são válidas para aspectos físicos parciais (a “verdade cognoscível” do burro Fitch) foram anuladas num determinado ponto. Porém, o saber como a totalidade organiza estes aspectos parciais escapa ao nosso conhecimento positivista, dado que não podemos forçar a totalidade do universo a entrar dentro de uma experiência de laboratório (do Fitch).

A ideia segundo a qual “todos os seres humanos penetram nas ‘verdades holísticas’ da mesma forma”, é outro absurdo, porque parte do princípio de que o ser humano é uma espécie de autómato fabricado em série. É neste sentido que não existe nenhuma contradição entre Jesus Cristo, por um lado, e o conhecimento da verdade holística, por outro lado — verdade esta que não é a verdade positivista da ciência clássica a que se refere o Fitch.

Terça-feira, 6 Junho 2017

¿Por que é que a chama do bário é verde?

 

“O crer é, por assim dizer, uma necessidade não espontânea, porém criada e alimentada pelo ser Humano como forma de aprovar ou reprovar o incrível, – sendo por isso fé, acreditar no incrível – como forma de alívio para as suas dúvidas e incertezas, para os seus temores ou alegrias. É a maneira mais fácil que encontra para justificar tudo o que lhe possa acontecer no seu decurso de vida, mas que humana ou cientificamente, à luz do conhecimento objectivo não seja explicável”.

A Crença


Normalmente dizemos que “a ciência explica as coisas”, mas a verdade é que a ciência não explica nada: a ciência descreve os fenómenos (conta uma história verídica), mas não os explica — porque a ciência parte de leis cósmicas que não são explicáveis, assim como não podemos explicar os axiomas que não são físicos.

Carl Hempel comentou o fenómeno do remo “encurvado” quando dentro de água. O padrão dedutivo da “explicação” desse fenómeno, por exemplo e entre outros, toma a seguinte forma:

Leis gerais + Enunciados de condições antecedentes ∴ Descrição do fenómeno

No caso da observação do remador, as leis gerais são a lei da refracção e a lei de que a água é opticamente mais densa do que o ar. As condições antecedentes são a do remo ser direito e a de que está imerso na água segundo um determinado ângulo.

Outro exemplo:

Todas as chamas afectadas pelo bário são verdes. Esta chama é afectada pelo bário ∴ Esta chama é verde.

A generalização da cor da chama do bário é uma consequência dedutiva dos postulados da teoria atómica. Mas os postulados da teoria atómica baseiam-se em axiomas; o sistema axiomático é, por assim dizer, uma rede suportada por “vigas” ancoradas no nível observacional da  linguagem científica 1.

É neste sentido que a ciência descreve uma determinada realidade, mas não a explica — porque, de contrário, teria que explicar também os axiomas de que parte para a descrição dos fenómenos.


“A fé do cientista é a maior que existe, porque é inconfessável.”

→ Roland Omnès, físico francês, professor de Física Teórica da Faculdade de Ciências de Orsay, Paris


O termo “crença” remete para o grau mais fraco do assentimento ou opinião (por exemplo, “eu creio que amanhã vai chover”) — ou então para o chamado “conhecimento verdadeiro”, de origem externa e transformado em hábito sem qualquer verificação ulterior → ou seja, a “crença” pode referir-se a uma verdade adquirida (dita “científica”, por exemplo). É o caso daquele texto: reflecte a crítica à “crença” mediante verdades adquiridas que são, em si mesmas, formas de crença.

Não devemos é confundir crença, fé, religião, e ideologia política ou religião política. Segundo Hannah Arendt, todo o pensamento ideológico (as ideologias políticas, ou religiões políticas) contém três elementos de natureza totalitária:

1/ a pretensão de explicar tudo;
2/ dentro desta pretensão, está a capacidade de se afastar de toda a experiência;
3/ a capacidade de construir raciocínios lógicos e coerentes que permitem crer em uma realidade fictícia a partir dos resultados esperados por via desses raciocínios — e não a partir da experiência.

Uma coisa é uma religião ser instrumentalizada pelo Poder político secular, como aconteceu com o Cristianismo sujeito ao Poder político no mundo luterano europeu, por exemplo.

Outra coisa, bem diferente, é uma religião que transporta consigo as normas e leis do Direito inerentes ao Poder político (Islamismo).

  • Uma coisa é uma religião que apenas recomenda normas éticas, deixando à sociedade a liberdade de as seguir ou não (cristianismo e o livre-arbítrio de S. Tomás de Aquino, ou o Budismo);
  • outra coisa é uma religião que impõe coercivamente leis positivas de Direito à sociedade, assumindo-se como Poder político em si mesmo (islamismo e o determinismo fatalista islâmico).

Ora, o que o escriba daquele texto tenta fazer — ou parece que pretende fazer — é “meter tudo no mesmo saco”, o que significa que não consegue fazer a distinção entre fenómenos semelhantes mas não iguais (ver Síndroma Parasítico da Avestruz) 2


Notas
1. A ciência (positivista) afirma o seguinte: “o critério da significação é a verificação”.

Isto significa que, segundo a ciência, tudo aquilo que não é passível de ser verificado empiricamente não tem significado — tudo isso é considerado pela ciência como uma “falsa questão”, uma proposição ou questão sem sentido decorrente de uma “armadilha da linguagem”.

Porém, esta proposição (“o critério da significação é a verificação”) não é, ela própria, verificável. A ciência positivista parte de um axioma (“o critério da significação é a verificação”) que não é verificável.

2.  O Síndroma Parasítico da Avestruz  (segundo o professor canadiano Gad Saad) consiste em não reconhecer quaisquer diferenças entre objectos ou fenómenos inseridos em uma mesma categoria, o que é uma característica do politicamente correcto.

Quarta-feira, 15 Março 2017

A incoerência do esquerdalho universitário

 

Perguntam a estudantes da Universidade de Madison (Estado americano do Wisconsin, que é tradicionalmente de Esquerda):

¿Um músico muçulmano tem o direito de recusar um contrato para tocar em um evento cristão? Todos os estudantes responderam que “sim”, que o músico muçulmano tem o direito de não tocar em um evento cristão.

E, depois, outra pergunta:

¿Um fotógrafo cristão tem o direito de recusar um contrato para tirar fotografias de um "casamento" gay? Resposta dos estudantes: “a pergunta é estúpida”.