“Para aligeirar o barco cristão que naufraga nas águas modernistas, a teologia liberal desfez-se da divindade de Cristo, e a teologia radical desfaz-se hoje da existência de Deus.”
“Para aligeirar o barco cristão que naufraga nas águas modernistas, a teologia liberal desfez-se da divindade de Cristo, e a teologia radical desfaz-se hoje da existência de Deus.”
Um recente ensaio de Theodore Dalrymple fala-nos da “cultura da emoção” — a que ele chama de "Maoísmo Emocional":
“The modern taste for emotional exposure partakes of two seemingly disparate currents: First, the kind of psychotherapy according to which all contents of the mind must be outwardly expressed for fear of turning inwards and causing a mental abscess of unexpressed thoughts and emotions that eventually bursts. Second, it reflects a kind of emotional Maoism, according to which people have the social duty to confess their emotions to the multitudes”.
Porém, não é possível falar em "Maoísmo Emocional" sem procurar (sumariamente) as suas causas culturais (em uma espécie de “epistemologia da cultura ocidental”) com raízes na Alta Idade Média católica, nomeadamente em Pedro Abelardo (que, para o efeito, “retorceu” algumas teses de Santo Agostinho) e na sua “ética da intencionalidade”: segundo Abelardo, apenas a intenção moral é susceptível de qualificação, qualquer que seja o acto exterior.
Hiperbolizando: por exemplo, eu mato o meu vizinho e depois digo que o acto hediondo foi justificado por uma boa intenção que consistia em salvá-lo das garras da tirania da sua (dele) esposa. Ou o assassino pós-moderno que diz ao juiz: “Eu não tenho culpa, senhor dr. juiz, porque não tive intenção: a culpa é dos meus genes!”.
O “acto exterior” — segundo Pedro Abelardo —, sendo sempre moralmente indiferente, é bom ou mau apenas em função da intenção alegada pelo agente que o pratica [pro intentionis agentis]; e, por isso, nenhuma acção humana — nem mesmo a crucificação de Jesus Cristo — pode ser classificada (a priori) como “má”, “não sendo importante o que se faz, mas o espírito no qual se faz” [Dialogus].
Por outro lado, Pedro Abelardo invoca o mesmo argumento de São Bernardo de Claraval segundo o qual pode acontecer que façamos o que Deus quer sem que a nossa intenção seja a de cumprir a vontade divina [a chamada “casuística”, que foi adoptada nomeadamente pelos jesuítas na Contra-Reforma, justifica um crime pelo motivo (intenção) segundo o qual se cometeu, por um lado, e por outro lado atribuiu à Providência Divina o propósito (ou a vontade) de uma determinada má acção humana (São Bernardo de Claraval)].
Quando (alegadamente, segundo São Bernardo de Claraval, Pedro Abelardo e os jesuítas, ou seja, os iluminados que conhecem antecipadamente as intenções de Deus) Deus ordena as nossas acções (mesmo contra a nossa vontade), pode acontecer que não agimos bem ainda que se realizem coisas boas segundo a vontade divina.
Este conceito (a casuística) dá muito jeito a psicopatas como o papa Chico. Aliás, praticamente toda a ética do papa Chico é baseada na casuística e no intencionalismo (doutrina da indiferença dos actos externos) de Pedro Abelardo.
De acordo com a “doutrina da indiferença dos actos externos” (de Pedro Abelardo), por mais que o ser humano faça o que Deus quer que ele faça, somente a boa intenção (que é subjectiva, por definição) torna a acção “boa” [está aqui a génese teorética, que se baseia em passagens bíblicas retiradas de contexto, do conceito de “sola fide” dos protestantes].
Para Pedro Abelardo e segundo a sua doutrina da indiferença dos actos externos (intencionalismo), a necessidade do desejo natural exclui a noção de “pecado”: por exemplo, (hiperbolizando) se um homem sente necessidade e um desejo natural de ter relações sexuais com um cavalo, o prazer natural que ele sentir é inocente desde que ele racionalmente não consinta [Ethica] — temos aqui a justificação do papa Chico para as relações sexuais homossexuais, invocando uma suposta “necessidade natural”.
O intencionalismo (de Pedro Abelardo, mas não só) tem como base um cepticismo em relação ao conhecimento objectivo da ordem moral, o que, em compensação, dá lugar a uma (pretensa) autenticidade e uma (suposta) sinceridade do acto da vontade humana (subjectivismo).
O intencionalismo subjectivista esteve na base do Romantismo que surgiu na Idade Clássica e se prolongou pela Idade Moderna, e que atingiu a sua expressão mais absurda com o pós-modernismo.
Finalmente: outra origem cultural do "Maoísmo Emocional" pós-moderno é o da tradição da confissão pública católica durante a Alta Idade Média: no fim da missa católica medieval, os fiéis católicos confessavam publicamente (alta voz e em bom som) os seus pecados aos outros membros da sua comunidade; ou seja, a confissão dos pecados era pública. Só a partir do século XVI e com a Contra-Reforma, a confissão católica passou a ser privada e secreta, com a utilização dos confessionários individuais.
Porém, a tradição católica da “confissão pública” foi retomada pelo Romantismo dos séculos XVIII e XIX (embora já despojada das vestes culturais da religião cristã) com o conceito político de “auto-crítica” pública que foi bastamente aplicada (nomeadamente) pelos regimes marxistas da modernidade.
“O diálogo entre os comunistas e os católicos tornou-se possível desde que os comunistas falsificam Marx e os católicos deturpam Cristo”
→ Nicolás Gómez Dávila
O Anselmo Borges “Pachamama” lamenta aqui que “o marxismo não seja [hoje] um guia para quase ninguém”; e que, por isso, “há um grande vazio” e que “o que agora existe é uma grande inesperança/desesperança”. E quando o marxismo era um guia para muita gente — diz o Anselmo Borges “Pachamama” — “havia futuro: era uma sociedade que, apesar dos problemas, tinha futuro e tinha projectos de longo alcance”.
Por outro lado, o Anselmo Borges “Pachamama” critica ferozmente o passado histórico [da Europa], e faz o elogio da utopia futurista dos “amanhãs que cantam” — confundindo a utopia da imanência do Escathos com o próprio Deus :
«Aquele Deus de quem o teólogo Karl Rahner disse que é "o Futuro Absoluto", Futuro de todos os passados, Futuro de todos os presentes, Futuro de todos os futuros, na consumação e plenitude da existência de todos os homens e mulheres de todos os tempos»
O católico progressista/moderno — da laia do Anselmo Borges “Pachamama” — fala de “dimensão histórica” do cristianismo a fim de perverter a historicidade da sua origem, reduzindo-o à imanência de múltiplas metas históricas. “Reino de Deus”, no léxico progressista do Anselmo Borges “Pachamama”, é o sinónimo eclesiástico de “reino do homem”.
Neste contexto, a diabolização do passado [europeu] significa, para o Anselmo Borges “Pachamama”, a reificação de um futuro perfeito constituído pela construção do paraíso na Terra, e que passa pelo resgate do marxismo.
Enquanto isto não acontece — enquanto o marxismo não for resgatado —, “aquilo a que chamamos o progresso é [este] um vendaval”. Ou seja, — segundo o Anselmo Borges “Pachamama” — o progresso [seja o que isso signifique] só faz sentido [estético e ético] se emoldurado pelo marxismo.
O Anselmo Borges “Pachamama” remata o seu [dele] textículo da seguinte forma:
«A crise do nosso tempo manifesta-se essencialmente no esquecimento e obturação das grandes perguntas, decisivas, perguntas metafísico-religiosas.»
¿E o que é que o Anselmo Borges “Pachamama” defende para remediar a situação da tal “crise metafísica” (para além de lamentar a decadência do marxismo)?
“Os tontos que antes criticavam a Igreja Católica, agora dedicam-se à sua reforma.”
— Nicolás Gómez Dávila
O Homem moderno — incluindo os cristãos actuais — já perdeu a noção cristã medieval de “caridade”; para o homem moderno, a caridade é dar (mas) sem cuidar da dignidade moral de quem recebe.
Na Idade Média, os mendigos andavam livres nas ruas das povoações; e quando pediam esmola a um rico burguês ou nobre que passava, quem lhes dava a esmola pedia em troca uma oração pela sua alma. Ou seja, a mendicidade medieval era uma profissão socialmente útil, porque quem dava a esmola ao pobre recebia qualquer coisa em troca.
A partir do momento em que a Reforma protestante retirou à penitência religiosa, por um lado, e à acção moral individual, por outro lado, a sua importância tradicional medieval, o Estado passou a controlar a acção altruísta dos indivíduos.
E como a mendicidade não acabava, o Estado protestante — Alemanha, Inglaterra — passou a restringir a liberdade dos mendigos naquilo a que Foucault chamou de “Grande Encarceramento”: os mendigos deixaram de ser úteis à sociedade, e passaram a ser reprimidos e encarcerados.
Através da rotulagem do “pobre” e de sinais distintivos afins, a caridade da Idade Média que se caracterizava por um modo de relação, transformava-se, no mundo moderno da Reforma e dos “direitos humanos”, em um modo de segregação.
Na imagem: S. Martinho partilha a sua capa com um pobre (pintura de El Greco).
1/ É possível diálogo (entre o Cristianismo, o Budismo, o Hinduísmo, o xintoísmo, o Confucionismo, o Judaísmo, etc.) entre todas as religiões universais excepto o Islamismo, porque, em primeiro lugar, o Islamismo é um princípio de ordem política 1 (o que não acontece com nenhuma outra religião universal), e depois porque o Islamismo defende explicitamente (no Alcorão e nos Hadith) o proselitismo2 por intermédio da violência física ou da coacção (por exemplo, através da Jizya).
Qualquer comparação entre o Islamismo, por um lado, e qualquer outra religião universal, por outro lado, é pura estupidez. E por isso é que o Anselmo Borges é estúpido quando defende a ideia de um “diálogo inter-religioso com o Islamismo”. Das duas, uma: ou o Anselmo Borges não faz ideia do que é o Islamismo, ou é estúpido.
O Conselho de Estado de França — obviamente controlado pela maçonaria — pretende retirar a cruz a uma estátua do Papa João Paulo II na cidade de Ploërmel.
Entretanto, a primeira-ministra da Polónia, Beata Szydło, já veio dizer no Twitter que se os franceses não querem o monumento completo (com a cruz), a Polónia está desde já disponível para ficar com o dito (monumento que foi construído pelo artista russo Zurab Tsereteli em 2006).
A nossa consolação é que os maçons franceses irão em breve andar de cu para o ar, sodomizados pelos maomedanos maioritários: em 2050, a maioria da população em França não será europeia e será muçulmana.
Perguntam a estudantes da Universidade de Madison (Estado americano do Wisconsin, que é tradicionalmente de Esquerda):
¿Um músico muçulmano tem o direito de recusar um contrato para tocar em um evento cristão? Todos os estudantes responderam que “sim”, que o músico muçulmano tem o direito de não tocar em um evento cristão.
E, depois, outra pergunta:
¿Um fotógrafo cristão tem o direito de recusar um contrato para tirar fotografias de um "casamento" gay? Resposta dos estudantes: “a pergunta é estúpida”.