perspectivas

Terça-feira, 11 Junho 2013

O direito à diferença

“Clérigos y periodistas han embadurnado de tanto sentimentalismo el vocablo “amor” que su solo eco hiede.”Nicolás Gómez Dávila

Quando páro (em zapping) na TVI24 a ver o programa “Governo Sombra”, isso só acontece quando está a falar o Pedro Mexia. Logo a seguir, mudo de canal. Podemos não concordar com ele aqui e ali, mas não podemos deixar de reconhecer que ele tem uma “bagagem” cultural rara no Portugal de hoje. O encómio a Pedro Mexia contrasta com os outros dois parceiros de programa e, por isso, com João Miguel Tavares.

Pedro Rosa Ferro escreveu este artigo no jornal Público acerca das teorias críticas de João Miguel Tavares acerca da lei natural e a favor da adopção de crianças por pares de invertidos. O texto basta, mas ainda assim vou anotar aqui alguns considerandos.

1/ a lei natural não é a lei da natureza, segundo o conceito da sociobiologia. A lei natural, segundo os estóicos e que prevaleceu como tal na ética e na história das ideias, é uma lei racional, no sentido em que a lei natural se aplica à especificidade do ser humano e à natureza humana.

O conceito de lei natural como lei racional não corre o risco de ser confundido com a falácia naturalista ou com a de apelo à natureza. Uma lei racional escorada na natureza é uma lei humana, e não uma lei irracional compartilhada com os animais.

2/ quando João Miguel Tavares entende a lei natural como conceito sociobiológico, revela a sua impreparação para falar sobre a ética e a moral. O que é extraordinário é que gente ignara como João Miguel Tavares tenha acesso livre aos me®dia.

3/ sobre David Hume, já escrevi aqui.

4/ para João Miguel Tavares, “direitos humanos” parece incluir o “direito à diferença“. O conceito de “direito à diferença”, propalada não só pela Esquerda mas também por uma certa Direita libertária, é uma aberração ideológica. O “direito à diferença” não é a mesma coisa que “respeito pela diferença”.

A reivindicação do “direito à diferença” é, por um lado, contraditória, e por outro lado, perigosa.

É contraditória porque os direitos do Homem têm como fundamento o princípio da igualdade natural – sublinho: natural. Igualdade natural não significa que todos os homens sejam iguais – de todos os homens. É perigosa porque reivindica direitos especiais – por exemplo, para as mulheres, para os invertidos, etc. – e pode conduzir a um retrocesso no princípio de igualdade natural não só entre os homens, mas também entre os dois sexos.

«De resto, a animosidade zombeteira que se abateu sobre Marinho Pinto nos últimos dias, revela que ele atentou contra a “correcção” política: subverteu a ordem estabelecida e transgrediu a nova ortodoxia. Ele poderia dizer todas as barbaridades imagináveis (como já disse algumas). Mas desta vez ousou desafiar a ideologia gay dominante e os poderes deste mundo – de Obama e Hollande à Senhora Ministra da Justiça, do Washington Post aos editoriais do “Público”, da Google a Hollywood. Ele não teve o devido respeitinho. Como não têm os “indignados” da “Primavera francesa”, esses rebeldes e inconformistas de Maio de 13 que protestam pacificamente contra a lei do casamento homossexual em França, enfrentando as bastonadas que a polícia lhes dedica – com a aprovação do establishment mediático – em nome “da lei e da ordem” e dos bons costumes. O respeitinho é muito bonito…»

O respeitinho é muito bonito? ( sobre co-adopção por pares do mesmo sexo) – por Pedro Rosa Ferro

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