perspectivas

Sábado, 4 Agosto 2012

Lou Xiaoying

Há almas que, só pela sua compaixão, estão salvas. São almas que já não pertencem aqui senão por alguma missão específica. Essas almas são o testemunho vivo da impossibilidade objectiva de explicar a compaixão humana à luz da neurociência.

A ciência neodarwinista não pode explicar a compaixão humana — assim como não pode, por exemplo, comparar o tempo mecânico com o tempo físico, ou com o biológico, ou com o psicológico. Lou Xiaoying é a prova dos limites da ciência.

Lou Xiaoying é uma mulher de 88 anos que salvou, nos últimos 40 anos, mais de trinta bebés abandonados nas ruas da cidade chinesa onde vive, e cujo destino seria a morte certa.

Em Portugal teríamos instituições que acolheriam essas crianças abandonadas, e muitas dessas instituições pertencem à Igreja Católica. Mas na China não existem estruturas institucionais desta índole: muitas das crianças recém-nascidas e abandonadas nas ruas das cidades chinesas acabam por morrer ao fim de algumas horas. Paradoxalmente, na China materialista e ateísta de Estado, na China da política do filho único, na China do tráfico de crianças que escandalizam a opinião pública — é nessa China que crianças recém-nascidas abandonadas morrem nas ruas das suas cidades.

Lou Xiaoying sempre viveu da reciclagem do lixo urbano. Percorria as ruas da cidade inspeccionando os caixotes do lixo à procura de qualquer coisa reciclável. “Compreendi que se eu tenho a força necessária para recolher o lixo das ruas, como é que eu não poderia ter forças para reciclar uma coisa tão importante como vidas humanas?” — explicou Lou Xiaoying.

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