perspectivas

Quarta-feira, 11 Julho 2012

A simplicidade milagreira darwinista do sistema de coagulação do sangue

Nas discussões na blogosfera, não temos que ser politicamente correctos. Se alguém é burro, há que dizer que é burro. Não é falta de educação deduzir a burrice de alguém, e até é pedagógico, senão para o burro, mas pelo menos para quem o lê, que essa burrice seja tornada pública. Porém, para que possamos dizer que alguém é burro, temos de demonstrar por quê, sob pena de sermos, nós próprios, os burros. A pior forma de burrice é aquela que pretende fazer dos outros burros: é a “burrice pedante”.

Posto isto, vamos ao que interessa.

Desde logo, é irrelevante, para o leitor comum, saber se o darwinismo é a teoria pura e original de Darwin, ou se é a síntese darwinista — a que chamamos de neodarwinismo — elaborada em meados do século XX. Uma forma de burrice [preconceito] é pensar ou fazer crer que os outros não sabem nada do que estão a falar; e, portanto, dizer ou fazer crer que eu não sei o que é basicamente o neodarwinismo, é pedantismo asneante.
Para o leitor comum, o que interessa saber é o que darwinismo é a súmula de todas as teses que se foram adicionando à teoria original — é a soma cumulativa dos “Hadiths” da teoria. Para o leitor comum, neodarwinismo ou darwinismo é igual ao litro, e estamos a dirigir-nos ao leitor comum.

Em segundo lugar, e por princípio, a “evolução darwinista” não explica nada.

Dizer que “X aconteceu, ou surgiu, por causa da evolução”, é constatar um efeito, e não a causa. Seria o mesmo, se disséssemos: “X aconteceu porque X aconteceu”. O processo de evolução, mesmo que nalguns casos de micro-mutações seja verificável empiricamente, é incapaz de explicar o que quer que seja: antes, é apenas uma forma de contar uma história — é uma narrativa que nos diz “como aconteceram as coisas”, e não nos diz nada acerca das causas, do porquê das coisas terem acontecido de uma determinada maneira e não de outra; não nos diz qual é a lógica que informa e enforma o que aconteceu em alguns casos de micro-mutações. O mais que podemos dizer, nesses casos, é de que se trata de uma “explicação causal”, mas que não é uma explicação na verdadeira acepção do termo [explicação ontológica].

Portanto, o que verificamos nesta narrativa, é uma narrativa [passo a redundância]: conta uma estória. Vamos ver se a estória tem algum fundo de verdade, porque como dizia o nosso poeta Aleixo, “para uma mentira ser segura / e atingir profundidade, / tem que trazer à mistura / qualquer coisa de verdade”.



Repare-se como o autor darwinista fala da fibrina, como se fosse uma espécie de planta silvestre comum, vulgar e ordinária, que nasce em qualquer lado e a qualquer momento. A estratégia dos darwinistas — e dos naturalistas / ateístas em geral — é a de desclassificar a singularidade dos fenómenos da natureza: tipo: “é coisa pouca, vulgar!”. Vamos aos factos:

Cerca de 3% da proteína no plasma sanguíneo — que é aquilo que fica, se removermos as células vermelhas — consiste numa proteína muitíssimo complexa que dá pelo nome de fibrinogénio, que produz as fibras que formam o coágulo do sangue, e é composto por seis cadeias proteicas que contém dois pares de três proteínas diferentes. O fibrinogénio dissolve-se no plasma, assim como o açúcar se dissolve em água: assim que sofremos um corte ou se abre uma ferida, perdemos sangue, e então, uma outra proteína chamada de trombina, corta em diversos pedaços dois dos três pares das cadeias proteicas do fibrinogénio de que se falou aqui imediatamente atrás. A proteína obtida pelo corte da trombina do fibrinogénio, é a fibrina.

Porém, a fibrina não “se agrega aos molhos”, como “dá cá aquela palha”!. A fibrina tem uma espécie de adesivos na sua superfície que são cobertos pelas partes que foram cortadas pela trombina. Essa partes adesivas são rigorosamente complementares em relação a porções de outras moléculas de fibrina! Os formatos complementares permitem que um grande número de fibrinas se agreguem, como acontece com o atum em lata.
Ao contrário do que diz o escriba darwinista, a fibrina não se organiza arbitrariamente. É de uma desonestidade intelectual, ou ignorância, dizer que a fibrina “se agrega aos molhos” como se de uma forma aleatória se tratasse! Ca gand’a treta!

Aquilo a que o escriba chamou de “agregação aos molhos”, é a malha proteica da fibrina cuja organização não é aleatória. E essa malha proteica é organizada de tal forma que evita a formação de uma massa proteica compacta que seria necessária para exercer as mesmas funções — protegendo uma determinada área — com maior dispêndio de proteína.

Agora, vamos à pergunta:

Por que é que a trombina, para produzir a fibrina, não corta todo o fibrinogénio, mas apenas uma parte, calculada previamente, deste? A resposta está na pergunta: o corte foi previamente calculado.

Se a trombina cortasse sistematicamente todo o fibrinogénio [para produzir a fibrina], formar-se-ia um imenso coágulo no sistema circulatório do animal, matando-o. Portanto, o organismo deve controlar a actividade da trombina.

As proto-enzimas, ou proenzimas

Antes de a trombina existir como tal no sistema circulatório, existe no estado de proto-trombina, que é um estado de pro-enzima. Uma enzima é uma proteína que catalisa reacções químicas, como é o caso da reacção química da cisão do fibrinogénio. O nosso corpo — por exemplo, no sistema digestivo — armazena normalmente pro-enzimas, que são as enzimas em estado não-activo, à espera de serem “chamadas” a actuar em forma de enzimas. Quando uma pro-enzima, que está em estado de não-actividade, recebe um “sinal de chamada”, então produz uma enzima em estado definitivo.

Por exemplo, no sistema digestivo, grandes quantidade de pro-enzimas [enzimas em estado de não-actividade, ou em “estado potencial”] são previamente armazenadas e rapidamente activadas, já na qualidade de enzimas definitivas, quando uma pessoa começa a comer.

No sistema de coagulação, se o fibrinogénio e a proto-trombina fossem as únicas proteínas presentes no processo de coagulação, o escriba darwinista ficaria em mau estado: quando ele sofresse um corte, a proto-trombina flutuaria, de forma inútil em relação ao fibrinogénio, enquanto o escriba sangraria até à morte. Para que o escriba darwinista possa sobreviver ao corte, é necessário que algo active a proto-trombina — produzindo a trombina —, porque a proto-trombina não procede à cisão do fibrinogénio em fibrina.

Uma proteína chamada “factor Stuart” cinde a proto-trombina, transformando-a em trombina activa que, por sua vez, pode cindir o fibrinogénio em fibrina, formando assim o coágulo. Porém, e ainda assim, se o factor Stuart, a proto-trombina, e o fibrinogénio, fossem as únicas proteínas envolvidas no processo, o factor Stuart accionaria a proto-trombina, apenas solidificando todo o sangue do organismo. Assim o factor Stuart também existe numa forma não-activa que terá que ser accionada.

O factor Stuart, só por si, não consegue transformar-se em proto-trombina. Para isso, precisa de uma outra proteína, que dá pelo nome de acelerina, que “acelera” a actividade do factor Stuart. Sem a acelerina, o factor Stuart “dá com os burros na água”, não serve para nada. O factor Stuart junta-se à acelerina e cindem a proto-trombina de uma forma rápida, aliviando, assim, o escriba darwinista no seu corte. Portanto, verificamos aqui que existem duas proteínas separadas para activar uma só proenzima!.

Mas a merda é que que a própria acelerina também existe na porra de uma forma não-activa, chamada de pro-acelerina! [E é aqui que começo a ficar com os cabelos em pé em relação ao simplismo da narrativa do escriba darwinista!] E o que é que activa a pro-acelerina, transformando-a em acelerina? É a porra da trombina que a activa! Mas o diabo é que a trombina encontra-se a jusante do processo — num ponto muito posterior da cascata — em relação à pro-acelerina. Isto é de loucos! A regulação da produção da acelerina, por parte da trombina, assemelha-se à hipótese do escriba darwinista regular o nascimento do seu [dele] avô.

Mas a coisa não fica por aqui — muito longe disso! A proto-trombina produzida inicialmente pela célula não pode ser transformada em trombina, apesar da presença do factor Stuart e da acelerina — e é aqui que me apetece deixar de escrever, porque este esforço não vai dar em nada, porque ao escriba darwinista não convém as coisas bem explicadas: convém-lhe ficar pela narrativa que aflora pela rama e convence pela fé em Darwin!

Dizia eu, que a proto-trombina produzida inicialmente pela célula não pode ser transformada em trombina, apesar da presença do factor Stuart e da acelerina, porque a trombina necessita primeiro de ser modificada por dez resíduos de aminoácidos diferentes, designados por “resíduos de glutamato” [merda de nome!] — ou GLU, para simplificar — , transformados em resíduos de “Y-carboxyglutamato” [outra merda de nome!]. Dizem os maiores bioquímicos da humanidade que esta operação pode ser comparada à colocação de uma mandíbula inferior, no maxilar superior de uma caveira…! (a estrutura total pode trincar, morder e segurar um objecto, e sem a parte inferior, a caveira não conseguiria segurar o objecto trincado!).

No caso da proto-trombina, os resíduos de “Y-carboxyglutamato” [GLA] “mordem” ou unem o cálcio, possibilitando que a proto-trombina se fixe às paredes das células. Só depois de a proto-trombina modificada pelo GLA se fixar à membrana de uma célula, pode então ser cindida pelo factor Stuart activado pela acelerina, por forma a constituir a trombina.

E, chegado a este ponto, dou-me conta das trombas com que estou, por ter que estar a escrever esta merda toda, que deveria ser óbvia para uma pessoa — o escriba darwinista — que se diz conhecedora do assunto.

A conversão de GLU em GLA — que transforma a proto-trombina em trombina — necessita de um outro componente: a vitamina K — que não é uma proteína, mas é apenas uma pequena molécula semelhante, por exemplo, ao “11-cis-retinal” necessário à visão do escriba darwinista. A vitamina K funciona a modos que as balas de uma arma, ou seja, a enzima que transforma GLU em GLA, precisa da porra da vitamina K para funcionar. [ver veneno Warfarin].

Mas o que é que acciona o factor Stuart?!!!! PQP!!!

A ciência não tem a certeza do que é que acciona o factor Stuart, mas o escriba darwinista, “tal e coisa, é tudo simples e claro está!”. Parece — sublinho: parece — que o factor Stuart poderá ser accionado de dois modos diferentes: um intrínseco, e outro extrínseco [só cá faltava esta!]. No modo intrínseco, todas as proteínas necessárias à coagulação estão contidas no plasma sanguíneo; no modo extrínseco, algumas proteínas coagulantes ocorrem dentro das células.

Quando um animal se corta, digo, quando o escriba darwinista se corta, uma proteína designada como factor Hageman em estado de pro-enzima [mas, perguntará o leitor: “esta porra não tem fim???!!!” A culpa não é minha: antes, é culpa da simplicidade do darwinista] fixa-se à superfície das células próximas da ferida. O factor Hageman é, por sua vez, cindido por uma proteína (outra?!!) conhecida por HMK, para produzir assim o factor Hageman activado. Ora, vai daí, o factor Hageman activado converte uma outra proteína, que dá pelo lindo nome de Pré-Calicreína [faz lembrar um nome de uma deusa grega] e, já na sua forma activa, a Calicreína. Esta junta-se ao HMK e, os dois, aceleram a conversão de uma maior quantidade do factor Hageman na sua forma activa. Pescadinha de rabo na boca!.

O factor Hageman, na sua forma activa e às páginas tantas, em cooperação com o HMK, operam a transformação de uma outra proteína, designada de PTA (sem U!] já na sua forma activa. Por sua vez, a PTA (sem U!), em conjunto com a forma activada de uma outra proteína chamada “convertina” [quem me dera que fosse “concertina”, porque seria mais fácil dar música] transforma uma proteína conhecida como factor Christmas [os ateus e darwinistas querem mudar-lhe o nome] na sua forma activa. Por fim, o factor Christmas na sua forma activa, em conjunto com o factor anti-hemofílico [outra proteína, e ele mesmo activado pela trombina de uma forma semelhante à que sucede com a pro-acelerina] coloca o factor Stuart na sua forma activa.

Portanto, como leitor pode verificar, é tudo muito simples e é uma questão de evolução através de mutações aleatórias em pequenos passos: a simplicidade darwinista do sistema de coagulação sanguínea decorre de uma fé metastática e é magia darwinista: é uma questão de milagre de Darwin. E depois, “os milagreiros são os outros”, os que não acreditam na fé darwinista! Estão a topar o esquema da fé?

Muito mais — mas muito mais, mesmo! — poderia eu dizer aqui acerca da extrema complexidade irredutível do sistema de coagulação do sangue nos mamíferos! Muito mais! Mas penso que o leitor é inteligente e não precisa de mais esforço de escrita da minha parte. Fique-se o leitor com a conclusão: é impossível que o sistema fosse montado segundo o princípio darwinista de pequenos passos em mutações aleatórias. Quem defende essa tese, ou é burro ou é aldrabão!

4 comentários »

  1. […] A simplicidade milagreira darwinista do sistema de coagulação do sangue […]

    Gostar

    Pingback por A experiência científica — e não a metafísica darwinista — demonstra que não existe um “ancestral comum” « perspectivas — Quarta-feira, 11 Julho 2012 @ 1:23 pm | Responder

  2. Boa tarde Orlando. Não tem nada a ver com o post, mas descobri um sítio onde se pode ler alguma coisa de Voegelin e em Português. Vá ao google e escreva Eric Voegelin PDF, abra logo a primeira página do 4 shared e explore. É o que eu vou começar a fazer.

    Gostar

    Comentar por Filipe Crisóstomo (@Skedsen) — Quarta-feira, 11 Julho 2012 @ 5:07 pm | Responder

    • Eu confesso que tenho alguma dificuldade em ler um texto longo — por exemplo, um livro — se não for em papel. Por isso, tenho duas maneiras de resolver o problema: ou mando imprimir o ficheiro PDF, ou compro o livro em inglês, se não houver em português. Por exemplo, a edição, em vários volumes, da “Ordem e História” foi publicada em português, mas está esgotada há muitos anos e não houve reedição, e por isso tive que comprar a obra em inglês.

      Gostar

      Comentar por O. Braga — Quarta-feira, 11 Julho 2012 @ 7:05 pm | Responder

  3. […] postal anterior, falei da irredutível complexidade do sistema de coagulação sanguínea nos mamíferos. E […]

    Gostar

    Pingback por A fé inabalável do darwinismo « perspectivas — Sexta-feira, 13 Julho 2012 @ 10:23 am | Responder


RSS feed for comments on this post. TrackBack URI

AVISO: os comentários escritos segundo o AO serão corrigidos para português.