Eu não tenho a certeza se Belmiro de Azevedo é desavergonhado ou estúpido; mas só pode ser uma das duas coisas, porque um estúpido não tem noção de vergonha e um desavergonhado faz da estupidez dos outros o seu instrumento de acção.
O pasquim Público (que é propriedade de Belmiro de Azevedo) apresenta um tal Roberto Mangabeira Unger como “um dos maiores pensadores da actualidade” e o “profeta da nova esquerda”:
“Quem é então Roberto Mangabeira Unger? Filósofo, teórico social, político e, sim, revolucionário, porque acredita que a mudança radical é possível e desejável — o homem tem direito a uma vida maior e o Estado tem obrigação de lhe dar as ferramentas para a alcançar. O mundo é uma construção, fruto da imaginação, e há que usá-la para mudar o que tiver de ser mudado”.
Não está em causa aqui um artigo escrito acerca de algum personagem brasileiro que se pretende afirmar em um contexto de pluralismo ideológico. O que está em causa é que o pasquim do capitalista Belmiro de Azevedo nunca publicaria — e já que estamos a falar de um brasileiro —, como nunca publicou, um qualquer artigo acerca do brasileiro Olavo de Carvalho, por exemplo. O pasquim do capitalista Belmiro de Azevedo só vê para um lado, e esse lado é o sinistro.
Por outro lado, a fundação do capitalista Soares do Santos (o patrão dos supermercados Pingo Doce) convidou (e pagou) o tal Roberto Mangabeira Unger para que viesse a Portugal:
“Veio a Lisboa a convite da Fundação Francisco Manuel dos Santos para o 3.º Encontro Presente no Futuro — “À Procura da Liberdade”, onde ontem foi orador. Antes disso, sentou-se na cafetaria da biblioteca da Gulbenkian, pousada sobre o jardim, para uma conversa com Rui Tavares sobre o que Portugal pode fazer para seguir um caminho distinto”.
Qualquer cidadão que não tenha uma noção do que se passa, entraria em dissonância cognitiva: ¿então dois capitalistas apoiam um radical e revolucionário esquerdista?! E o que se passa é que o desavergonhamento dos capitalistas Belmiro de Azevedo e Soares dos Santos passa pela promoção de um processo político de médio / longo prazo de sinificação de Portugal.
Com todo o respeito, não entendi se é crítico do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho…
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Comentar por Citharoedus Romano — Segunda-feira, 6 Outubro 2014 @ 11:22 am |
O que está aqui em causa, no verbete, é o facto de um capitalista ser proprietário de um jornal que segue claramente uma linha de Esquerda, por um lado, e por outro lado ser um jornal que nega a exposição ao contraditório ideológico. Esse facto pode parecer estranho; mas só aparentemente.
Foi isto que eu quis dizer. Não vamos tergiversar.
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Comentar por O. Braga — Segunda-feira, 6 Outubro 2014 @ 12:05 pm |