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Domingo, 27 Julho 2014

A “direita” portuguesa é ideologicamente entrópica

Filed under: Política,Portugal — O. Braga @ 12:38 pm
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Este texto no blogue Corta-fitas é o exemplo acabado do efeito da segunda lei da termodinâmica, ou princípio da entropia, aplicado às ideias. Bergson escreveu o seguinte:

“A palavra vira-se contra a ideia. A letra mata o espírito. E o nosso mais ardente entusiasmo, quando se exterioriza em acção, condensa-se por vezes tão naturalmente em frio cálculo de interesse ou vaidade, um adopta tão facilmente a forma do outro, que poderíamos confundi-los, duvidando da nossa própria sinceridade, negando a bondade e o amor — se não soubéssemos que a morte conserva ainda algum tempo as feições do vivo”.

(“A Evolução Criadora”).

O tempo separa a ideia e o real, que originalmente pareciam muitíssimo unidos. O tempo separa a ideia do seu sentido original, e sem que a ideia dê por isso… separa, e depois opõe a ideia e a acção que reclama a ideia… a acção, depois de instalada a entropia, introduz ruído no diálogo entre a ideia e o real até que o diálogo se transforme em um monólogo de um ventríloquo.

Foi o que passou com Marcello Caetano, e agora passa-se com Passos Coelho.

Ambos acabaram em monólogos de ventríloquos — o primeiro com as “conversas em família” na televisão, entropicamente já muito afastadas das ideias de Salazar; e o segundo em um monólogo de ventriloquia acerca da ideia de “liberdade” que se afastou da ideia original de “liberdade” que surgiu depois do 25 de Novembro de 1975, com Sá Carneiro, Amaro da Costa, Ramalho Eanes, e outros.

E o Vasco Mina — o autor do texto — só vê a putativa (e discutível) entropia das ideias de Adriano Moreira; não consegue ver a sua (dele, do Vasco Mina) própria entropia, porque ele continua a considerar a “liberdade” aquilo que já não é.

O neoliberalismo é de facto repressivo; Adriano Moreira tem toda a razão.

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