No FaceBook, alguém transcreveu o seguinte texto atribuído a Óscar Wilde:
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade disparate, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.
G. K. Chesterton definiu o arquétipo mental de Wilde de uma forma adequada:
O que G. K. Chesterton diz é que foi a multitude das suas falsidades que evitou que Wilde fosse totalmente falso: no meio de tal multitude, aqui e ali, surgiram algumas verdades involuntárias e desenquadradas do contexto. De tanto querer ser original e multifacetado, Wilde acabou por coincidir esporadicamente com a verdade.
E não podemos esquecer um faceta negra de Wilde: estamos a lidar com um pederasta, que dedicou grande parte da sua vida a seduzir adolescentes. Só por isto, não posso gostar do personagem. Wilde está na moda entre os homófilos e homofascistas da nossa praça: um poeta gay e pederasta dá sempre jeito para dourar a pílula da parafilia.
Há quem estabeleça uma analogia entre Wilde e Fernando Pessoa; essa analogia é absurda. Se lermos as obras em prosa de Fernando Pessoa, verificamos que ele se preocupa sobremaneira com a verdade. E mesmo na sua obra poética, existe uma preocupação latente em evitar os caminhos da relativização da realidade. Além disso, sabemos que Fernando Pessoa nunca teve o péssimo vicio de seduzir adolescentes; e nem sequer existem evidências de que ele seria — como dizem por aí — homossexual.
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