Surge a notícia de que a ETA basca terminou a sua luta armada pela independência do País Basco. Naturalmente que é treta. O que a ETA vai fazer é ressurgir com outro nome, abandonando a ideologia marxista e passando a representar, assim, um espectro muito mais alargado da população basca.
O problema basco é insolúvel porque os bascos têm razão e o centralismo castelhano não reconhece nem pode reconhecer essa razão. O povo basco tem uma cultura e uma língua totalmente diferentes dos castelhanos. Eu nunca escondi aqui que sou a favor da independência do País Basco, nem nenhuma pessoa minimamente sensível e racional pode defender outra coisa.
O conflito basco é antigo e remonta ao tempo da reconquista cristã aos mouros — séculos XI e XII. Nessa altura, a actual Espanha estava dividida em dois reinos (ver mapa); reino de Leão e o reino de Navarra que incluía o território do País Basco. Podemos também ver na imagem três condados súbditos dos referidos reinos: o condado de Castela (sujeito ao reino de Navarra, e que se transformaria, mais tarde, no reino de Castela), o condado de Aragão (que se tornará, mais tarde, o reino de Aragão que englobará o condado de Barcelona). Falta no mapa a referência ao condado Portucalense que já existia naquela altura (sujeito ao reino de Leão). O território a verde era território mouro.
Depois vemos o mapa já em 1400, e verificamos que o reino de Navarra coincide com o País Basco; e que existe também o reino de Aragão que coincide com o território de língua catalã (de Barcelona a Valência); e falta ali no mapa o reino da Galiza que existiu até princípios do século XIX. Paulatinamente, o reino de Castela foi aglutinando e fazendo desaparecer todos os outros reinos da península ibérica, e inclusivamente tentou fazer o mesmo com o reino de Portugal de 1580 a 1640.
O que o centralismo de Madrid tem feito, ao longo dos séculos, é um contínuo e sistemático etnocídio das nacionalidades peninsulares — sejam estas a galega, a catalã, ou a basca.
“OFFTOPIC”:
Acho um grave defeito da historiografia brasileira ensinarem muito pouco sobre a história da peninsula ibérica.
Quem pegar os livros aqui até o ensino médio fica com uma dessas 2 impressões:
1-Portugal já existia desde que Deus criou a terra, ou
2-Portugal surgiu do nada e ninguém sabe como, como uma aparição, sabe-se apenas que estava ali na peninsula.
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Comentar por Marcelo R. Rodrigues — Quinta-feira, 20 Outubro 2011 @ 9:15 pm |