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Quarta-feira, 8 Julho 2009

Mário Soares e os tubarões para os portugueses

Filed under: Política,Portugal — O. Braga @ 7:15 am
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Para que conste: sou cristão mas não sou Jesus Cristo!

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Há duas pessoas que merecerão a abertura de garrafas de champanhe quando abalarem daqui para fora: Mário Soares e José Saramago. Já tenho as garrafas de reserva de bom champanhe de Lamego à espera da boa-hora.

5 comentários »

  1. Estive a reler o artigo que originou esses folhetos e artigos de jornal propagandisticos, trata-se do “Estadão” de São Paulo (15/05/1977, “edição nacional”, pág. 15) com autoria no correspondente em Lisboa Santana Mota (um alinhado com os regimes ditatoriais do estado novo brasileiro e português). A estória está pessimamente contada:

    1. Trata-se de um “diz que disse” já que o cronista nunca presenciou a referida reunião do PS onde a afirmação teria sido proferida 4 anos antes (1973).

    2. Mesmo dando crédito ao que diz o individuo, há uma clara manipulação já que nos panfletos e noticias de jornal em portugal parece que MS está sugerir aos movimentos de libertação que deitem literalmente os corpos de colonos ao mar para alimentar tubarões, enquanto que o que ele diz no texto original é que na reunião do PS alguém questiona o que acontecerá aos colonos no caso da queda do regime, ao que MS responderia que [eles PS] OS “atirariam aos tubarões” – ou seja, estando o partido alinhado com os movimentos de libertação e apostado na descolonização [bem tardia por sinal] obviamente que não teriam como manter as pretensões dos colonos que eram opostas à descolonização.

    3.Tendo em conta o contexto a posição de MS e do PS foi bastante moderada: não deu corda para que se instalasse uma ditadura comunista em Portugal, mas por outro lado o regime tinha que mudar, e para mudar tinha de se democratizar e descolonizar… para tal era preciso opor-se aos fascistas e aos colonialistas.

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    Comentar por Luís Rafael Pena — Domingo, 10 Fevereiro 2013 @ 2:29 am | Responder

    • 1/ Mário Soares é useiro e vezeiro: em 1973, em uma Manif em Londres contra a visita oficial de Marcello Caetano a Inglaterra, pisou em público a bandeira republicana portuguesa. A pergunta que se faz é a seguinte: ¿ o que é que a bandeira da pátria tem a ver com um determinado político ou regime político?

      2/ se os movimentos de guerrilha africanos — e não “movimentos de libertação”, porque não libertaram nada nem ninguém — quisessem “lançar os brancos aos tubarões”, não me admiraria; mas sendo um político português a defender, ele próprio, essa espécie de “solução final” hitleriana para os seus próprios compatriotas, diz bem da qualidade da besta em causa.

      3/ o facto de ser um “diz que disse” é irrelevante na medida em que o próprio Mário Soares nunca desmentiu a notícia. Diz o povo: “Quem cala, consente”.

      4/ ninguém está a colocar em causa a necessidade de mudança em Portugal em 1973, e a necessidade de negociar a independência das colónias. O que está em causa foi a forma como todo o processo foi conduzido, ou seja, de uma forma vil e vergonhosa. Eu próprio vim de Moçambique para Portugal em 1976, e sei do que estou a falar.

      No dia em que Mário Soares morrer, só terei um desejo: que a terra lhe seja leve.

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      Comentar por O. Braga — Domingo, 10 Fevereiro 2013 @ 4:54 am | Responder

  2. Ele desmentiu sim essa estória da bandeira, e até fez mais: disse quem originou a mesma, que teria sido um indivíduo trabalhador na embaixada de Londres salvo erro. Quanto à estória dos tubarões, no mesmo artigo do “Estadão” de São Paulo (15/05/1977, pág. 15) o Santana Mota também afirma que o Samora Machel ia meter os colonos em campos de concentração que tinha preparados … este correspondente era uma fonte de boa informação não lhe parece? O que eu leio das afirmações de MS – caso não sejam totalmente inventadas – é que não havia maneira de atender à descolonização que se impunha há décadas e às posições territorialistas dos colonos ao mesmo tempo e que nesse caso o PS apoiaria a descolonização – o que realmente veio a acontecer, e como se provou estiveram do lado certo da História, já os colonos infelizmente não.

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    Comentar por Luís Rafael Pena — Domingo, 10 Fevereiro 2013 @ 12:28 pm | Responder

    • Eu estive detido num campo de concentração da FRELIMO, em Moçambique. Portanto, o jornalista brasileiro tinha de facto boa informação, provavelmente tão boa quanto a informação que obteve dos tubarões de Mário Soares.

      Os campos de concentração em Moçambique existiram mesmo: http://wp.me/p2jQx-4P4

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      Comentar por O. Braga — Domingo, 10 Fevereiro 2013 @ 4:17 pm | Responder

  3. Quando sai de Angola tinha apenas 12 anos, em 1975, pouco antes da independência e, até hoje, encontro “sábios” que me acusam de ter fugido de lá!
    Quando se fala em colonialistas, na maioria dos casos referem-se a angolanos de origem portuguesa.
    Quando se refere “independência”, neste caso, confunde-se algo que apenas redundou na entrega de territórios a interesses de outras super-potências e lançou os angolanos de origem africana (na sua maioria) numa guerra civil que não era deles.
    Infelizmente a visão obtusa de alguns resume o sonho de independência dos povos africanos a uma única mediocridade:
    – Expansionismo da ex-URRS, China e EUA.
    Quanto a tubarões de Mário Soares não tenho bases fidedignas para comentar. Mas, sobre o assunto em questão (colonos, colonizadores e colonialistas) até hoje encontro e ouço as maiores barbaridades de sempre. Nada me admiraria se MS tivesse dito algo do género.

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    Comentar por Corral Delfim — Domingo, 6 Abril 2014 @ 10:56 am | Responder


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