perspectivas

Segunda-feira, 3 Setembro 2007

Beslan – 3 anos depois

Filed under: Islamismo,Política — O. Braga @ 2:41 pm

Matar é inaceitável; matar em nome de Alá (Deus) é, para além de inaceitável, incompreensível.
Posso compreender – embora não aceite no meu íntimo – que, por exemplo, uma mãe (ou um pai) mate para proteger os seus filhos ou a sua família – no fundo, muito do que sempre foi a “guerra” passou por isto. Mas nunca compreenderei que alguém mate um seu semelhante em nome de Deus, porque se trata de um contra-senso levado ao absurdo mais insolúvel e inexplicável.

Uma das diferenças entre o terrorismo clássico (como o da ETA) e o terrorismo islâmico é a quantidade e qualidade de Horror utilizados pelo terror. Na Chechénia, como no País Basco, trava-se uma guerra separatista. O terrorismo da ETA mata polícias, militares e políticos, evitando contudo a morte de civis; o terrorismo islâmico prefere exactamente o horror da morte de crianças, e civis em geral.

Para percebermos bem o fenómeno do terrorismo islâmico, devemos ler sobretudo textos de autores islâmicos. Recomendo, por isso, a leitura de um livro: “A Doença do Islão”, de Abdelwahab Meddeb (Relógio d’Água, ISBN 972-908-827-9. Podem encomendar o livro no site http://www.relogiodagua.pt .)

Quando olhamos para a História europeia, percebemos que o terror de origem religiosa também viveu entre nós, com a Inquisição. Para sermos exactos, a Inquisição começou antes até da bula papal que a instituiu, isto é, iniciou-se com a perseguição política e extermínio dos cátaros (ou albigenses) no sul de França, e prolongou-se até ao fim da Idade Média, principalmente em Espanha. Mas o horror do terrorismo religioso católico medieval, que foi a Inquisição, não se compara com o horror islâmico actual: em primeiro lugar, a Inquisição não escolhia crianças para suas vítimas; em segundo lugar, as vítimas da Inquisição eram escolhidas de uma forma criteriosa e selectiva (existindo mesmo um tribunal do Santo Ofício), e não indiscriminada e colectivamente – os inquisidores escolhiam as suas vítimas “a dedo”, e não “por atacado”, como fazem os islamitas. Por último (que diabo!) vivemos no século 21, e não no século 14! O que não consigo compreender, é como depois de Hitler, Estaline, Truman (de Nagasaki e Hiroshima), Pol-pot e Mao, ainda possam existir chacinas de crianças inocentes como as de Beslan, ou genocídios como o de Darfur.

Sendo eu religioso, sou insuspeito para escrever sobre esta matéria, assim como Abdelwahab Meddeb é insuspeito para escrever sobre o seu Islão. Contudo, a minha visão sobre o Islão é diferente da de Abdelwahab Meddeb, naturalmente. Este critica somente o actual Islão, e eu critico o Islão de sempre.

Estudei (nos meus tempos livres) várias religiões; li bastante sobre o Budismo, o Sikhismo, o Hinduísmo, o Judaísmo e Islamismo; tive a pachorra de ler o Corão de fio a pavio – e acreditem: é “obra desenganada”.

Uma das grandes diferenças entre o cristianismo e o islamismo, é o cerne das respectivas mensagens religiosas: enquanto Cristo disse “dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, destrinçando nitidamente a política da religião, a mensagem islâmica de Maomé mescla a política com a religião – hoje, como desde a sua fundação, o islamismo mistura a política com a religião. Esta diferença é essencial, e é uma das razões porque eu nunca seguiria a religião islâmica. Mais: eu não considero o islamismo uma religião “tout cours”, mas uma ideologia que sempre tenta regular politicamente todas as sociedades em que se instala – quando em maioria através da Sharia, e em minoria através do Horror do terror. Esperem para ver o que a minoria muçulmana vai fazer em França; aliás, basta vermos a percentagem de presos muçulmanos nas cadeias francesas em relação ao universo de presos, para termos uma perspectiva do futuro de França.

Quando os militares turcos actuais temem a eleição de um islamita devoto para o cargo de Presidente do seu país, existem razões ponderosas para o temerem. Ao contrário do que acontece com a mensagem do cristianismo, o islamismo não se pode dissociar da política; a única forma de afastar o islamismo da política é proibir a prática da religião islâmica. Ao contrário do islamismo, o cristianismo pode perfeitamente conviver com diversas correntes políticas, e a prova disto é que até em Cuba o catolicismo sempre foi – mais agora e menos no início – tolerado pelo Partido Comunista. A grande dor de cabeça dos soviéticos sempre foi o islamismo nas suas repúblicas; muito menos problemática foi a “domesticação” e controlo da religião cristã ortodoxa na ex-URSS.

Escreve Abdelwahab Meddeb (livro supracitado, página 81), em relação ao regime turco e aos novos países islâmicos {entre parêntesis, os comentários são meus}:

“No que respeita à relação entre religião e soberania, não era fácil {a Kemal Ataturk} passar da Sharia {a lei islâmica} a um direito independente da marca teológico-política. Mesmo nas constituições mais avançadas, como a da Tunísia, o legislador determina que o Islão é a religião do Estado. O cidadão não é livre de escolher a sua crença – ou a sua descrença – a qual deve estar em conformidade com a do príncipe {o emir, ou califa, o sucessor de Maomé}.”

Mais adiante:

“Quando o historiador possui uma visão essencialista das relações humanas, invoca o Profeta do Islão, que foi, de facto, um profeta guerreiro, fundador de uma cidade política. {Eis como um intelectual educado no islamismo reconhece que o Islão é essencialmente político.} Repete que, na própria génese do Islão, nos seus fundamentos, todo e qualquer ser dotado de razão descobre a consubstancialidade do político e do religioso; a mesma, com certeza, que existiu, e prosseguiu com a criação do califado, assumido pelo sucessor, o delegado do Profeta. O califado é, na aparência, uma característica islâmica: um soberano sucede ao Profeta na integralidade das suas funções, como chefe da comunidade. Quer isto dizer que o teocentrismo está aglomerado ao antropocentrismo”.

Abdelwahab Meddeb reconhece que o islamismo tem uma forte componente antropocêntrica, o que, tratando-se de uma religião, é um contra-senso. Ideologias ou “religiões” antropocêntricas são, por exemplo, o marxismo ou o neoliberalismo de Hayek.

Abdelwahab Meddeb pretende dizer, por outro lado, que o Islamismo passa hoje ainda por uma fase que o cristianismo já passou na Europa; para isso, Abdelwahab Meddeb invoca Diderot, e o “hobbismo” (relativa a Hobbes, autor do “Leviatão”). Os intelectuais islamitas agarram-se ao processo histórico e à evolução das sociedades para defender a ideia de que o actual islamismo é um “déjà vu” do cristianismo medieval. Trata-se de um erro de palmatória: para além da falácia de Parménides implícita, Abdelwahab Meddeb esquece-se de ver as diferenças entre os ideários religiosos do cristianismo e do islamismo. Só é possível separar o islamismo da política activa se alterarem o conteúdo ideológico do Alcorão, isto é, mudando a religião, o que significa acabar com o islamismo tal qual ele é, e sempre foi. Não há outra volta a dar.

Em Beslan, faz hoje 3 anos, foram assassinadas mais de 350 pessoas, na maioria delas, crianças vítimas do Horror islâmico. Em Darfur, morrem crianças – e civis em geral – todos os dias por acção do terrorismo islâmico. O alvo predilecto do terrorismo islâmico é gente inocente, preferencialmente crianças e mulheres, porque é através do Horror que querem fazer prevalecer a sua religião-política sobre todas as outras religiões e sistemas políticos.

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Intelectuais islâmicos, como Abdelwahab Meddeb, procuram “dourar a pílula” dizendo-nos que o Islão não foi no passado como é hoje. Até intelectuais portugueses, como o Prof. José Hermano Saraiva, defendem a herança islâmica com uma “fé” que só rivaliza com a dos maomedanos mais convictos. Esta postura do nosso Professor terá a ver com a herança genética que ele sabe que tem (ele é da Beira Baixa; o adufe não engana); da minha parte, sendo a minha família toda aqui do norte e Minho – e desde o princípio da nacionalidade, segundo reza a Torre do Tombo – sinto-me mais suevo, celta e cristão, do que berbere islâmico. Quem defende a herança islâmica em Portugal, que existe em muito menos quantidade e qualidade que no sul de Espanha, fá-lo mais por respeito à sua inexorável herança genética berbere, do que por respeito à religião e cultura. Compreende-se.

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Outra diferença grande entre o cristianismo e o islamismo é o tipo de liderança religiosa. No catolicismo, como no anglicanismo, existem lideres religiosos bem evidentes: o Papa e o Arcebispo de Cantuária, respectivamente. As igrejas protestantes, todas têm um líder religioso que responde perante os prosélitos espalhados por vários países. O islamismo (com excepção do Xiismo persa) não tem líderes; tem caciques. O “chefe” do Islão é o califa, o político; acontece que último califa desapareceu depois da primeira grande guerra mundial, quando o califado turco alinhou ao lado dos alemães.

Por exemplo, o Xeque da comunidade islâmica sunita de Lisboa é eleito pelos islamitas da cidade, e o seu reconhecimento a nível da comunidade islamita internacional é praticamente nulo. O Xeque de Lisboa é um cacique religioso local. Não existindo um líder reconhecido da comunidade islâmica sunita internacional, ninguém se responsabiliza por nada e por ninguém; perante o ocorrido em Beslan, os Xeques e Imãs de todo o mundo viram a cara para o lado e dizem que o assunto não é com eles. Muito conveniente, diga-se. De certo modo, seria preferível a existência de um califado ao actual caos político gerado pelos caciques islamitas em todo o mundo.

Outra diferença entre o cristianismo e o islamismo é a quantidade de correntes religiosas existentes neste. Entre uma miríade de correntes religiosas, ressalta o Wahhabismo, que resulta da fusão, em finais do século 18 da era cristã, de duas outras correntes religiosas islâmicas: a teoria de Ibn Hanbal e a de Ibn Taymiyya. O Wahhabismo foi fundado por Mohammed Ibn Abdal Wahhab, e a partir do século 19 esteve na origem da força da tribo arábica de Seoud, que veio a formar a actual Arábia Saudita – diga-se, o maior aliado dos Estados Unidos no Médio Oriente, depois de Israel. Estranha “aliança”!

O Wahhabismo é o retorno à “verdadeira mensagem do profeta” Maomé, é considerado o islamismo no seu estado mais puro. O problema do Wahhabismo, é que existe sempre a possibilidade de surgirem os “Wahhabitas dos Wahhabitas”, como é o caso de Bin Laden. O Wahhabismo abre um processo infinito de definição de pureza religiosa. Para cada Wahhabita, e segundo recomenda o próprio Wahhabismo, existe sempre um vizinho menos Wahhabita do que ele que deve ser denunciado e perseguido (a perseguição política de tipo “comité-de-bairro”, no marxismo-leninismo), entrando-se numa espiral de “apuro” religioso de um fanatismo levado a um extremo inaceitável. Trata-se de uma ideologia política de manipulação de massas que explora o medo generalizado (genial, diga-se), mais consentâneo com um sistema político fascista do que com uma teosofia.

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Há quem diga que o Islão é incompatível com a democracia. Eu vou mais longe, porque já me estou completamente borrifando para o facto de os islamitas não quererem a democracia herdada dos gregos; cada um é livre de eleger, no seu país e não nos países dos outros, o sistema político que quiser.

Porque incita à violência de morte no próprio Corão, – que é o seu livro sagrado – sou de opinião que a religião islâmica deveria ser proibida porque se encontra fora da Lei, em Portugal e na Europa.

Pode não ser politicamente correcto escrever isto, mas é verdade que a religião islâmica infringe a nossa lei ordinária, e principalmente, a Constituição Portuguesa, quando incita claramente à violência com crime de sangue. E já nem falo aqui na ilegalidade corânica da condição feminina: na excisão, na tolerância com a poligamia e a total intolerância com a poliandria (double standard), na condenação à morte da mulher por “crime” de adultério através de apedrejamento (lapidação), na secundarização social e familiar da mulher bem explícita no Corão, etc. Não sei como possa existir gente na Europa do século 21 que defenda os princípios exarados no Alcorão e da Sharia.

Se nos Evangelhos constasse que Cristo tivesse pedido aos seus discípulos para “matar os infiéis”, eu seria de opinião de que a religião cristã deveria ser proibida; por isso, não posso usar de critério diferente em relação ao islamismo, ou a qualquer outra religião. Pelo contrário, Cristo pregou o Amor ao Próximo e a Tolerância, e foi esta religião das Bem-aventuranças que marcou a civilização e cultura europeias. Foi desta diferença essencial entre as duas religiões – independentemente do uso que os homens fizeram delas ao longo da História – que Abdelwahab Meddeb se “esqueceu” ao querer estabelecer paralelismos históricos absurdos e extemporâneos. No mesmo erro incorre a intelectualidade da Esquerda neomarxista europeia (tipo Bloco de Esquerda ou marxistas culturais), que para além disso, usa o islamismo agressivo na sua “política correcta”, nomeadamente para combater ideologicamente a cultura de raíz cristã na Europa – uma estupidez (como a de Zapatero, em Espanha), porque pode fazer “virar o feitiço contra o feiticeiro”.

A filosofia corânica, tal qual existe neste momento, deveria ser considerada ilegal, porque incita explicitamente à violência assassina, gratuita e sectária – e tudo isto no seu principal “Livro Sagrado”. Basta ler o Corão para constatar que o escrevo é verdade, e nada mais que a verdade. Mais uma razão, entre muitas, para a não-entrada da Turquia na União Europeia.

Às mães de Beslan, todos nós devemos um pedido de desculpa, por não termos feito suficiente, individual e colectivamente, para que se pudesse ter evitado aquela barbaridade da matança de inocentes no primeiro dia de escola.

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