O regime do apartheid era ignominioso; não é isso que está em causa neste texto. Nelson Mandela foi um político que combateu o apartheid, mas não podemos esquecer o papel desempenhado por Frederik Willem De Klerk que foi realmente o homem que esteve na base do regime democrático na África do Sul e que instituiu o sistema de 1 cidadão = 1 voto; foi De Klerk que acabou por tirar Nelson Mandela da prisão — mas hoje ninguém fala dele…!
Se o povo sul-africano admira Nelson Mandela, é um facto natural. Os republicanos portugueses também admiram o Manuel Buiça que assassinou o Rei D. Carlos I, mas nem por isso se considera o Buiça uma espécie de “santo”. Em política, não vale tudo; e se alguém considerar que em política vale tudo, ao menos não beatifiquem políticos com sangue inocente nas suas mãos.
Nelson Mandela é responsável pela morte de muitas pessoas civis e inocentes, gente assassinada que nada tinha a ver com a política.
Nelson Mandela era o líder da organização UmKhonto we Sizwe, que era o braço armado do partido ANC, e foi considerado culpado por 156 actos de violência pública que incluíram atentados bombistas que mataram muitas pessoas inocentes, incluindo mulheres e crianças. O presidente sul-africano P.W. Botha ofereceu a Mandela, por várias vezes, a saída da prisão se ele renunciasse à violência, e Mandela sempre recusou a proposta de P.W. Botha.
Por isso, o espectáculo me®diático a que assistimos, da beatificação de Nelson Mandela, é moralmente degradante. Podemos e devemos lamentar a morte de um ser humano e a morte um líder político nacionalista, mas não podemos branquear os crimes de Nelson Mandela.
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