perspectivas

Segunda-feira, 9 Janeiro 2012

As sucessivas reformas ortográficas estão a destruir a unidade lógica da língua portuguesa

Filed under: acordo ortográfico — O. Braga @ 3:26 pm

“Se a forma natural de ler a sequência -eto em final de palavra é [êto], e se directo não deve passar a ser direto, porque assim se passa a ler [dirêto], então completo, concreto, quieto, decreto e neto (e mais 60 palavras, na minha lista forçosamente incompleta) devem passar a escrever-se complecto, concrecto, quiecto, decrecto e necto, para se lerem como já se leem. Ou complepto, concrepto, quiepto, decrepto e nepto, não sei…”

via Travessa do Fala-Só: Acordo ortográfico: quase sempre mais emoção do que observação.

Eu não sou especialista em linguística, mas a minha formação permite-me intuir a lógica da língua portuguesa. Trata-se de pura intuição, e não de ciência, confesso.

Em função dessa minha intuição, vou rebater o que foi escrito neste postal :

  • Palavras como concreto, decreto, discreto, excreto, indiscreto, interpreto, paracleto, incompleto, secreto, repleto, etc., são palavras com duas consoantes fortes aglutinadas que se lêem de uma só vez [como uma só sílaba]: CR, CL, PL, PR, etc. Esta aglutinação, por herança etimológica, abre a consoante seguinte sem necessidade de acentuação ou de um C anterior à vogal aberta.
  • Palavras como quieto, aquieto, adieto, dieta, etc., têm um ditongo [duas vogais aglutinadas] o que abre a vogal seguinte sem necessidade de acentuação ou de um C anterior à vogal aberta.
  • Palavras como tetraneto são produto da última reforma ortográfica [a anterior à de 1990] que não deveria ter acontecido, porque quando eu aprendi a língua portuguesa escrevia-se tetra-neto [com hífen]. Aliás, ainda hoje escrevo com hífen, por exemplo, tetra-avó.
  • Palavras como veto, neto, voto, etc., são palavras dissilábicas [têm duas sílabas], e todas elas [com excepção de recto, por razões que não cabem agora aqui] abrem a primeira vogal sem necessidade de acentuação ou de outra indicação escrita.

Como se vê: 1) existe uma lógica unitária na língua portuguesa; 2) as reformas ortográficas estão a destruir propositadamente essa lógica unitária.

1 Comentário »

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