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Quarta-feira, 28 Novembro 2012

O senado brasileiro questiona entrada em vigor do Acordo Ortográfico

Filed under: acordo ortográfico — O. Braga @ 3:01 pm
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O senado brasileiro questiona entrada em vigor do Acordo Ortográfico (via).

6 comentários »

  1. Caro Orlando, estou tendo o privilégio de começar a estudar a obra de Eric Voegelin(com muito esforço). Meu professor, nos disse na primeira aula do curso que, uma das coisas que incomodava Voegelin era a pobreza da linguagem moderna. É preciso reconstruir a linguagem da alta cultura( e olha que eu sou, como dizem, “proletário”, socializado à margem dela). Oxalá o senador consiga, não só adiar, como abrir o debate para quem entende de língua portuguesa, para demonstrarem o disparate que é o tal ‘Acordo’. Nós, brasileiros, não aprendemos direito nem o original e já querem nos enfiar goela abaixo um “novo” português. A segunda realidade de que fala Voegelin, não se sustenta sem a reconstrução da linguagem. Penso que o AO é uma tentativa ideológica de reconstrução da linguagem.

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    Comentar por Fabricio Jean — Quinta-feira, 29 Novembro 2012 @ 12:54 pm | Responder

    • O meu “problema” em relação a este Acordo Ortográfico tem várias vertentes ou facetas, e entre elas destaco duas facetas: a política e a etimológica.

      * problema político, porque nunca jamais a escrita de uma língua pode ser formatada e imposta coercivamente à revelia de toda uma cultura antropológica.

      O português escrito de Portugal, até finais do século XIX, foi evoluindo naturalmente — primeiro do latim, depois de um corruptela do latim (galaico), mais tarde com a contribuição do provençal, e depois com a adição de neologismos do império (por exemplo, a palavra “maluco” teve origem das Ilhas “Molucas”), etc. — à medida do consenso da camada letrada da sociedade e, por isso, a evolução da língua escrita nunca foi uma imposição da elite política mas sempre da camada intelectual. A partir da república em 1910, as revoluções ortográficas de cariz exclusivamente político sucederam-se.

      * O Acordo Ortográfico afasta a língua da etimologia. Uma língua escrita sem claros vestígios da sua origem etimológica é uma língua constituída apenas por sinais, e não por símbolos que deveria ter. Uma língua sem símbolos (ou desprovida de simbolismo) é pior do que o Tupi, porque pelo menos o Tupi tem o seu simbolismo próprio escorado na sua ancestralidade.

      Portanto, eu não sou por princípio contra a evolução da língua escrita, e seria estúpido se fosse; o que não significa que seja a favor de uma revolução da língua. Evolução e revolução não são a mesma coisa. Hoje, um jovem português não consegue compreender o Fernando Pessoa original que escreveu a língua anterior à reforma ortográfica republicana de 1911!

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      Comentar por O. Braga — Quinta-feira, 29 Novembro 2012 @ 5:32 pm | Responder

  2. Fabricio Jean, concordo consigo em que o “Acordo” é um disparate. Mas não entendi em que sentido diz que “Penso que o AO é uma tentativa ideológica de reconstrução da linguagem.”
    Cumprimentos

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    Comentar por Teresa Ramalho — Quinta-feira, 29 Novembro 2012 @ 3:46 pm | Responder

    • Em relação ao comentário da Teresa, eu já respondi parcialmente no meu primeiro comentário.

      Este Acordo Ortográfico tem uma matriz política e ideológica presentista (presentismo = corte epistemológico com o passado).

      Uma ideologia presentista semelhante é, por exemplo, aquela que pretende comprometer toda a história e cultura portuguesas com a integração de Portugal numa Federação política europeia (o leviatão da União Europeia). Ou temos um exemplo do presentismo na ideia revolucionária marxista do “Homem Novo”, desprovido de passado, que George Orwell tão bem descreveu em “1984”.

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      Comentar por O. Braga — Quinta-feira, 29 Novembro 2012 @ 5:46 pm | Responder

  3. Estes sim, posso considerá-los, com prazer, irmãos brasileiros! Sou português e absolutamente contra este Acordo Ortográfico, que descaracteriza a Língua de Camões e não serve senão interesses económicos, basicamente das grandes editoras! Neste momento, em Portugal, das pouquíssimas empresas que não conheceram a incomensurável crise que três quartos do país vive! Uma Língua está vinculada a uma evolução histórica, a uma cultura enraízada nos falantes da mesma e nunca nenhuma outra Língua com dimensão idêntica à nossa pretendeu fazer um Acordo Ortográfico! Ainda por cima uma decisão política circunstacial e conjuntural… longe dos estudiosos do idioma que utilizamos. E que NUNCA produzirá efeitos, porque simplesmente não é possível! No Brasil fala-se Português/ Variante brasileira. É isto. Querem chamar “Língua Brasileira” ? Ok, não me ofendo, passa a ser mais uma língua estrangeira que sei na íntegra!!! As línguas são vivas e dinâmicas, dizem os “pseudo-conhecedores”. É verdade, mas evoluem lentamente, evoluem por influência dos falantes ; evoluem naturalmente. Nenhuma destas premissas está contida neste AO !!! É uma fraude. Para portugueses e brasileiros! Os povos africanos estão a ser muito prudentes, estão usando a velocidade do caracol ( e bem!!) até entenderem o que se pretende, realmente, com este acordo…
    Lamento que políticos incompetentes e “presidentas” se seixem envolver nesta mentira gigantesca!
    Jaime Branco

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    Comentar por Jaime Branco — Sexta-feira, 30 Novembro 2012 @ 1:22 am | Responder

  4. […] Notícia áudio de Rádioagência Nacional (Brasil) [Registo áudio copiado do blog "Perspectivas".] […]

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    Pingback por Brasil quer adiar entrada em vigor do AO90 - ILC contra o Acordo Ortográfico — Domingo, 2 Dezembro 2012 @ 9:42 pm | Responder


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