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Terça-feira, 5 Julho 2011
Dominique Strauss-Kahn e a divinização da justiça dos homens
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Quinta-feira, 24 Fevereiro 2011
Peter Singer e a sua guerra aos tabus
Convém dizer, desde já, que não é possível uma cultura sem tabus; uma cultura sem tabus é um círculo quadrado. Por isso, quando gente como Peter Singer diz que pretende eliminar os tabus da nossa cultura, temos todos que desconfiar porque se trata de uma contradição nos termos que redunda no absurdo.
A coerência lógica que podemos perceber no pensamento de Peter Singer, é que ele pretende impôr um tabu contra uma série de tabus — ou seja, pretende impôr uma cultura em que o tabu nela vigente seja a rejeição da maioria dos tabus. Será que isto faz sentido? É, pois, nestes termos que temos que colocar o problema: o tabu que Peter Singer pretende validar na nossa cultura (substituindo uma série de tabus culturais vigentes) é racional e verdadeiro?

Peter Singer adora animais...
A nova esquerda é, pois, neo-ateísta na linha de Daniel Dennett, Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Sam Harris, Julian Savulescu, Anthony Cashmore, e Peter Singer. Assim, o marxismo económico ficou na gaveta à espera do momento adequado para a sua implementação na acção política.
Uma das bandeiras políticas da Nova Esquerda, senão a mais importante, é a guerra contra a família natural — ou seja, o núcleo familiar tradicional composto por um pai, uma mãe e os filhos. É neste contexto de guerra total contra a família natural que devemos inserir, por exemplo, a Fatwa de Peter Singer contra o tabu do incesto.
O tabu do incesto — e ao contrário do que Peter Singer defende, e mesmo do que alguns eticistas tradicionais também defendem — não é só intuitivo, mas é absolutamente racional e decorre da concepção de família vigente que se escora não só na Natureza, mas também na singularidade da espécie humana. Neste caso, como na maioria dos casos, a intuição humana pode seguir uma espécie de “razão oculta”.
O tabu do incesto é racional porque nele assenta a ordem da família humana natural: se, por exemplo, os filhos fornicassem com as suas mães [como aconteceu com o Édipo da mitologia grega], mesmo com o uso de contraceptivos, deixava de ser possível a distinção entre gerações; deixaria de se saber quem são os pais, filhos, maridos ― as categorias fundamentais da família ruiriam e qualquer hierarquia como pressuposto da autoridade tornar-se-ia impossível.
Caso isso acontecesse, a autoridade passaria a basear-se exclusivamente na lei do mais forte, como acontece, por exemplo, nas alcateias. Ora, na espécie humana, a autoridade (e o conceito de “ordem”) não existe de forma idêntica à que verificamos existir entre os lobos, ou entre os porcos que Peter Singer tanto gosta.
Naturalmente que se alguém pretende eliminar a família natural da sociedade, uma das coisas que tem que fazer é defender o fim do tabu do incesto. Estas ideias não são novas : Platão defendeu uma coisa semelhante na sua “República” e nas “Leis”. A destruição da família humana natural é a melhor forma de se instituir um totalitarismo, e neste contexto, a guerra cultural contra o tabu do incesto faz todo o sentido.
Segunda-feira, 18 Outubro 2010
Sábado, 7 Agosto 2010
Estamos a caminho de um novo totalitarismo
É uma evidência que não pode existir uma cultura sem tabus. O que distingue as sociedades através dos tempos é o tipo de tabus vigentes, e é essa tipologia do tabu que determina a existência de uma civilização. Nem todas as culturas culminam em civilização exactamente pelo tipo de tabus culturais que possuem ou possuíram.
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Terça-feira, 8 Junho 2010
A evolução do gnosticismo até à sua expressão moderna (2)
A religião é uma criação ou um elemento constitutivo da cultura, podendo mesmo ser vista como um pressuposto da cultura.
Uma ressalva em relação ao postal anterior: quando me referi a “divindade” da Mãe-Terra, trata-se de uma figura de estilo, porque o culto da Mãe-Terra não era personalizado — não existiam, então, deuses pessoais. O culto da Mãe-Terra era impessoal e dedicado às forças terrestres sem sentido lato, que asseguravam a fertilidade da natureza (daí a associação simbólica entre o feminino e a natureza terrena da fertilidade, do nascimento, dos ciclos das estações por analogia aos ciclos de fertilidade feminina, etc.) e, por esta via, garantiam o ser e o devir do humano entre o nascimento e a morte. Durante o paleolítico superior e grande parte do neolítico, subsistiu um simples e incipiente culto dos mortos (manifestações fúnebres, exorcismos, etc.) em simultaneidade com o culto de forças naturais impessoais. Porém, este culto dos mortos não era espiritual no sentido que as religiões superiores, já na História, lhe veio a atribuir; antes era um culto dos mortos que se confundia com a própria realidade natural e material — não existia ainda uma diferenciação cultural clara entre o espiritual e o natural.
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Quarta-feira, 26 Maio 2010
O “homo occidentalis” — a redução da realidade à economia
O homo occidentalis já não consegue compreender que não é possível uma economia florescente sem os pressupostos civilizacionais que a condicionam: a cultura — que abrange a ética e a complexidade da racionalidade filosófica, a arte, o sistema do tabu e a religião.
Embora cristão convicto e com fé, sou um céptico por natureza. Tenho muita dificuldade em aceitar qualquer tipo de dogma, e a minha posição face às doutrinas e teorias é sempre crítica. Porém, há dogmas que são comummente considerados como tais porque não se dá, normalmente, a devida atenção à complexidade (em geral), não só à da realidade como à da consciência humana, isto é, há dogmas que não o são tanto assim e apenas manifestações racionalizadas — por via do simbolismo — da complexidade. E, em alguns casos, é na medida em que esta complexidade é compreendida e racionalizada pelo ser humano através da experiência intersubjectiva que surge o simbolismo que traduz o que passa a ser considerado como “dogma”.
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