perspectivas

Terça-feira, 23 Dezembro 2014

Stephen Hawking e a morte da filosofia

Filed under: Ciência,filosofia — O. Braga @ 11:31 am
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“Hawking defende que a filosofia morreu pois as grandes questões são respondidas pelas ciências da natureza, nomeadamente a física. Mas parece existir um grande problema na afirmação de Hawking. Como é que a física pode mostrar cientificamente que a filosofia morreu? Como é que Hawking consegue responder a essa grande questão sobre a morte da filosofia sem, ao mesmo tempo, filosofar? Que pensar disto?”

A filosofia morreu

Stephen Hawking parte de um princípio (um postulado; ou um axioma) segundo o qual “as pessoas só vivem neste mundo uma vez”. Não é possível fazer prova científica (no sentido do método das ciência da natureza) da verdade desse argumento, mais quando sabemos que a primeira célula viva que apareceu no universo ainda existe hoje — ou seja, essa célula primordial não morreu. Mas partir desse princípio também é filosofar — assim como um matemático parte sempre de um postulado para construir uma teoria através do formalismo matemático; e, neste sentido, também o matemático é um filósofo.

Stephen Hawking entende a filosofia no sentido do Positivismo, ou do neo-empirismo, em que filosofia era entendida como produto da “ilusão da linguagem”. Hoje ainda existem muitos pobres espíritos que pensam assim, apesar de demonstrações lógicas entretanto feitas que refutam o simplismo dessa forma de conceber a filosofia e o pensamento humano.

Stephen Hawking ficará para a História como o estereótipo do “cientista idiota”: através de um pensamento circular, recusa o carácter tautológico da ciência, por um lado, e por outro  lado confunde “ciência” com “técnica”.

Terça-feira, 23 Setembro 2014

Stephen Hawking e a entrevista ao jornal espanhol “El Mundo”

 

Não me queria referir a este assunto, porque o estado de saúde de Stephen Hawking merece misericórdia e respeito. Mas já que Carlos Fiolhais se referiu ao assunto, aqui vai.

Stephen-Hawking-a-secoO pensamento de Hawking é a negação do nexo causal, portanto, na prática, acientífico. A ideia de “um universo que se pode criar do Nada, por geração espontânea”, é acreditar num milagre. É evidente que existe aqui implícita a ideia de um “milagre”, e essa ideia de milagre (entendido em si mesmo) é de origem cristã (no caso de Hawking).

Quando Stephen Hawking fala em “mente de Deus” e “mente humana” (em inglês: “mind”, que significa também “espírito”), está a utilizar conceitos cristãos.

Por exemplo, um ateu propriamente dito e coerente, em vez de dizer à sua mulher “Amo-te de corpo e alma”, diria o seguinte: “Querida! A dopamina tomou conta do meu bolbo caudal raquidiano!”

Para um ateu não pode, em coerência, existir “mente” ou espírito”: antes existe uma caixa craniana com um montão de moléculas em constantes reacções químicas; também não pode existir “verdade”, porque o montão de moléculas em reacções químicas pode induzir tipos de verdades diferentes dependendo dos indivíduos. A minha química pode chegar a uma conclusão diferente da tua; por isso a verdade não existe e a ciência também não.

Há uma coisa que eu admiro em Stephen Hawking: tem uma vontade estóica. Qualquer pessoa na situação dele já tinha defendido a eutanásia. E essa qualidade de Stephen Hawking não pode ser escamoteada.

Terça-feira, 10 Janeiro 2012

O milagre da vida de Stephen Hawking

Filed under: A vida custa,Ciência — O. Braga @ 8:09 pm
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Stephen Hawking fez recentemente 70 anos, sobrevivendo miraculosamente a uma esclerose neuronal para a qual os médicos não lhe deram nunca grande esperança de vida. Talvez a maior ironia da condição humana é a de o Homem estar especado perante o milagre e não o conseguir ver e reconhecer: é esta obstinação contra a intuição que transforma o ser humano em algo inferior à condição de um animal irracional.

O projecto científico de Stephen Hawking é o de — ilusoriamente — acabar com a ciência, anunciando uma teoria [Multiverso ou Teoria de Cordas a 11 dimensões] que seria o fim da ciência — assim como Karl Marx e Francis Fukuyama anunciaram, respectivamente e em datas diferentes, o “fim da História”; e, curiosamente, ainda cá estamos todos…!

Através da teoria do “Multiverso a 11 velocidades”, a ciência deixaria de fazer sentido, porque o nexo causal desapareceria do próprio universo em que habitamos, na medida em que os fenómenos do nosso universo passariam a ser meros produtos do acaso, gerados em um qualquer universo paralelo — ou seja: a razão de ser dos fenómenos não estaria no nosso universo, mas num qualquer e indefinido universo paralelo; tudo o que se passaria no nosso universo seria produto de “jogo de dados” cósmico que não teria a sua origem no nosso próprio universo. Em resumo: Stephen Hawking pretende “matar” a ciência em nome da ciência.

Para além do absurdo de negar a procura da verdade científica e em nome de uma putativa verdade científica (!), Stephen Hawking recusa o milagre da sua própria existência. Vivemos em uma Era de paradoxos construídos pelo ser humano: em vez de olharmos para os axiomas lógicos e vermos neles a beleza do universo, passamos a construir paradoxos que lhe retiram a beleza.

Sábado, 6 Agosto 2011

O neopositivimo morreu: viva o niilismo científico!


«Stephen Hawking says that the universe contains as much negative energy as positive energy, and thus, it adds up to nothing, so the mass or energy didn’t need to come from somewhere else. »

Traduzindo, Stephen Hawking diz que o universo contém tanta energia negativa como energia positiva, e por isso, a soma dos factores anula-se, e assim a massa e/ou a energia não necessitam de ter vindo de algum outro lugar. Portanto, segundo Stephen Hawking, o NULO é exactamente a mesma coisa que o NADA. Por muito que nos possa parecer estranho, é este tipo de raciocínio de merceeiro que alimenta os professores das nossas universidades.

Desde logo, a ideia segundo a qual o universo contém tanta (ou a mesma quantidade) de energia negativa como de energia positiva, é pura especulação. Poderá acontecer que um dia isso venha a ser demonstrado de forma objectiva (ou não), mas até agora o que Stephen Hawking faz é especular.

Porém — e mesmo partindo do princípio segundo o qual “o universo contém tanta energia negativa como energia positiva” —, a mais extraordinária característica de uma determinada “ciência” contemporânea, é uma certa tendência para a negação das evidências. É evidente que o nulo, ou zero, é uma realidade quantificável, e portanto, objectiva. O nulo não é o Nada. Acho extraordinário como um físico eminente como é Stephen Hawking não percebe isto..!

Esta ideia de Stephen Hawking esconde ou revela o novo dogmatismo da ciência — que se segue ao decaído dogmatismo do positivismo e do neopositivimo, que claramente caíram em desgraça com as descobertas da física quântica; derrotados pela lógica, houve a necessidade de se criar um novo cientismo que se fecha, agora, em novos dogmas.

Este novo dogmatismo cientificista pretende convencer as pessoas da seguinte ideia :


(-1)+1=0
→ 0 = NADA

sendo que o NADA, segundo Stephen Hawking, é o Não-Ser, embora o Não-Ser não seja entendido por ele como uma forma de Ser.

Nem Heidegger, com o seu “Da-sein”, conseguiu a proeza de ser tão absurdo quanto Stephen Hawking; o filósofo alemão deve estar a revolver-se no seu túmulo, de tanta inveja em relação ao físico inglês.

Sábado, 28 Maio 2011

As ideias coliformes de Stephen Hawking

Filed under: A vida custa,cultura,filosofia — O. Braga @ 5:55 pm
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“Não existe vida após a morte para computadores avariados; isso é um conto de fadas para pessoas que têm medo do escuro.”

— Stephen Hawking em declaração ao jornal britânico “The Guardian”, a 15 de Maio de 2011

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Quarta-feira, 30 Março 2011

O erro de Espinoza (2)

Espinoza foi um homem que viveu e morreu sem grandeza porque não conseguiu ser diferente de uma árvore — não conseguiu vislumbrar a sua condição de miserável.

Quando Stephen Hawking, no seu último livro, afirmou que a causa do universo era o próprio universo, nada mais fez do que seguir, grosso modo, a metafísica de Espinoza. A diferença essencial é a de que Stephen Hawking baseia-se no conceito de Multiverso para justificar a infinitude material do espaço-tempo, enquanto que Espinoza concebia o universo como infinito porque não tinha os meios científicos suficientes para saber que, afinal, o universo teve um princípio e que, por isso, é finito.
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Domingo, 14 Novembro 2010

Karl Popper sobre o último livro de Stephen Hawking

« As nossas teorias científicas, por melhor comprovadas e fundamentadas que sejam, não passam de conjecturas, de hipóteses bem sucedidas, e estão condenadas a permanecerem sempre conjecturas ou hipóteses. »

Karl PopperEnsaio “Sobre o Saber e Ignorância”; discurso proferido por Karl Popper em uma conferência de 8 de Junho de 1979, no Salão Nobre da Universidade de Frankfurt-am-Main, por ocasião da atribuição do grau de Doctor Honoris Causa.

Adenda para burros: o título deste postal é uma metáfora!

Sexta-feira, 12 Novembro 2010

Afinal, parece que a ciência é mesmo um Abutriu !

Se eu fosse a dar resposta a qualquer idiota que comenta neste blogue, não faria outra coisa senão responder a comentários. Acontece que eu tenho uma vida que não me permite aturar imbecis, e por isso é que só comenta aqui quem eu permito. Alguém colocou um comentário que não será publicado, mas que desta vez eu vou citar e responder. A itálico está o que eu escrevi neste postal, e a negrito o comentário do dito cujo.

O Carlos Fiolhais sabe que as leis da física não podem ser a causa das leis da física

Não duvidando que seja sabido custa-me a crer que saiba esta. Parece-me que há muitas leis e não houve qualquer pressuposto circular. As leis da física que seguram uma maça numa árvore são diferentes das que a puxam para a terra.

fosse infinitamente antigo

nunca ninguém disse que era infinitamente antigo, a dimensão tempo teve início com o início do Universo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Big_Bang

ele já teria desaparecido devorado pelo seu próprio calor gerado pela aleatoriedade e pela desordem.

entropia e entalpia são conceitos diferentes. Como é que a entropia produz entalpia?

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Quarta-feira, 10 Novembro 2010

Isto é ciência ou um Abutriu ?

O Carlos Fiolhais adopta a “técnica do malandro”: cita Stephen Hawking, mas não comenta. E não comenta porque sabe que não poderia fazer a apologia do último livro de Stephen Hawking sem correr o risco de se lhe perguntar se ele tinha alguma noção do que é a Lógica.
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Terça-feira, 21 Setembro 2010

O Big Bang e Stephen Hawking

Filed under: Religare — O. Braga @ 2:05 am
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A noção de que o universo está em expansão é tão certa como a equação de Schrödinger — se é que pode existir alguma coisa certa, a nível da condição humana. E se o universo está em expansão, terá que estar em expansão a partir de alguma coisa; nada se expande sem uma origem ou ponto inicial a partir do qual essa expansão ocorre. Quando se constata que o universo está em expansão, a astrofísica conclui ou deduz o Big Bang. Trata-se de uma dedução primária e básica que não merece grande discussão.
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Segunda-feira, 6 Setembro 2010

O erro da teoria científica de Stephen Hawking

No seguimento deste postal, gostaria de colocar o problema do novo livro de Stephen Hawking de uma forma um pouco diferente.


O problema do ateísmo é ético, moral e político, e nada tem a ver com a ciência. Juntam-se uma data de maduros para lutar contra Aquele que eles dizem que não existe.

Uma teoria científica não é necessariamente verdadeira. Seria verdadeira não só se os dados que a constituem estivessem definitivamente estabelecidos, mas também se ela pudesse ser induzida logicamente de dados. De facto, não há lógica indutiva onde os factos produzem uma teoria; as teorias não são oriundas de dados: são sistemas lógicos de ideias que o espírito humano aplica aos dados para os justificar de uma maneira racional.

O raciocínio desenvolvido no parágrafo anterior é produto ou consequência do princípio da refutabilidade de Karl Popper.

Uma teoria é, pois, científica, não só porque parece justificar ou explicar dados ou fenómenos a que se aplica, mas essencialmente porque oferece os meios da sua própria refutação. Ou seja, uma teoria é científica não por ser verdadeira mas porque ela (a teoria) permite demonstrar o seu eventual erro. Se uma teoria que fornece os meios da sua refutação se torna à prova de erro, ela é considerada válida até que alguém consiga vislumbrar um erro.
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Quinta-feira, 2 Setembro 2010

Stephen Hawking deve estar aflito com falta de dinheiro

Depois de ter escrito um livro em 1988 em que admitia a existência de uma força divina anterior ao Big Bang, Hawking prepara-se para lançar outro livro desta feita dizendo o contrário. O problema de Hawking é o sucesso na venda do novo livro: se até Richard Dawkins pode criar best-sellers e encher o bandulho de dinheiro, porque não poderá Hawking fazer o mesmo ?
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