perspectivas

Quarta-feira, 28 Setembro 2016

O Domingos Faria e a confusão do amor politicamente correcto

 

O conceito de “amor” tem sido a ser prostituído por ditos “intelectuais”, e parece que o Domingos Faria embarca no sofisma.

“(…) quando se diz que os homossexuais são incapazes de ter crianças que são o fruto dos seus actos de amor, o Swinburne parece estar a fundir os conceitos de amor e de sexo/procriação. Todavia, tais conceitos não são coextensionais; pois, há muitos actos sexuais que não são actos de amor, bem como há actos de amor que não são actos sexuais. Por exemplo, as carícias, olhares, ou até a partilha das tarefas domésticas não são afinal "actos de amor"? Mas terão esses actos de estar fundidos ou ligados com actos sexuais? Parece óbvio que não”.


Tradicionalmente, faz-se a distinção entre espécies diferentes de “amor”:

  • libido (o amor pelo prazer e o sexo)
  • eros (o amor pelo belo, o deixar-se comover pela sedução do sedutor)
  • filia (o amor entre os corações que não podem viver um sem o outro)
  • ágape (o amor imanente pela comunidade, o amor pelo “outro” em abstracto, o amor pela sociedade, o amor pela continuidade e futuro da pólis)

O amor propriamente dito é a aspiração à unidade daquilo que se completa (também na Natureza). Aquilo que, por princípio, não se completa (naturalmente), também não pode constituir uma unidade. Neste sentido, o amor entre seres humanos é constituído pela libido, eros, filia e ágape.

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Quinta-feira, 21 Julho 2016

Os direitos de braguilha e a propriedade privada subordinada ao dinheiro

 

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G. K. Chesterton falou-nos da “religião erótica” do “novo paganismo” dos direitos de braguilha, que nada tem a ver com o paganismo antigo. O novo paganismo é a adoração do sexo sem vida, porque proíbe a fertilidade — ao passo que os pagãos antigos festejavam a paternidade; os novos sacerdotes da religião erótica dos direitos de braguilha aboliram a paternidade. Conclui Chesterton que os pagãos antigos entrarão no Céu ainda antes do que os novos pagãos.

G. K. Chesterton faz um paralelismo entre a religião erótica, por um lado, e por outro lado a propriedade privada subordinada ao lucro: a propriedade deveria supôr (em primeiro lugar) um amor à terra, ou um amor à propriedade em si mesma, “amor” entendido como frutificação da acção humana, independentemente do lucro — assim como o sexo não foi separado, pelos pagãos antigos, do seu fruto (a paternidade).

O homem moderno não percebe que a propriedade privada inclui o prazer do dinheiro apenas de forma acidental: a propriedade começa e acaba com algo muito mais importante e criativo do que o lucro.

Um homem que planta uma vinha também aprecia o sabor do vinho que produziu; mas ele realizou uma obra muito mais importante do que a produção de vinho: ele está a impôr a sua vontade à Natureza de uma forma análoga à vontade de Deus no acto da Criação; ele afirma que a sua alma é apenas sua e que não pertence nem ao mercado nem ao Estado; ele está a admirar a fertilidade do mundo.

Reduzir a propriedade privada ao dinheiro é semelhante à redução do sexo ao prazer: em ambos os casos, a importância do prazer privado e incidental deve ser substituída pela participação em processo criativo grandioso, “em uma eterna criação do mundo”.

Segunda-feira, 27 Junho 2016

O politicamente correcto diz que a moral católica reprime a sexualidade

 

O jornal Púbico publica um artigo da autoria da jornalista Ana Cristina Pereira, com o título “A prostituição diz muito sobre a sociedade”, que aborda o episódio das “Mães de Bragança”.

O artigo é uma crítica cultural ao homem/marido [de Bragança, neste caso — mas extensível ao marido em geral], e uma tentativa de vitimização da esposa, por um lado, e por outro lado incute a ideia da prostituta como uma espécie de “instrumento de revolução cultural”. E o corolário dessa revolução cultural está expresso no fim do texto, no seguinte trecho:

«Algumas mulheres [de Bragança] “começaram a deixar esturricar a comida, a tolerar os buracos nas meias dos maridos, a desleixar-se nas tarefas domésticas”, garante o sociólogo. Arranjaram tempo para frequentar salões de beleza, cuidar mais da sua imagem. E “a estabilidade matrimonial começou a ceder à influência de novas correntes socioculturais, propensas à valorização dos enlaces efectivos eróticos e não apenas à dos vínculos patrimoniais”.»

Naturalmente que uma “revolução” pressupõe, no pensamento mitológico da nossa actual cultura, uma melhoria e um progresso [entendido como “lei da Natureza”] em relação a condições anteriormente existentes. Mas o mais espantoso, no artigo, é a utilização sistemática da falácia da generalização: qualquer caso particular é generalizado em nome da “ciência social” de um tal José Machado Pais.
O corolário da tese ideológica do texto é a necessidade de precarização dos laços do casamento em nome da libertação da mulher; e, por outro lado, “quando um homem casado vai ao bar de alterne é sinal de quebra de estabilidade conjugal, diz o investigador”. E, a ida do homem [em geral, o que constitui uma falácia da generalização] ao bordel significa [segundo o artigo] “um afrouxar da ordem moralista ou repressiva” — e aqui está, na berlinda, a moral católica.

Ou seja, segundo o artigo, a existência de prostitutas até é uma coisa boa conquanto vá contra “a moral católica sexualmente repressiva”.


prostit-imNo século XV, e nas cidades da Europa, o bordel contribuía para a manutenção da paz social, e neste sentido, era uma “instituição católica”. Em meados do século XVI, o papado, para responder às críticas protestantes [Reforma], sentiu-se forçado a emitir uma defesa deste tipo [“o bordel contribui para a manutenção da paz social”] para justificar a existência dos “banhos públicos” em Roma. Ou seja, ao contrário do que dizem implicitamente a “jornalista” e o “sociólogo”, a moral católica não reprimia a prostituição [na Idade Média]; e a atitude tolerante de Salazar em relação à prostituição reflecte essa tradição católica medieval — que depois foi contrariada pela Contra-Reforma que, no fundo, imitou a Reforma.

A repressão [política] da prostituição iniciou-se com a Reforma protestante; e, de certo modo, essa “repressão sexual” foi imitada pela Contra-Reforma católica através da influência dos jesuítas na Igreja Católica. Em geral — e não só em relação às prostitutas —, antes da Reforma, as relações sexuais aconteciam frequentemente antes da actual “idade adulta” [21 anos]. A Igreja Católica medieval instituiu a figura cultural do padrinho de baptismo, que impedia que um homem mais velho pudesse ter relações sexuais com uma jovem afilhada com quem tinha um “relacionamento espiritual”; e era vulgar [na Idade Média] que uma menina pudesse ter vários padrinhos de baptismo: só depois da Reforma e da Contra-Reforma, o padrinho de baptismo passou a ser um só, e a sua figura foi desvalorizada pelo protestantismo.

Em consequência da repressão da prostituição, a partir do século XVII, (e da repressão sexual em geral), os casamentos passaram a realizar-se mais tarde na vida das pessoas, por um lado, e por outro lado, a idade dos nubentes passou a ser semelhante.


Não estou aqui a defender a prostituição; o que eu quero dizer é que é falso que a Igreja Católica tenha sempre reprimido a prostituição — porque os católicos medievais já tinham compreendido, mesmo sem dados científicos objectivos, que a mulher produz 400 óvulos durante toda a sua vida, ao passo que o homem produz biliões de espermatozóides. É a p*ta da realidade!

Quinta-feira, 21 Maio 2015

Começo a entender o comportamento da Isabel Moreira e quejandas

Filed under: Ciência — O. Braga @ 5:34 am
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isabel-moreira-85210-web“Lo sorprendente es que el semen humano también tiene virtudes llamativas. Un estudio realizado por Gordon Gallup y Rebecca Burch entre 300 mujeres ha demostrado que aquellas que usan condón tienen un puntaje 50% más alto en síntomas de depresión que aquellas que no lo utilizan.

El semen afecta el sistema nervioso femenino, es una de las conclusiones de la investigación. También hay evidencia que las mujeres embarazadas que no usan condón son menos propensas a sufrir preclampsia que aquellas que sí recurren a él. Dado que esta complicación médica tiene relación con una respuesta del sistema inmunológico de la madre, se cree que el semen podría tener también beneficios en las defensas.”

El semen altera el cerebro de las hembras

Quinta-feira, 16 Outubro 2014

O “filósofo” Domingos Faria incorre no erro da Vulgata externalista

Filed under: ética,Igreja Católica — O. Braga @ 8:20 am
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O primeiro erro de Domingos Faria é o de afirmar que, segundo a Igreja Católica, o acto sexual serve para procriar — quando a Igreja Católica diz que a procriação é o “fim último” do acto sexual, e não o “fim único”. E isto é tão verdade que a Igreja Católica aceita — sempre aceitou, desde o tempo de S. Paulo! — perfeitamente a contracepção através de métodos naturais.

Portanto, o primeiro sofisma do “filósofo” Domingos Faria está desmontado.

Um segundo erro de Domingos Faria é o de referir-se à filosofia natural de S. Tomás de Aquino (e da Igreja Católica) à luz de conceitos da actual sociobiologia. S. Tomás de Aquino fez a distinção clara entre o Homem e os outros animais. Domingos Faria reinterpreta S. Tomás de Aquino à luz da sociobiologia.

Portanto, Domingos Faria parte de pressupostos errados, e por isso todo o seu desenvolvimento ideológico está inquinado. Mesmo assim, vamos ver os seguintes argumentos dele.

A posição de Domingos Faria é externalista: diz ele — quando fala do “ser” e do “dever ser” — que pelo facto de uma pessoa ter uma obrigação moral para realizar um acto, essa obrigação não consiste, em si mesma, uma razão para realizar esse acto. Domingos Faria considera que as razões para considerar uma coisa como boa não são razões para escolher essa coisa.

Ora, não é porque uma coisa é desejada e/ou desejável que ela é boa! Podemos desejar uma coisa má. O desejo em si mesmo não define a bondade da coisa, mas antes é a bondade da coisa que pode determinar o desejo (em uma mente bem formada) que, no limite, se orienta para um “fim último” (e não um “fim único”, como pretende dizer Domingos Faria).

Portanto, Domingos Faria está errado: quando decidimos sobre o que queremos fazer, a nossa vontade (desejo) discricionária e arbitrária não faz parte das razões para agir. Foi isto que S. Tomás de Aquino quis dizer — antes que Domingos Faria metesse conceitos científicos modernos de permeio com a ética.

zoofiliaPor fim, em uma contradição inaceitável em um “filósofo” (porque ele valorizou a força do desejo anteriormente), Domingos Faria passa a desvalorizar o desejo (que é uma componente psicológica do ser humano) quando compara (ou coloca em um mesmo plano de análise) o uso do pénis, por exemplo, com o uso dos pés para chutar uma bola.

Segundo o “raciocínio” do “filósofo” Domingos Faria, o sexo com animais, por exemplo, pode ser legítima-, ética- e racionalmente defensável — porque o factor psicológico do desejo é por ele (por Domingos Faria) desvalorizado, e o uso dos órgãos sexuais é reduzido a uma qualquer função mecânica de um outro órgão qualquer do corpo, como por exemplo um pé que chuta uma bola.

Nós desejamos jogar futebol; o chuto na bola não é uma causa, mas antes é um efeito do desejo de jogar futebol.

Portanto, é a bondade do desejo que devemos analisar, e as consequências do desejo podem ser melhores ou piores, mais ou menos positivas — porque desde Sócrates que sabemos que ninguém faz o mal pelo mal: as pessoas querem sempre um qualquer bem, nem que seja o seu bem exclusivo e egoísta, que não deixa de ser um bem, embora um bem menor que não tem em conta o “fim último” defendido pela Igreja Católica.

Quinta-feira, 15 Março 2012

Entre a revolução e a revelação

Isilda Pegado fala aqui em “nova mentalidade”, e dei comigo, perplexo.
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Segunda-feira, 1 Agosto 2011

O Estado não tem que se meter na vida da família

Eu não concordo com a educação sexual nas escolas, embora não exactamente pelas mesmas razões expressas aqui. Penso que a verdadeira doutrina católica, que nos chega desde Santo Agostinho, não vê na sexualidade humana, heterossexuada por natureza, um pecado em si mesma, excepto se aquela se desvia da virtude. Exigir a um jovem adolescente que seja um santo faz parte de uma certa cultura gnóstica puritana; e, no outro extremo, estão os libertinos que sempre existiram, mesmo no seio da comunidade católica. Prefiro a concepção de “justa medida” da virtude dos socráticos.

Eu concordo com a Sofia Guedes, da Plataforma Resistência Nacional: «Cabe aos pais serem eles os responsáveis pela educação sexual e com valores dos seus filhos. Era o que faltava que um Estado viesse dizer que era obrigatório eles aprenderem um projecto que é assustador».

O meu problema em relação à tentativa do Estado em se imiscuir no âmbito da família é uma questão de princípio, e não propriamente de conteúdos, de meios ou de fins. O princípio da obrigatoriedade da educação sexual nas escolas está errado. No entanto, também há padres da Igreja Católica que defendem o contrário, o que demonstra que o problema é de natureza política e não exclusivamente de ordem ética ou moral.

Sendo um problema político, há que salvaguardar uma certa distância entre o Estado e a sociedade civil. A família é uma instituição da sociedade civil, e o Estado não tem que meter o bedelho na família. Não suportamos mais Estado nas nossas vidas; não queremos que uma entidade abstracta e quase anónima nos imponha coercivamente um determinado tipo de educação dos nossos filhos. O que o Estado português está a fazer é aquilo que se fez na ex-URSS e com consequências catastróficas para a sociedade russa, embora utilizando uma pretensa autoridade de direito que advém de eleições que não legitimou o Estado para determinadas políticas. A democracia republicana e maçónica actual serve-se das eleições para distorcer a democracia.

Quinta-feira, 22 Abril 2010

O absurdo do conceito de “orientação sexual”

O problema da opinião é que deve ser racional e nesta medida ter em conta a lógica mais elementar. Nós não podemos, em nome das ciências, defender posições acientíficas — e é o que está a acontecer hoje na nossa sociedade comandada pelo politicamente correcto — como não podemos defender, em nome da ética, posições anéticas, etc.

Por exemplo, o conceito de “orientação sexual” é um absurdo, por duas razões essenciais:

  • Primeiro, porque separa a sexualidade da natureza, esta não só entendida como os gregos a entendiam — como o processo global e holístico do desenvolvimento da vida — como no sentido actual e físico do termo.
  • Em segundo lugar, o conceito de “orientação sexual” abre espaço cultural para as mais diversas e esdrúxulas “orientações sexuais” — por exemplo, a zoofilia, a pedofilia, a necrofilia, etc.

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Terça-feira, 13 Abril 2010

Ainda sobre Raquel Freire

Vinha há pouco de Aveiro e sintonizei a Antena 1 da RDP. Pela primeira vez ouvi a Raquel Freire de que falei em outro postal. (more…)

Segunda-feira, 12 Abril 2010

O novo cânone de tabus da Raquel Freire

Recebi um convite para participar numa causa no Facebook com o seguinte ideário: “O clítoris na RDP — apoio à crónica de Raquel Freire na rubrica Este Tempo”. Os promotores da causa continuam:

« A dezasseis de Março de 2010, na sua crónica semanal na Antena 1, Raquel Freire atreveu-se a falar do clítoris e disse a palavra masturbação duas vezes. Mas há a escuta e há a audição selectiva. E as notícias lá vêm dizer que há queixas ao provedor por causa da hora a que a crónica “sobre a masturbação feminina” foi transmitida. Quem gosta de cantos escuros manifestou-se. Agora é a vez dos que gostam de janelas abertas fazerem o mesmo.

Escrevamos ao provedor da RDP em defesa da nossa liberdade de ouvintes e de uma sociedade mais saudável na sua relação com o sexo e na sua capacidade de se exprimir. O clítoris também tem direito às ondas hertzianas! »

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Quarta-feira, 30 Setembro 2009

O “Caso Polanski” e a elite cultural psicopata

Quando as elites culturais se movimentam em determinado sentido, podemos constatar as tendências da cultura em um futuro muito próximo. O caso de Roman Polanski é paradigmático.
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Segunda-feira, 17 Agosto 2009

Os socialistas europeus adoram contar as punhetas dos cidadãos

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O governo regional da Andaluzia (socialista, como não poderia deixar de ser) lançou uma campanha pública ― em que gastou dinheiro dos contribuintes ― aconselhando as mulheres a masturbarem-se. Para além do que foi dito aqui acerca da masturbação espanhola, gostaria de acrescentar uma ou outra ideia.

O problema de quem caia na tentação de criticar este tipo de iniciativas socialistas e “progressistas”, é o de que será imediatamente apodado de “preconceituoso”, “inibido sexualmente a precisar de um psiquiatra”, “retrossexual”, etc. Num país como Espanha em que o desemprego anda à volta dos 19% da população activa, a preocupação dos socialistas é o de gastar dinheiro do erário público aconselhando as mulheres a masturbarem-se; se calhar, é para as fazer esquecer que não há dinheiro para o tacho: enquanto se masturbam ― pensam os socialistas ― não se dão conta de que têm fome.

Eu até percebo que os centros de saúde ― através dos médicos de família ― tenham um papel importante no aconselhamento pontual sobre a sexualidade dos utentes desde que estes peçam a opinião do médico. Não vejo nenhum problema nisso. O que me causa uma certa confusão é que um governo gaste dinheiro para orientar o comportamento sexual do cidadão que supostamente deveria ser coisa privada.
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