perspectivas

Sexta-feira, 3 Maio 2019

A “pessoa”, como princípio de diferenciação cultural que caracteriza a singularidade da Europa (1)

 

A Cristina Miranda diz aqui aquilo que eu já resumi (neste espaço) da seguinte forma: a diferença entre o Bloco de Esquerda, por um lado, e os liberais portugueses, por outro lado, reduz-se à (concepção da) economia. Em tudo o resto são semelhantes, são compagnons de route do movimento revolucionário que conduzirá inevitavelmente a um novo tipo de totalitarismo.

« [os liberais portugueses] são uma espécie de “bloco de esquerda” nas liberdades individuais e no progressismo, mas liberais “não-socialistas” na economia.»

Lamento mas a Direita nunca governou em Portugal


A redução da realidade inteira à economia é uma característica própria de indigentes intelectuais, ou então de marxistas (o que vai dar no mesmo).

O “dilema” dos liberais portugueses é o de que não é possível (em termos práticos) defender o liberalismo na economia ao mesmo tempo que se defende uma cada vez maior (e multifacetada) intervenção do Estado na sociedade (ou seja, defender o liberalismo económico e, simultaneamente, defender a negação crescente e progressiva do liberalismo político).

Os liberais portugueses vivem em uma situação política de contradição insanável. Os liberais portugueses caíram numa armadilha ideológica que os conduzirá inexoravelmente à sua (deles) morte política.

E a armadilha ideológica colocada pela Nova Esquerda (a que se seguiu à queda do muro) consiste na ideia segundo a qual “é preciso cada vez mais intervenção do Estado na sociedade para assim defender uma cada vez maior afirmação da liberdade do indivíduo”. Mas os liberais portugueses não vêem a contradição do propósito da Esquerda.

Uma crescente e cada vez maior intervenção do Estado na sociedade não pode obviamente conduzir a uma maior liberdade individual, mas antes conduz à anomia e ao isolamento do indivíduo face a um Estado plenipotenciário  — ou seja, conduz ao prelúdio de um novo tipo de totalitarismo que tem como desígnio o fascismo chinês.

Não é por acaso que o fascismo chinês é o modelo político defendido pelas elites mundialistas para as diferentes regiões do planeta, e a União Europeia é uma clara tentativa impôr na Europa um fascismo político à imagem da China (sinificação).

A discussão deste assunto é prolixa: os liberais portugueses, salvo excepções, têm um baixo Coeficiente de Inteligência. Discutir com eles é “chover no molhado”.

Segunda-feira, 20 Fevereiro 2017

Uma tal Joana Pires, do Bloco de Esquerda, e a eutanásia

 

O Bloco de Esquerda, que é basicamente contra a propriedade privada (no sentido marxista), admite que “o direito à vida deveria ser um direito de propriedade”:

“O direito à vida deveria ser um direito de propriedade, e não como se configura hoje em dia, um direito de personalidade.”

uma tal Joana Pires, do Bloco de Esquerda

Há aqui um problema lógico: se o meu direito à vida é um “direito de propriedade”, trata-se de um “direito esquizofrénico”, por assim dizer, porque a nossa propriedade privada é, por definição clássica, algo que nos é exterior — e é por isso que os defensores do aborto dizem que o feto é algo exterior (ou mesmo estranho) ao corpo da mulher, e que, por isso, o feto é uma propriedade (no sentido de “posse de um objecto e de poder de dispôr dele”) da mulher que pode ser alienado e abortado por ela.

Se eu me considero a mim próprio como “propriedade de mim próprio”, tenho que me colocar fora de mim próprio para me conceber a mim próprio — o que é uma impossibilidade objectiva, porque não é possível pensar a nossa não-existência:

“Houve um tempo em que eu não vivia, e chegará um tempo em que eu já não viverei”.

Na tentativa de pensar a minha não-existência, tenho que produzir uma imagem de mim próprio; como se eu fosse outra pessoa; tenho que “saltar para fora” de mim próprio — o que é uma impossibilidade objectiva: nunca posso “pensar-me a mim próprio” a partir do “exterior de mim próprio”. Se me penso a partir do exterior de mim próprio, então não me penso a mim; e se me penso a partir do interior [de mim próprio], então não posso pensar o que seria não existir.

Por isso é que o direito à minha vida — ou seja, o direito à minha existência — não pode ser um “direito de propriedade”, porque a auto-referencialidade não me permite logicamente.

Segundo Gödel, todos os sistemas auto-referenciais (como, por exemplo, o ser humano) são insondáveis. Se traduzirmos o teorema de Gödel em modo filosófico e metafísico, teremos que deduzir o facto geral de “eu ser prisioneiro de mim próprio”, não me podendo ver a partir do exterior. E se “eu sou prisioneiro de mim próprio”, não posso simultaneamente ser “propriedade de mim mesmo”.

Quando a dita senhora do Bloco de Esquerda diz que o direito à vida é um “direito de personalidade”, o que ela pretende dizer é que o direito à existência é um “direito da pessoa”. E, enquanto pessoa, ninguém lhe tira a possibilidade de suicídio. O que essa pessoa — qualquer uma pessoa — não tem o direito, é de instituir a negação do direito à vida como uma regra moralmente válida (ou seja, uma regra moral universal, porque não existem valores da ética que não sejam universais).

Finalmente: é espantoso como a Esquerda pretende fazer desaparecer, da nossa sociedade, a noção de pessoa: é o primeiro passo para uma sociedade desumanizada, como aconteceu com o nazismo e com o estalinismo. E depois, o Donald Trump é que é o mau da fita.

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Sexta-feira, 12 Julho 2013

Ser contra o aborto e contra a eutanásia é ser racional

Filed under: aborto — O. Braga @ 7:28 pm
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Genoma humano

Ser contra o aborto e contra a eutanásia é o resultado e o corolário de puro exercício de racionalidade. Ou seja, não é uma questão de dogma, ou apenas de religião, ou de uma qualquer crença: é sobretudo uma questão de se seguir a razão e a lógica.

A vida de uma pessoa – ou de um “indivíduo”, como preferem dizer os liberais – não lhe pertence, por duas ordens de razão:

1/ uma pessoa não deu — ou não concedeu — a sua vida a si própria;

2/ uma pessoa não pode decidir — por sua alta recreação e capricho — que não irá morrer.

Decorre destes dois pontos supracitados que uma pessoa não faz, de facto, da sua vida tudo o que quiser e, por isso, a sua vida enquanto tal não lhe pertence. E se uma pessoa não tem o direito de decidir sobre a vida ou morte do seu semelhante, então terá necessariamente que ser contra o aborto e contra a eutanásia.

Acresce-se que uma pessoa não é só um ser dotado de consciência e de auto-consciência e/ou existente fora do útero materno.
A pessoa é todo e qualquer ser vivo que possua um genoma humano.

Em suma, não é necessário ser religioso para se ser contra o aborto e contra a eutanásia: apenas é necessário ter miolos e pensar um pouco.

Sexta-feira, 8 Fevereiro 2013

Dakota do Norte implementa o estatuto de pessoalidade

Filed under: aborto,ética — O. Braga @ 4:38 pm
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BISMARCK, ND, February 7, 2013, (LifeSiteNews.com) – North Dakota may be on the verge of becoming the first state in the union that protects human beings from the moment of conception after the Senate passed the state’s personhood amendment.

Via.

O senado do estado americano do Dakota do Norte fez passar uma emenda constitucional que institui o estatuto de “pessoalidade”, o que significa que o estatuto de pessoa passa ser extensível ao embrião humano a partir do momento da concepção. Ou seja: um embrião humano passa a ter o mesmo direito à vida de um ser humano já nascido.

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Segunda-feira, 13 Junho 2011

O ataque cultural ao casamento e à família



Esta notícia acontece porque se trata de um crime cometido na relação entre duas pessoas casadas.

Por exemplo, é sabido que o conhecido “violador de Telheiras” andou muito tempo a violar mulheres e adolescentes, mas esse caso só passou a ser notícia de jornal quando os casos de violação eram tantos que seria impossível ignorá-los. Todos os dias existem violações sexuais em Portugal, com as respectivas queixas apresentadas na polícia, e nem por isso os jornais andam atrás dos seus relatos.

Portanto, esta notícia é “teleguiada”. Independentemente de se tratar do Correio da Manhã — que, como sabemos, é um tablóide — a verdade é que a notícia existe porque o homem que violou a mulher é casado com ela. Não fossem, ela e ele, casados, provavelmente este caso não seria notícia de jornal e seria mais um caso entre muitos que escapam ao olhar da opinião pública.
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