“No sabemos lo que nos pasa, y eso es lo que pasa.” — Ortega y Gasset
Para as elites actuais, Ortega y Gasset foi uma espécie de burro; ao contrário do filósofo espanhol, as elites actuais não se consideram cegas, como estavam seguramente cegas as elites de 1937 a 1939. Não lhes passa pela cabeça que não sejam outra coisa que uma plêiade de iluminados prenhes de certezas. E é nisto que a História se repete: a memória dos povos é curta e as elites cometem sempre o mesmo tipo de erros, convencidos de que “sabem o que se passa”.
As engenharias sociais que separam o homem, por um lado, da Natureza, por outro lado (e através da substituição da Ética pelo Direito Positivo), são produtos de convicções firmes das elites que destroem qualquer informação que as desminta — porque as elites têm a certeza de que “sabem o que se passa”. Como aconteceu na década de 1930, estamos hoje entregues a gente que tem a certeza absoluta da rectitude da sua acção política, e muitas vezes à revelia da vontade dos povos que nelas delegou o Poder através do voto.
Não adianta que os filósofos chamem à atenção para a necessidade de prudência na política: em vez disso, as elites tratam de erradicar a filosofia do ensino oficial, cortando o mal pela raiz — porque pensar é perigoso!; e porque as ideologias fazem explodir a razão e a informação, na medida em que a informação é endogenamente inimiga das ideologias. Tal como na década de 1930, hoje não há lugar para quaisquer dúvidas senão aquelas que incomodam as elites. Como dizia Lenine: “Os factos são teimosos”. E como os factos são teimosos, as elites que temos tratam de eliminar os “factos que teimam” em não se adequar à realidade delirante e psicótica por elas construída.
Voltamos ciclicamente à estaca zero. Todos os ensinamentos que retiramos do horror de uma época pretérita são esquecidos na época seguinte em nome de uma nova crença na possibilidade de um paraíso na Terra. O que muda é apenas a noção de “paraíso”, própria da moda coeva.
¿François Hollande tem legitimidade política para fazer o que está a fazer em França, acolitado pela elite maçónica e jacobina? É claro que não tem essa legitimidade. Mas faz o que faz, em nome do conceito abstracto de “Vontade Geral“. Ele não foi eleito para criar um clima de terror cultural no seu país, mas não hesitou um segundo em optar pelo terrorismo em relação à cultura antropológica do seu povo. Estamos todos a lidar com gente muito perigosa.
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