perspectivas

Terça-feira, 24 Janeiro 2012

A esquerda radical funciona hoje em um esquema de Holding

A esquerda radical funciona hoje em um esquema empresarial de Holding, em que existe um centro de gravidade ocupado pela ideologia pura que aglutina e coordena esquematicamente a acção política do conjunto.

Hannah Arendt descreveu o velho totalitarismo, tanto o marxista-leninista como o nazi, com o exemplo de uma cebola que tem várias camadas envolventes, e em cujo centro se encontra o núcleo duro ideológico. Esta configuração das religiões políticas totalitárias alterou-se substancialmente com a queda do muro de Berlim.

Hoje, o esquema de Holding dos partidos radicais de esquerda permite que o núcleo duro ideológico — o centro de gravidade — tolere a adesão [à Holding política] de organizações e/ou indivíduos esquerdistas moderados que não defendem a violência como uma forma de intervenção política, e que estejam mesmo algo distanciados ideologicamente do núcleo duro da Holding. A Holding política radical permite “atacar” a sociedade em várias frentes, embora a acção política seja coordenada pelo centro de gravidade da Holding partidária.

Esta forma de actuar da nova esquerda radical é mais difícil de contrariar quando comparada com a da “cebola” de Hannah Arendt, porque o adversário político radical pulveriza-se em acções multifacetadas segundo o princípio da acção de várias empresas pertencentes a uma Holding.

Quinta-feira, 28 Julho 2011

É possível um comunista ser monárquico?

Filed under: A vida custa,Esta gente vota,Política — O. Braga @ 4:22 am
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Existem alguns estúpidos que se dizem “monárquicos” que acreditam que um marxista-leninista pode ser simultaneamente monárquico! Seria o mesmo que alguém dissesse que um círculo pode ser quadrado.

Daquilo que eu conheço da doutrina de Karl Marx, um comunista monárquico é uma impossibilidade objectiva: seria semelhante a uma situação em que alguém se nos apresentasse como sendo um fascista democrático:

“Bom dia! Eu sou um democrata fascista!”;

e alguns burros monárquicos fazem-lhe a vénia …

Existem por aí uns mentecaptos monárquicos que acreditam em estórias de fadas…

Terça-feira, 12 Outubro 2010

Contrastes



Face a solicitações de vários órgãos de comunicação social sobre a atribuição do prémio Nobel da Paz deste ano, o PCP divulga o seguinte:

A decisão da atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo – inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China – é, na linha da atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2009 ao Presidente dos EUA, Barack Obama, mais um golpe na credibilidade de um galardão que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos.

Domingo, 25 Julho 2010

Memórias de adolescente (a todos os marxistas-leninistas)

Filed under: A vida custa — O. Braga @ 1:53 pm
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Campo de reeducação política

O guerrilheiro apontou-me a Kalachnikov. “Senta-te! “, berrou. Sentei-me de imediato na areia húmida do cacimbo que impregnava os meus ossos naquela noite de Agosto. Centenas estavam já de cócoras ou sentados da mesma forma, no meio da noite escura que me confinava o espírito numa angústia que em vão tentava racionalizar.

Os grupos eram organizados metodicamente. No meu grupo, umas largas dezenas. Outro grupo, mais além. E outro, e outro e mais outro até onde a minha vista podia detectar os vultos e a percepção de sombras em movimento, ou a minha audição de silêncios mitigados poderia alcançar.

Não tinha a noção exacta onde estava. Poderia ser uma parada de um quartel qualquer, enorme concerteza, porque não lhe via os limites ou porque a noite cerrada lhe fazia aumentar as fronteiras. Mais ao longe, grita-se: “Diz Viva à Frelimo! “; segue-se um silêncio angustiador. Uma rajada de metralhadora ressoa com estrondo abafando gritos de morte que se prolongam com gemidos moribundos, exânimes. “São Testemunhas de Jeová, os gajos! Só dizem ‘Viva a Deus ‘, e a ninguém mais. Foderam-se!”, balbuciou-me o acocorado mais próximo. O absurdo tomou conta de mim, inspirei profundamente o ar da noite e deixei de sentir medo.

Terça-feira, 16 Junho 2009

As contradições do marxismo

Este artigo de Olavo de Carvalho faz uma análise objectiva do que significa o marxismo em termos práticos, e foi escrito de uma forma que toda a gente pode entender.

Nas últimas eleições europeias, dois partidos marxistas [Bloco de Esquerda e o Partido Comunista] conseguiram (os dois somados) mais de 20% dos votos. Naturalmente que muitos portugueses que votaram nesses dois partidos marxistas ou não sabem o que é o marxismo, ou desvalorizam a vertente ideológica dando mais importância às agendas políticas de circunstância e oportunistas que fazem a bandeira da “justiça” e da “igualdade”.
Porém, existem pessoas ― principalmente os mais jovens ― que acreditam na “fé marxista” como isenta de qualquer incoerência; é para as pessoas da “fé marxista” que escrevo este postal.

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Quarta-feira, 5 Novembro 2008

Não há “Nobel que aguente”

olhos-em-bico

Saramago defende o fim de Guantânamo. Eu acho muito bem. Mas também acharia bem que ele já se tenha esquecido dos Gulags soviéticos, porque Saramago nunca se retratou em relação ao seu apoio político em relação aos campos de concentração da ex-URSS. Por esta e por outras é que se perde a credibilidade, por muitos “nóbeis” que se acumulem.

Segunda-feira, 11 Agosto 2008

Olavo de Carvalho e o marxismo

«A reacção espontânea do leitor ingénuo ante essas obras [as dos comunistas] é imaginar que tanta repulsa ao mal [o “mal” burguês] só pode nascer de um profundo amor ao bem. Mas é próprio do mal odiar-se a si mesmo, e simplesmente não é possível que a redução de todos os valores morais, religiosos, artísticos e intelectuais da humanidade à condição de camuflagens ideológicas de impulsos mais baixos seja inspirada no amor ao bem.
O olhar de suspicácia feroz que Marx e seus continuadores lançam sobre as mais elevadas criações dos séculos passados denota antes a malícia satânica que procura ver o mal em tudo para assim parecer mais suportável na comparação.»

“Mentira Temível”.

Quinta-feira, 18 Outubro 2007

A Guerra de África

“Dois excessos: excluir a Razão, admitir apenas a Razão.” – Blaise Pascal

Vou aqui referir-me ao documentário que a RTP exibe sobre a “Guerra de África”, ou a “Guerra Colonial”, aka “Guerra do Ultramar”, aka “Guerra da Independência”, aka “Guerra de Libertação Nacional”, coordenado pelo jornalista Joaquim Furtado, relacionando-o com uma citação de Francisco Noa no seu livro “Império, Mito e Miopia” (Moçambique como invenção literária), sobre a literatura produzida em Moçambique durante a Era colonial:

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