A esquerda radical funciona hoje em um esquema empresarial de Holding, em que existe um centro de gravidade ocupado pela ideologia pura que aglutina e coordena esquematicamente a acção política do conjunto.
Hannah Arendt descreveu o velho totalitarismo, tanto o marxista-leninista como o nazi, com o exemplo de uma cebola que tem várias camadas envolventes, e em cujo centro se encontra o núcleo duro ideológico. Esta configuração das religiões políticas totalitárias alterou-se substancialmente com a queda do muro de Berlim.
Hoje, o esquema de Holding dos partidos radicais de esquerda permite que o núcleo duro ideológico — o centro de gravidade — tolere a adesão [à Holding política] de organizações e/ou indivíduos esquerdistas moderados que não defendem a violência como uma forma de intervenção política, e que estejam mesmo algo distanciados ideologicamente do núcleo duro da Holding. A Holding política radical permite “atacar” a sociedade em várias frentes, embora a acção política seja coordenada pelo centro de gravidade da Holding partidária.
Esta forma de actuar da nova esquerda radical é mais difícil de contrariar quando comparada com a da “cebola” de Hannah Arendt, porque o adversário político radical pulveriza-se em acções multifacetadas segundo o princípio da acção de várias empresas pertencentes a uma Holding.