Escreve o António Piedade o seguinte :
« Coisa interessante é que Luís Portela consegue escrever um livro que aparenta ser a favor do conhecimento científico e da importância que a ciência tem no desenvolvimento de uma humanidade mais livre. O problema é que o leitor menos atento pode iludir-se com a tentativa consciente de Luís Portela em afirmar que algumas teorias, utopias e imaginações são passíveis de serem verificadas e validadas através do método científico. Mas ao mesmo tempo Luís Portela afirma que “embora não demonstradas cientificamente, estas conjecturas [vidas passadas e futuras, por exemplo] fazem sentido”. O problema é que o “sentido” e as realidades mentais em que Luís Portela é livre de acreditar não são passíveis de serem verificadas, ou sequer experimentadas, pela ciência moderna. A ciência moderna tem como objecto de estudo o que é e não o que nós queremos, acreditamos ou desejamos que deva ser! »
Saiba o(a) leitor(a) que o critério que norteia a ciência é o de que ” só tem significado aquilo que é verificado“ – ou seja, segundo a ciência, tudo aquilo que não é passível de ser verificado não tem significado senão, em alguns casos, como uma mera hipótese.
Porém, esta proposição (“o critério da significação é a verificação”) não é, ela própria, verificável!
Isto significa que a ciência parte de uma espécie de dogma que separa o seu fundamento da própria metafísica, e em relação à qual a ciência está intrinsecamente ligada, – embora a ciência negue o valor da metafísica.
Porém, os neurónios do António Piedade não abarcam factos tão simples e evidentes como o de que a própria ciência se fundamenta na metafísica. O António Piedade é incapaz de pensar senão pelos miolos dos outros.