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Quarta-feira, 1 Março 2017

O Frei Bento Domingues é um modernista do passado

Filed under: Igreja Católica — O. Braga @ 1:36 pm
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1/ Como sempre tem acontecido, não concordo com o Frei Bento Domingues: eu penso que O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, em vez de desassossegar, sossega a crença religiosa racional — aquela crença racional que Santo Anselmo descreveu no Prolosgian. E O Livro do Desassossego não “abala certezas”, como diz positivamente o Frei Bento Domingues: pode abalar “verdades”, mas não devemos confundir as certezas e as verdades. Por exemplo, eu tenho a certeza de que o universo tem uma causa (que, por ser causa, não se confunde com o seu efeito): é uma certeza racional equiparável às certezas do formalismo matemática. E, baseando-se nessa certeza, o ser humano constrói várias “verdades”, incluindo a “verdade científica” segundo a qual uma baleia evoluiu a partir de uma espécie de ameba.

2/ O Frei Bento Domingues acredita, genericamente, na versão histórica progressista e de esquerda acerca dos acontecimentos principais desde o 25 de Abril de 1974 até hoje. Mas o Frei Bento Domingues diz que “nenhum católico está obrigado a acreditar no carácter sobrenatural” das aparições de Fátima.

Um dos problemas do Frei Bento Domingues é o de que ele não pode ser filósofo — embora ele o queira ser —, porque o filósofo questiona racionalmente as suas crenças; o Frei Bento Domingues tem a crença segundo a qual ele questiona as suas (dele) crenças. ¿O Frei Bento Domingues poderia ser teólogo? Também não, porque um teólogo tem que ser, hoje, também um cientista. O Frei Bento Domingues é um ideólogo, e nada mais do que isso. Trabalha em ideologia.

3/ o Frei Bento Domingues confunde um mito (como o de Santiago de Compostela) com um evento testemunhado por milhares de pessoas no século XX. O problema do Frei Bento Domingues é o de que ele não estava lá para testemunhar. Ver para crer, como o Tomé. E mesmo que o Frei Bento Domingues estivesse lá, naquele dia 13 de Outubro de 1917 em que “o Sol dançou” (segundo dezenas de milhar de testemunhas), ele chegaria ao fim do “espectáculo” e diria que tudo aquilo teria sido efeito da aguardente que teria bebido no fim do almoço.

4/ a mentalidade ou o arquétipo mental do Frei Bento Domingues é a de um modernista; ele pensa da mesma forma que o meu merceeiro aqui do bairro; ou pensa como o cauteleiro da baixa da cidade que me oferece a hipótese de enriquecer. Mas gente como o Frei Bento Domingues pensa que toda a gente hodierna é modernista como ele; mas há hoje muitos cientistas que não pensam como o Frei Bento Domingues, ou seja, são modernos mas não são modernistas.

Segundo a física quântica, a probabilidade de uma pessoa, ou de um grupo de pessoas, ver, por exemplo, uma pedra desaparecer de um sítio e aparecer noutro, não é nula (não é igual a zero).

A esse fenómeno de desaparecimento e reaparecimento da pedra, chama-se “salto quântico” ou “efeito de túnel”, e tem a característica de não ter uma garantia de repetição exacta. A razão por que um “salto quântico” pode ocorrer é desconhecida pela ciência (mas essa razão é objectiva, ou seja, não depende do nosso desconhecimento circunstancial sobre o fenómeno em causa).

E dado que não existe uma garantia de que o fenómeno do desaparecimento da pedra e o seu reaparecimento seja repetível, não existe uma possibilidade de estudo científico (ou histórico) desse fenómeno, uma vez que a ciência baseia-se na análise dos fenómenos que se repetem regularmente na natureza (sem estatística não há ciência propriamente dita).

Essa pessoa ou grupo de pessoas que observaram a pedra desaparecer de um sítio e reaparecer noutro, provavelmente correm o risco de ser apodadas de malucos, se revelarem o fenómeno observado.

Aqui entramos na área do “milagre”. Por exemplo, ainda hoje os ateus e materialistas dizem que os milhares de pessoas que observaram o fenómeno das aparições de Fátima, no início do século XX, foram vítimas de alucinações. Tal como o exemplo supracitado da pedra, o fenómeno de Fátima não é repetível de forma regular de modo a ser objecto da ciência (e das ciências sociais); a razão por que esse fenómeno ocorre é desconhecida da ciência. E, por isso, os ateus dizem que aqueles milhares de pessoas em Fátima eram malucas ou estavam bêbedas. É assim que pensa o Frade modernista.

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Segunda-feira, 30 Janeiro 2017

A estupidez natural do Frei Bento Domingues

 

Quando leio o Frei Bento Domingues fico incomodado: não por qualquer dissonância cognitiva da minha parte, mas porque ele parece ter um sério problema cognitivo. E quando eu leio um burro, fico logo com a mosca.

“Seria, todavia, grave que, por causa das análises inadequadas do autor, não perguntássemos com insistência: o que aconteceu, ao longo dos séculos, para se esquecer, que numa das primeiras comunidades cristãs não havia, entre eles, nenhum indigente (…); distribuía-se a cada um segundo a sua necessidade? Hoje, o abismo entre ricos e pobres continua escandaloso. Alguns desses ricos e opressores ainda passam por benfeitores. Que enxertos perversos foram feitos na árvore cristã para dar frutos tão maus?”

Frei Bento Domingues

fbd-2-webO Frei Bento Domingues é um caso sério de burrice; se houvesse um doutoramento em burrice, ele seria até Honoris Causa. Ora, diz o burro que nas “primeiras comunidades cristãs não havia, entre eles, nenhum indigente (…); distribuía-se a cada um segundo a sua necessidade”; e é verdade.

Conforme referi anteriormente,

1/ Os historiadores (Boak, Russell, MacMullen, Wilken) apontam para uma população total de cerca de 60 milhões de pessoas em toda a área do império romano, após a crucificação de Jesus Cristo.

2/ O Cristianismo, então nascente, é considerado um fenómeno sociológico, que passou de 1.000 seguidores (no total) no ano 40 d.C., para 7.500 no ano 100 d.C., 218.000 no ano 200 d.C., e seis milhões no ano 300 d.C..

Isto são factos relativamente documentados (mais coisa, menos coisa).

Quando as comunidades cristãs atingiram as muitas centenas de milhares de pessoas, o comunitarismo de que fala o burro deixou de ser possível, em termos práticos, nas diversas comunidades cristãs no império romano.

Ou seja, o comunitarismo cristão do “tudo em comum”, segundo o burro, só foi praticamente possível enquanto a população cristã total, e em todo o império romano, era apenas de alguns milhares — no século I da nossa Era.

Comparar as comunidades dos cristãos do século I, por um lado, com a realidade do século III, por outro lado e por exemplo, ou com a realidade actual — como faz o asno —, é um sofisma; e só se compreende esse sofisma do Frei Bento Domingues por estupidez natural.

Domingo, 2 Outubro 2016

O Frei Bento Domingues e o Padre Pio de Pietrelcina

 

Quem ler o que o Frei Bento Domingues escreve, e o que escreveu o Padre Pio de Pietrelcina, encontramos muitas discordâncias fundamentais entre os dois, acerca da religião.

“O dia especialmente consagrado a Deus tem de coincidir com o acontecimento da libertação, da alegria, da felicidade do ser humano. Deus não pode ser louvado à custa da humanidade. O Sábado é para o ser humano, não é o ser humano para o sábado. Deus quer misericórdia. Não se alimenta de sacrifícios humanos”.

A verdadeira religião é crítica

Padre-PioA forma como o Frei Bento Domingues apresenta o sacrifício humano perante Deus, é diabólica. O Frei Bento Domingues apresenta o deus comum dos católicos como uma espécie de leviatão bíblico que devora os seres humanos através do sacrifício, e depois diz que esse leviatão não é o Deus de Jesus Cristo.

E o Frei Bento Domingues faz referência ao livro do Anselmo Borges, pessoa que defendeu a legalização do aborto em Portugal (Les bons esprits se rencontrent…) — o aborto, que é o sacrifício supremo e involuntário do ser humano que alimenta o altar luciferino do dinheiro que ambos dizem combater. Como escreveu o poeta brasileiro Mário Quintana: “O aborto não é, como dizem, simplesmente um assassinato. É um roubo… Nem pode haver roubo maior. Porque, ao malogrado nascituro, rouba-se-lhe este mundo, o céu, as estrelas, o universo, tudo. O aborto é o roubo infinito”.

Se alguém perguntar ao Frei Bento Domingues ¿o que é “a felicidade do ser humano”? a que ele se refere no seu textículo, ele não terá certamente resposta objectiva — a não ser que se trate de um imbecil. E eu suspeito que o Frei Bento Domingues é um imbecil a quem os me®dia portugueses imbecilizados têm dado uma atenção muito especial.

Os católicos actuais estão em uma encruzilhada: ou seguem os conselhos dos Freis Bentos Domingues e dos Anselmos Borges deste mundo, ou escolhem seguir, por exemplo, os conselhos do Padre Pio de Pietrelcina. O princípio, aqui, é o do terceiro excluído.

Quinta-feira, 15 Setembro 2016

O Frei Bento Domingues pretende transformar o catolicismo em uma espécie de filosofia New Age de auto-ajuda

 

O Frei Bento Domingues escreveu o seguinte:

“Repetiram-me, todo este Verão, que a Missa precisa de uma reforma profunda. Algumas queixas eram bem identificadas: três leituras e um salmo muito longe do nosso tempo, remetendo-nos sempre para um passado, que já não nos diz nada; as chamadas orações eucarísticas são pouco variadas e parecem existir apenas para enquadrar a chamada consagração do pão e do vinho, a matéria da comunhão, e um enigmático pedido de Jesus, fazei isto em memória de Mim”.

QUE FAZER DA MISSA? Frei Bento Domingues, O.P.

Seria mais fixe, talvez, a leitura de trechos dos livros de Harry Potter; e em vez dos salmos, uma canção da Madonna ou um Heavy Metal.


auto-ajudaO problema do Frei Bento Domingues é o de que perdeu o sentido da diferença entre tempo profano e tempo sagrado (no que diz respeito ao Cristianismo; não podemos dizer que o Frei Bento Domingues seja, de facto, cristão), e que o tempo sagrado implica uma “suspensão do tempo”, por assim dizer — e isto acontece em todas as culturas religiosas.

Por isso torna-se penoso comentar os textos do Frei Bento Domingues: são textos escritos para agradar a pessoas que pensam a religião (em geral) em termos de uma filosofia de auto-ajuda.

Sábado, 11 Junho 2016

O Anselmo Borges diz tudo: o papa Chico é um psicopata

 

O Anselmo Borges não se dá conta de que quando alguém é muito “popular”, não pode ser muito credível. Mussolini foi muito popular em Itália, e não só em Itália; Hitler foi muito popular na Alemanha e um pouco por toda a Europa, havendo mesmo militantes do partido nazi no Reino Unido.

Jesus Cristo não foi popular: pelo contrário, desagradou ao mundo e, por isso, morreu na cruz. O papa Chico sacrificou a verdade em prol da popularidade. Mas “não podes servir a dois senhores”…

Na comunicação social, não existe qualquer colunista autorizado a criticar o papa Chiquinho; apenas existem os propagandistas do caudilho, como é o Anselmo Borges e o Frei Bento Domingues. Até o João César das Neves anda caladinho que nem um rato. Qualquer crítica ao Chico é considerada herética por católicos e ateus. Pela primeira vez na História, católicos e ateus andam de braços dados, e qualquer pessoa com dois dedos de testa sabe o que isso significa:

“Ninguém pode servir a dois senhores; pois não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” — Mateus, 6,24

Aparentemente, o papa Chico não serve o dinheiro. Mas é só aparência. Quando ele defende, por exemplo, a imigração desregrada, ele está a defender os interesses dos mais ricos do mundo. Aos donos do dinheiro interessa que o trabalho especializado seja o mais barato possível; e em vez de trabalhar para o desenvolvimento dos países mais pobres (as tais periferias), o papa Chico defende a deslocação das populações desses países para a Europa, para assim garantir uma mão-de-obra barata na Europa.

O papa Chiquitito está em perfeita sintonia política com a plutocracia globalista. Nunca ouvirão um George Soros ou um Bill Gates, por exemplo, criticar o Chiquinho. E quem critica o Chiquinho — como o fez o Donald Trump — é excomungado: pela primeira vez, desde há 100 anos, qualquer crítica a um papa é considerada motivo para excomunhão.


Escreve o Anselmo Borges:

"Francisco não é um Papa de actos, mas de processos. Ama o processo. Abrir processos que não tem de ser ele necessariamente a terminar." Se um processo é um pôr em marcha, "o próprio facto de haver resistências significa que o processo funciona".

¿O que significa “processo” (neste contexto)?

O termo “processo” foi extraído do vocabulário da química (Ambrósio Paré, século XVI), designando a sequência de funções que originam ou concretizam um fenómeno material, tendo como base a sua regularidade estatística. Mais tarde, a palavra “processo” foi utilizada por Karl Marx no “Capital”, no sentido de “processo dialéctico”. Ou seja, o papa Chico tem uma visão materialista da sociedade (das “massas”) e uma concepção marxista de “progresso”.

A proposição segundo a qual "o próprio facto de haver resistências significa que o processo funciona" é própria de um deficiente mental ou de uma mente perversa.

Se, por exemplo, eu inicio um processo de assalto à mão armada a um Banco, e se houver resistência ao assalto, é porque o processo está a funcionar!. Ou seja, a proposição é irrefutável (o que é próprio de uma ideologia política totalitária): se não há resistência, é porque o processo funciona; e se há resistência, o processo também funciona.

O que o Anselmo Borges escreve é um insulto à nossa inteligência. Aliás, o Chiquitito insulta-nos a inteligência todos os dias. Quando se tratam os seres humanos em função de um “processo” material (como se a sociedade fosse reduzida a um fenómeno físico), descuramos as retro-acções históricas, somos irresponsáveis e não podemos ser credíveis.

Segunda-feira, 6 Junho 2016

O Frei Bento Domingues e o epicurista papa Francisco

 

1/ O Frei Bento Domingues escreveu o seguinte:

“Para o grande cientista, Francisco J. Ayala, professor de Genética na Universidade da Califórnia, o comportamento ético é determinado pela nossa natureza biológica. Por comportamento ético, ele não entende a boa conduta, mas o imperativo de julgar as acções humanas como boas ou más.

A constituição biológica do ser humano determina-lhe a presença de três condições necessárias – e, em conjunto, suficientes – para que se dê esse comportamento ético: a capacidade de prever as consequências das suas próprias acções; a de fazer juízos de valor; a de escolher entre linhas de acção alternativas. A capacidade de estabelecer relação entre meios e fins é a aptidão básica que permitiu o desenvolvimento da cultura e das tecnologias humanas.

Este cientista sustenta que as normas morais e os códigos éticos não dependem da nossa natureza biológica, mas da evolução cultural. As premissas dos nossos juízos morais provêm da tradição religiosa e de outras tradições sociais, mas apressa-se a acrescentar: os sistemas morais, assim como qualquer outra actividade cultural, não podem sobreviver muito tempo se evoluem em franca contraposição com a nossa natureza biológica”.

O Frei Bento Domingues utilizou todo este relambório para dizer o seguinte:

“Uma cultura e uma sociedade não podem sobreviver se se posicionarem contra a Natureza”.

Por um lado, o Frei Bento Domingues concorda com o papa Chiquinho que mantém reservas sobre o dogma da infalibilidade do papa; mas, por outro lado, o Frei Bento Domingues serve-se do dogma da infalibilidade do papa para deificar o Chico ao ponto de o comparar com o próprio Jesus Cristo.

Por um lado, o Frei Bento Domingues concorda com o papa Chiquinho que mantém reservas sobre o dogma da infalibilidade do papa; mas, por outro lado, o Frei Bento Domingues serve-se do dogma da infalibilidade do papa para deificar o Chico ao ponto de o comparar com o próprio Jesus Cristo.

Ele podia ter resumido o trecho a uma linha; mas teve que se escorar na autoridade de direito da ciência para corroborar a própria Lógica. A Lógica passou a depender de uma qualquer teoria científica: faz falta que apareça uma teoria científica que defenda a ideia de que “a Lógica não existe” senão como uma construção cultural e social, e que tenha por defensores os amigos do Frei Bento Domingues da Esquerda romântica.

Vivemos em um tempo alienado, em que é preciso recorrer à ciência positivista para demonstrar uma qualquer evidência. Um dia destes, terei que recorrer à ciência para provar que eu existo, mas manter-se-á o “escândalo da razão”, de Kant, segundo o qual não me é possível, em bom rigor, provar nada exterior a mim mesmo. Como dizia Karl Popper (um kantiano), o mundo exterior a nós próprios é apenas uma hipótese de trabalho para a ciência.

(more…)

Segunda-feira, 2 Maio 2016

O Frei Bento Domingues e o paganismo do papa Chiquinho

 

“Não é necessário acreditar em Deus para se ser boa pessoa. Em certo sentido, a ideia tradicional de Deus não está actualizada. Pode-se ser espiritual, sem se ser religioso. Não é preciso ir à Igreja e dar a esmola. Para muitas pessoas, a natureza pode ser uma igreja. Na história, algumas das melhores pessoas não acreditavam em Deus, enquanto alguns dos piores actos foram cometidos em Seu nome.”

Estas declarações, atribuídas a este Papa, circulam na internet, em forma de postal. Talvez não tenham sido ditas assim de seguida. Parecem-me um arranjo de várias declarações.

Frei Bento Domingues

Vemos na citação supra uma súmula do ilogismo argumentativo assumido pelo papa Chico; desde logo, ignora propositadamente a noção de juízo universal: parece-nos claro que as regras têm excepções, mas a cultura do politicamente correcto isola a excepção em relação à regra (nominalismo radical); a excepção assume a dimensão de regra, uma vez que é entendida fora do contexto da regra.

papa-freak-webMas o mais importante, na citação, é verificarmos que o papa Chico excomungou S. Paulo que sempre defendeu que a fé tem a primazia em relação à razão. S. Paulo é hoje persona non grata na Igreja Católica do papa Chico. Os princípios místicos Paulinos da iniciação cristã foram ostracizados pelo papa Chiquinho.

É claro que o Frei Bento Domingues identifica-se com a citação atribuída ao papa Chico.

Teríamos que saber o que significa “ser boa pessoa” — teríamos que ter a noção de “virtude”, por um lado, e se essa virtude teria como objecto um fim último, por outro lado. E depois teríamos que tentar saber se a positividade do sentido de vida é independente da religião (o Frei Bento Domingues e o papa Chiquinho parecem defender essa independência). E finalmente, saber se a putativa ausência de religião (a “espiritualidade sem religião”) não é uma forma de religião baseada num individualismo radical que o Frei Bento Domingues parece defender. Eu digo “parece”, porque a ambiguidade é a arma dos relativistas.

Frei Bento Domingues irá pagar bem caro as ideias que anda a propalar; pagará perante a sua própria alma — porque Deus não castiga ninguém. Será o próprio Frei Bento Domingues que se castigará a ele mesmo. Chama-se a isso “purgatório”, conceito que não existe senão no catolicismo que ele critica sistematicamente.

Talvez a principal característica do Cristianismo, desde a sua origem e para o bem e o para o mal, é o exclusivismo. Um pagão do império romano podia pertencer a um número ilimitado de seitas pagãs, mas um cristão era exclusivista (não podia abraçar outra seita) — e isto desde os primeiros apóstolos, passando pela patrística. O papa Chico transformou a Igreja Católica em uma religião pagã; e o Frei Bento Domingues rejubila.

Segunda-feira, 11 Abril 2016

É preciso avisar a Ana Lourenço que a RTP não é a SIC

 

Na sequência do documento vergonhoso emitido pelo papa Chico sobre a família, a Ana Lourenço chamou ao estúdio da RTP o Frei Bento Domingues em entrevista exclusiva; ou seja, sem contraditório. Parece que a Ana Lourenço chegou à RTP com os vícios adquiridos na SIC, em que o Bilderberger Pinto Balsemão impõe a lei da rolha em matéria de discussão de costumes e tradição.

Sobre a entrevista exclusiva do Frei Bento Domingues à Ana Lourenço, ler este artigo.

Terça-feira, 5 Abril 2016

A duplicidade orwelliana do pensamento do Frei Bento Domingues

 

O Frei Bento Domingues reduz a experiência do Cristo Jesus a um evento político (imanente) circunscrito a um determinado tempo. É pena. Diz o Frei Bento Domingues:

O programa que Jesus apresentou publicamente era um manifesto libertário. Para o tornar possível desmascarou as tentações diabólicas da dominação económica, política e religiosa.

(…)

Por tudo isto, a Cruz de Jesus, resultado imediato de um crime jurídico de natureza política, tornou-se o símbolo da generosidade e da extrema fidelidade. Nada tem a ver com a sacralização do sofrimento, como muitas vezes ainda ressoa na liturgia e na espiritualidade. Os sacrifícios exigidos pela fidelidade ao amor são a glória da vida humana. O amor do sofrimento é uma doença grave!”

Pois se “o amor do sofrimento é uma doença grave”, a adulação da pobreza é recrutamento político — porque o que é próprio do Cristo é o amor à pobreza, e não a adulação da pobreza que é característica do Frei Bento Domingues.

Reduzir a acção de Cristo a um movimento político é uma monstruosidade modernista; é próprio de alguém que perdeu referências axiológicas e teleológicas, ou nunca as teve.


“A Eucaristia celebra a memória do itinerário de Jesus Cristo para não nos perdermos do essencial nos labirintos do quotidiano. Na parábola do bom samaritano, o sacerdote e o levita para não falharem o encontro com Deus no culto do Tempo, falharam o encontro com o próximo, o ser humano espancado e atirado para a valeta. O próximo é a nova categoria social dos sem categoria: o estrangeiro, o excluído de quem nos aproximamos. O amor incondicional – a caridade – é o sentido escondido do social, passa pelas instituições, mas nunca se reduz ao que elas podem abranger.”

O Frei Bento Domingues tem o condão de conciliar a visão romântica de esquerda — segundo a qual o ser humano é exclusivamente produto do meio-ambiente, e basta que as condições exteriores se modifiquem positivamente para que o ser humano “evolua” e deixe de ser negativo —, por um lado, com uma certa visão romântica cristã — segundo a qual “somos todos filhos de Deus, e por isso temos que perdoar até o assassino”.

É esta duplicidade ideológica (que não é ambígua, mas que induz uma ambivalência no leitor) que torna difícil, a uma pessoa vulgar, fazer a crítica das suas (dele, do Frei Bento Domingues) ideias.

Quando confrontado com a culpa do Ocidente, por um lado, com a total ausência de culpa do mundo islâmico, por outro lado, o Frei Bento Domingues (à boa maneira da esquerda radical) prefere malhar na culpa no Ocidente cristão.

¿Que culpa assumiu o Islão pelos mais de 100 milhões de escravos que submeteu? Que culpa assumiu o Islão pela barbaridade da excisão feminina e do tratamento da mulher abaixo de cão? Que culpa assumiu o Islão pelas guerras que moveu e através das quais conquistou um império apenas em 100 anos? O Islão não assume culpas.

Mas o Frei Bento Domingues insiste que o prosélito do Islão é o “próximo” da parábola do samaritano, transformado no “estrangeiro, o excluído de quem nos aproximamos”. Ele engana os leitores, ao não reconhecer que uma cultura que reconhece as suas culpas (a ocidental) é inconciliável com outra cultura que as não reconhece (a islâmica). Como se escreveu aqui:

“A Europa esquece quase tudo – e não aprende quase nada. No dia seguinte ao assassínio de Theo Van Gogh por um fanático muçulmano, o burgomestre de Amesterdão deslocou-se à mesquita frequentada pelo assassino, mas não ao velório do realizador holandês. Na mesma noite dos atentados de Paris, quando ainda se contavam as vítimas, várias vozes se ouviram a rezar pela tolerância e a alertar contra o perigo da xenofobia, como se as vítimas corressem o risco de se transformarem em algozes e transportassem todos os fardos da culpa. Infelizmente, o perigo maior não está na xenofobia nem na falta de tolerância – mas na falta de sentido. Ou seja, onde os europeus vêem a falta de sentido do terror, e erguem altares na rua para queimarem velas e deixarem flores a apodrecer, o terrorismo vê uma lógica que o longo prazo há de satisfazer. Um dia depois dos atentados de Bruxelas, o Estado Islâmico reivindicou a morte de um homem que, no Bangladesh, se converteu ao cristianismo. E uma semana depois a Al-Qaeda dizimava 30 crianças e mulheres cristãs no Paquistão. A culpa impediu os europeus de protestar. O silêncio está a matar-nos.”

A ideia segundo a qual os imigrantes islâmicos, em geral, alguma vez se entrosarão na cultura europeia, é um delírio. O Frei Bento Domingues só pode estar doente.

Terça-feira, 29 Março 2016

O Frei Bento Domingues, o califado laicista da União Europeia e o califado islâmico

 

O Frei Bento Domingues defende aqui que é necessário construir o califado laicista da União Europeia para obviar à expansão do califado islâmico:

“Agora, a Europa, a braços com os refugiados e agredida até à morte pelo terrorismo, desencanta especialistas em ciência da religiões por todo o lado, mas recusa reanimar o projecto europeu que ainda a poderia salvar. Podem fazer as coisas mais sensatas e sofisticadas em termos de segurança. Podem e devem atacar as fontes económicas que alimentam a demência terrorista a nível mundial! Mas sem fazer da Europa, e não só, uma zona de paz e desenvolvimento inclusivista, pouco adiantam tantas lágrimas”.

O Frei Bento Domingues não se dá conta de que a lógica da construção dos dois califados é semelhante, senão mesmo idêntica. O “inclusivismo” dos dois califados é totalitário; é um “inclusivismo” à força, não democrático. Mas, mesmo assim, o Frei Bento Domingues não tem dúvidas em endossar a construção do califado laicista europeu.

Segunda-feira, 21 Março 2016

O Frei Bento Domingues nega os símbolos do Cristianismo, substituindo-os por sinais

 

Quando lemos o que o Frei Bento Domingues escreve, temos que traduzir o texto, ou seja, temos que fazer a hermenêutica (mas não a exegese) do texto, porque ele esconde a sua (dele) intencionalidade nos passos perdidos das palavras.

fbd-2-webO Frei Bento Domingues escreveu este texto em que constata que o mundo está em desordem, para depois concluir que o lava-pés pascal do papa-açorda Francisco a mulheres, a muçulmanos e a refugiados é uma forma de combater a discriminação. Só falta ao papa-açorda Francisco lavar as patas aos ursos polares para assim contribuir para a soteriologia imanente do materialismo ecologista.

A ideia segundo a qual o mundo está em desordem baseia-se no princípio de que o mundo pode ou poderia estar em ordem (o ser humano só conhece a partir de contrários ou opostos). Mas quando os progressistas (como o Frei Bento Domingues) e os me®dia teceram loas à desordem da Primavera Árabe, o Frei Bento Domingues esteve calado — porque a Primavera Árabe era alegadamente uma “desordem boa”. Parece que, para o Frei Bento Domingues, há desordens boas ou más. Mas quando uma alegada “desordem boa” é causa de uma putativa “desordem má”, os progressistas ignoram ostensivamente o nexo causal, e defendem agora uma “ordem boa” em contraponto a uma “ordem má” que é aquela com que não concordam.

O Frei Bento Domingues parece ver o mundo de forma arbitrária, desligada de nexos causais; o bom e o mau são eleitos em função de cada momento (pensamento hegeliano, dialéctico); a História serve para ser desconstruída e para justificar as opções do dia-a-dia.


O Frei Bento Domingues diz implicitamente que Jesus Cristo discriminou as mulheres, e que o papa-açorda Francisco veio ao mundo para corrigir Jesus Cristo. O lava-pés de Jesus aos discípulos é alegadamente uma forma de discriminação sexista, e a missão do papa-açorda Francisco (entre outras) é a de chamar à atenção do povo para a estupidez de Jesus Cristo. O papa-açorda Francisco veio ao mundo para tomar o lugar de Jesus Cristo e fundar uma nova revelação.

O Frei Bento Domingues ignora a diferença entre “discípulos”, por um lado, e “apóstolos” (que podem ser mulheres), por outro lado; e ignora a condição ontológica do homem e da mulher, que são diferentes: não é só uma questão biológica, mas é também uma questão metafísica. Mas a metafísica do Frei Bento Domingues é imanente, e portanto não pode ter em consideração estas nuances esotéricas.

Quando Jesus Cristo escolheu discípulos (homens), não discriminou as mulheres, porque se assim fosse, a própria escolha daqueles (e não de outros) seria uma forma de discriminação — as ideias do Frei Bento Domingues, se levadas às suas últimas consequências, raiam o absurdo —; e porque a diferença entre homem e mulher não é apenas biológica, mas também metafísica (os budistas chamam “Kharma” a esta diferença metafísica, não só entre os dois sexos mas também entre indivíduos). Além disso, a história da Igreja Católica está repleta de apóstolas (mulheres) que assim cumpriram a sua missão na soteriologia transcendente (e não imanente, como a do Frei Bento Domingues).

O Lava-pés tem símbolos, e não sinais. O Frei Bento Domingues (e o papa-açorda Francisco) reduz a cerimónia a um conjunto de sinais. Os símbolos tem uma função esotérica, isto é, não podem ser mudados sem que se mude também aquilo que o símbolo representa (representação). Aos sinais, falta-lhes a participação no conteúdo do representado/simbolizado, porque, em regra, os sinais são escolhidos arbitrariamente (por exemplo, os sinais de trânsito).

A aleatorização da cerimónia do Lava-pés, por parte do papa-açorda Francisco, transforma os símbolos em sinais (escolhidos arbitrariamente), em nome de um conceito de “igualdade” que não pode existir enquanto tal (utopia), porque o sentido de um conceito só é definido por meio da experiência concreta.

Se levarmos o raciocínio do Frei Bento Domingues (e do papa-açorda Francisco) até às últimas consequências, então concluímos que Natureza discriminou o homem em relação à mulher, porque aquele não pode parir — o que é um injustiça imposta por Deus ao homem. A negação dos símbolos cristãos e a sua substituição por sinais conduz ao absurdo.

Quarta-feira, 16 Março 2016

O Miguel Esteves Cardoso e o puritanismo do Frei Bento Domingues

 

O Miguel Esteves Cardoso escreve aqui um comentário a este texto do Frei Bento Domingues em que, invariavelmente, este se dedica a tecer loas ao papa-açorda Francisco. Parece que o Frei Bento Domingues tem necessidade de justificar todo e qualquer acto do papa-açorda Francisco; é uma espécie de “culto do chefe” que é próprio das ideologias políticas. Não há uma só crónica do Frei Bento Domingues que não se preocupe com o culto do chefe.

O culto do chefe leva à justificação do fariseu que critica os fariseus. Estamos em presença do fariseu-mor. O fariseu-mor (ao contrário de Jesus Cristo) utiliza a falácia da mediocridade: em nome da misericórdia, nivela por baixo. A igualdade ontológica dos seres humanos é definida por critérios chãos que, por sua vez, justificam um certo relativismo ético.


Em relação à mulher adúltera, Jesus Cristo disse-lhe: “Vai em paz e não voltes a pecar”. Mas para o Frei Bento Domingues, é o “vai em paz” que conta; o “não voltes a pecar” é sempre “condicionado pela sua vida, pela sua psicologia e pela sua situação”.

O “não voltes a pecar” não interessa muito ao Frei Bento Domingues e ao papa-açorda Francisco, porque é uma forma de repressão farisaica. A verdade é que Jesus Cristo fez um juízo de valor: o “não voltes a pecar” é uma forma de censura.

A verdade insofismável é que Jesus Cristo criticou a mulher adúltera! Para o Frei Bento Domingues e para o papa-açorda Francisco, Jesus Cristo deveria ter dito à mulher adúltera apenas e somente: “Vai em paz” — porque, alegadamente, “ninguém é obrigado a fazer coisas impossíveis”.


As pessoas, em geral, — como o Miguel Esteves Cardoso — não se dão conta de que o anti-farisaísmo do Frei Bento Domingues e do papa-açorda Francisco é uma forma de puritanismo.

O puritano parte da premissa tradicional e óbvia segundo a qual o ser humano é imperfeito; a partir daqui, o puritano acredita que a salvação é individualista e subjectivista, no sentido em que não depende da relação do indivíduo com a comunidade (da Igreja) ou com a família natural, mas antes depende exclusivamente do sujeito enquanto tal (o que não acontece no catolicismo tradicional). O puritano subjectiviza a salvação. Trata-se de uma soteriologia subjectivista.

A rígida obediência a certos padrões morais é necessária ao puritano; mas esses padrões morais dizem respeito apenas ao indivíduo enquanto sujeito e independente da comunidade religiosa (a Igreja).

No papa-açorda Francisco, há uma rígida obediência a determinados padrões morais que concedem privilégios especiais ao puritano. E um desses privilégios é a legitimização do anti-farisaísmo enquanto fim em si mesmo, e não como um meio para atingir um fim (como fez Jesus Cristo). O anti-farisaísmo dos puritanos é uma forma de farisaísmo. O puritano, enquanto indivíduo, julga-se a si próprio como “o eleito por Deus”, em contraponto aos fariseus e escribas que são diabolizados. O papa-açorda Francisco é uma espécie actualizada de Quaker.

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