O programa de ontem da Fátima Campos Ferreira (que não vi até ao fim), que alegadamente deveria tratar de sondagens, descambou para a afirmação política dessas sondagens, com direito a traçar cenários de coligações para formar o futuro governo e tudo mais. A pretexto de se falar sobre a substância das sondagens e da forma como elas são realizadas, o programa partiu do princípio da veracidade absoluta das últimas sondagens para traçar um único cenário de governo: PS + BE. De nada valeu ao Pedro Magalhães dizer que “sondagens não são previsões”; mal ele acabou de dizer isso, o programa continuou a tratar as sondagens como previsões.

Este fenómeno ― que não se passa só na RTP mas em todos os organismos ligados ao Estado formatado pelo socratinismo ― revela o síndroma de Estocolmo que consiste num comportamento irracional de colaboração da vítima em relação ao violador; de certa forma, a vítima passa a depender psicologicamente do estuprador e não consegue, do ponto de vista emocional, desligar-se deste. Essa dependência da vítima em relação ao malfeitor é baseada numa gestão do medo de uma forma tal que a pessoa cativa passa não só a identificar-se com quem lhe coarcta a liberdade, como aumenta gradualmente a simpatia em relação a ele.
O síndroma de Estocolmo para além de ser uma dissonância cognitiva que tenta afastar a infelicidade da vítima através da sua identificação emocional com o estuprador, é também uma resposta psicológica da entidade cativa que se traduz em sinais de lealdade para com o violador ou raptor, independentemente do risco que impende sobre a entidade cativa pelo facto da sua própria condição. Trata-se de um mecanismo de defesa inerente a um processo de identificação considerado inconscientemente pela vítima como sendo necessário para a sua sobrevivência.
Este fenómeno ocorre praticamente em todo o Estado socratino ― salvo quando as vítimas se manifestam em grupo, sentindo assim a força do colectivo (manifestações públicas de protesto). Porém, a nível da sua situação individual, o síndroma de Estocolmo socratino está presente em todo o aparelho de Estado e funcionalismo público.
Nunca, depois de 25 de Abril de 1974, Portugal viveu o síndroma de Estocolmo a um nível tão elevado.
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