perspectivas

Sábado, 16 Abril 2016

A nossa língua não é neutra em matéria de género

 

O “género” é a referência gramatical à diferença entre sexos. Quando falamos em “géneros masculino ou feminino”, estamos em um contexto gramatical e linguístico. Fora deste contexto, devemos falar em “sexos” e não em “géneros”. Posto isto, vamos ao que nos interessa.

O Bloco de Esquerda pretende mudar o nome do Cartão de Cidadão para “Cartão de Cidadania” — porque, alegadamente, “cidadão” é (gramaticalmente) do género masculino e portanto (alegadamente) não abrange as mulheres.

O problema é que a nossa língua (portuguesa) é muito pouco neutral em matéria de género, ao contrário do que acontece com a língua inglesa que é muito mais neutra.

O corolário lógico da posição do Bloco de Esquerda é a necessidade de alteramos a língua portuguesa, introduzindo novas palavras por forma a podermos ter nela uma maior neutralidade de género. Por exemplo, em vez de “cidadão” e “cidadã”, o Bloco de Esquerda poderia propôr que essas duas palavras sejam retiradas do dicionário e substituídas pela palavra “cidadane” que seria neutral em matéria de género. Teríamos assim uma novilíngua em um admirável mundo novo, com o cidadane António Costa e a cidadane Catarina Martins; e teríamos i Cartane de Cidadane. Poderíamos ir mais longe e eliminar os pronomes definidos: i cidadane António Costa e i cidadane Catarina Martins.

O Bloco de Esquerda preocupa-se muito com a linguagem, porque pensa que mudando os nomes das coisas se muda a realidade; por exemplo: se chamarmos “pedra” a um pau, o pau “vira” pedra. Eles estão mesmo convencidos disso.

Temos aqui duas posições divergentes sobre i cartane de cidadane di bloque de esquerde: uma é a de Miguel Esteves Cardoso; a outra é de um tal Conraria.

“Somos todos seres humanos. As mulheres não são seres humanas. Quando se fala na língua portuguesa não se está a pensar apenas na língua que falam as portuguesas. É a língua dos portugueses e doutros povos menos idiotas.”
→ Miguel Esteves Cardoso

I bloque de esquerde deveria alterar o nome de “ser humano” para i ser humane, para se respeitar a neutralidade de género — porque não se admite que a mulher seja “um ser humano” no masculino. Com diz implicitamente o Conraria: Eu não sei o que as mulheres sentem quando lhes dizem que são “uns seres humanos”, mas sei que eu, homem, não gostaria que me chamassem “uma ser humana”. Portanto, somos todes seres humanes.

Depois da sua derrocada, a socialisma foi sucedida por uma culturalisma que caracteriza tanta a teoria da discursa como a desconstrução e a feminisma — porque existe alegadamente uma “linguagem de dominação” sobre a mulher, linguagem essa que prevalece na merda da cultura falocrática ocidental.

E temos que aturar isto.

Quinta-feira, 7 Junho 2012

Rir é o melhor remédio

“Parece piada, mas juro é verdade. Neste governo, aliás, o que não tem faltado é verdade que parece piada. Espantado com a informação enviada pelo comentarista Marlon, fui conferir no Diário Oficial da União. E lá estava a Lei n° 12.605, de 3 de abril de 2012, que “Determina o emprego obrigatório da flexão de gênero para nomear profissão ou grau em diplomas. O texto diz o seguinte:

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1°. As instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido.”

via Lei 12.605 « Augusto Nunes – VEJA.com.

Reparem bem no ar bem divertido do [penso eu] articulista [Augusto Guzzo]: colocado perante o absurdo, ele assume a atitude mais correcta: rir!

A Esquerda costuma dizer que “a ironia pertence à direita, e o humor pertence à esquerda” — nem poderia estar mais de acordo: a esquerda ou o politicamente correcto, é o humor personificado, a histrionia com nome próprio. Esquerda e humor não são apenas sinónimos: são a mesma coisa.

Quando o escritor brasileiro Nelson Rodrigues afirmou que “o grande acontecimento do século XX foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota”, não estaria talvez a prever o descalabro a que chegou o início do século XXI. Ao ler este texto, ri-me sozinho às gargalhadas; quem me estivesse a observar, de longe, certamente diria: “aquele indivíduo é de direita!”

Recomendo a leitura.

Segunda-feira, 15 Fevereiro 2010

A afirmação do feminismo resulta em decadência civilizacional e em desordem social

“La feminista radical es la más machista y retrógrada de las mujeres, porque reclama privilegios frente a un nuevo supermacho: el Estado democrático”.

Diego de los Santos, eurodeputado e deputado espanhol, fundador do Partido Andalucista

Sobre este postal que traduz um artigo do conhecido blogger norueguês, Fjordman:

O feminismo está directamente ligado ao gayzismo. Muitas das líderes feministas ― e todas as mais conhecidas ― são lésbicas. O lesbianismo (como o gayzismo em geral) é uma distorção da ordem do ser, sendo que a ordem do ser humano consiste numa unidade psicossomática (com razão, intuição e instinto, e não apenas um ser instintivo que faz do desejo sexual subjectivo (em contraponto à sexualidade objectiva) o próprio princípio da sua identidade).
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Segunda-feira, 2 Novembro 2009

“Casamento” gay: um processo digno de Kafka

«Em face do nosso ordenamento constitucional, não só não se faz discriminação por se estabelecer diferenças entre o regime do casamento e o regime (ou qualquer regime) da união homossexual, como o casamento é concebido exclusivamente como união heterossexual»

Professor Doutor Jorge Miranda, Constitucionalista

Nenhum argumento racional parece demover o partido socialista. Até mesmo os pareceres dos maiores constitucionalistas portugueses não contam absolutamente nada para o partido socialista de José Sócrates. O próprio movimento católico socialista é literalmente ignorado. Portugal transformou-se num cenário de um romance de Kafka.
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Segunda-feira, 12 Outubro 2009

A esquizofrenia feminista

feminismo

Este postal, escrito na linguagem irreverente da juventude, revela as consequências da teoria do discurso e do feminismo na nossa cultura contemporânea, que se seguiu à queda do marxismo-leninismo. O que o artigo faz é constatar o efeito devastador, em termos culturais, causado pelo politicamente correcto.

O feminismo é anormal, isto é, avesso a normas. E por isso, as relações sociais entre os dois sexos passaram a ser um exercício de esquizofrenia quotidiana. Na expectativa, o homem espera que o feminismo ― que renega as normas culturais “passadistas” ― estabeleça as novas normas culturais que tornem possível um saudável relacionamento entre os dois sexos; porém, depressa o homem se dá conta de que não existe um padrão cultural e comportamental tipicamente “feminista” senão que esse padrão cultural feminista é caracterizado pela ausência de normas culturais.

Perante a ausência de “normas feministas”, existem essencialmente dois tipos de homens: aqueles ― como o que escreveu o postal ― que pretendem compreender o que se está realmente a passar com a influência do feminismo nas mulheres; e os outros que se aproveitam da estupidez feminista para tentarem um recorde das “cambalhotas sem compromisso” no Guiness Book.

O problema do feminismo só será compreendido pelas mulheres quando elas chegarem à conclusão que os relógios biológicos da mulher e do homem são diferentes, isto é, só depois dos 40 anos. Mas aí será tarde demais, porque existirão outras feministas de 20 ou 30 anos para entreter e alimentar a irresponsabilidade masculina das “cambalhotas sem compromisso”. Com o feminismo, as mulheres saem sempre a perder, mas elas não se dão conta disso senão quando se faz tarde.

Quinta-feira, 8 Outubro 2009

O superlativo absoluto simples do politicamente correcto

O Luís Fazenda, dirigente do Bloco de Esquerda, no início da sua intervenção no debate da Fatinha (Prós e Contras) último:

— “Boa noite a todos e a todas!”

Para se compreender esta dissonância cognitiva, ler este postal sobre o desconstrucionismo de Derrida. Talvez o Luís Fazenda pudesse ter simplificado a coisa e dito “boa noite a toda a gente”; “gente” é feminino e por isso fica bem; e poupava tempo e sobretudo a nossa paciência.

Sexta-feira, 26 Outubro 2007

Nietzsche e as mulheres

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Eu penso que um homem que não aprecie a Mulher não pode ser grande “pistola”. Em “Assim falava Zaratustra”, Nietzsche escreve que as mulheres são incapazes de amizade: “são como gatas, aves, ou quando muito, vacas”. Os fundadores do Partido Nazi, sendo praticamente todos gays, levaram o conceito de Nietzsche sobre as mulheres muito a sério.
Por esta e por outras, é que temos que aturar hoje as feministas. Nietzsche deveria ser autorizado a reencarnar e ser obrigado a levar com as feministas todos os dias da sua nova vida, e à porta da sua casa. A sua tortura cármica deveria ser a obrigação de frequentar, como bom ouvinte e de boca calada, as tertúlias feministas da Maria Teresa Horta. Não há direito que um tipo escreva coisas destas, escape à punição da maria-vitória e deixe para os machos vindouros o fardo de passar pela redenção de uma filosofia de que não são responsáveis.

“O homem será preparado para a guerra e a mulher para passatempo do guerreiro. O mais é loucura.”
— Nietzsche

Quem lê Nietzsche, pensa que o tipo é um maganão e que “está a reinar com a gente”. Se a guerra de auto-defesa é, por vezes, necessária, Nietzsche acaba com as padeiras de Aljubarrota. Não existe nenhuma nova e potencial padeira de Aljubarrota que subscreva esta frase de Nietzsche, e portanto, estamos condenados a “levar no corpo” sem nos defendermos.
Assim como o Volkswagen “carocha” foi a vingança de Hitler [porque fez milhões de vítimas em acidentes de automóvel, devido à sua instabilidade], o feminismo politicamente correcto é a vingança de Nietzsche. Pelo simples facto de um país se organizar para uma guerra de auto-defesa, temos as feministas todas a recordar-nos os conceitos Nietzscheanos de “homem guerreiro” e da “mulher passatempo”, e a manifestarem-se nas ruas e nos Mídia. Este é o paradoxo histórico de Nietzsche: do seu anti-cristianismo, herdamos a “dádiva da outra face”. Estamos condenados a ser invadidos e agredidos, e dar ainda a outra face, em memória de Nietzsche. Eis como uma espécie de anticristo se transforma, involuntariamente e por vontade da Providência, numa referência apostolar.


“Vais ter com uma mulher? Não te esqueças do chicote.”
— Nietzsche

Não tenho a certeza de que tipo de “chicote” Nietzsche se referia, mas a julgar pelo juízo, não me parece que seja aquele em que estou a pensar – até porque há coisas que não esquecemos em qualquer lugar, mesmo quando, infelizmente, não nos lembramos delas.
Dignos de celebração de Nietzsche são o sado-masoquismo gay e o movimento cultural das lésbicas que substituiu o “chicote” pelo vibrador; deveriam colocar Nietzsche num pedestal, arranjar um retrato na parede, e celebrar o dia do seu nascimento como um novo Natal.

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“As mulheres têm muito de que envergonhar-se; há na mulher muito pedantismo, superficialidade, primarismo escolar, vaidadezinha, desmesura e indiscrição oculta…que tem sido restringida e dominada por medo do homem.”

– Nietzsche (“Para lá do Bem e do Mal”)

Nietzsche não era pedante – era lá agora! Desmesura?! Nem vestígios! O “primarismo escolar” não existe nos homens, e quem o afirma é blasfemo! Já viram algum homem analfabeto? A julgar por Nietzsche, o homem é “iletrado”, e as mulheres são “analfabetas”. Conceitos diferentes. Foi por causa do “primarismo escolar” feminino no tempo de Nietzsche que surgiram as sufragistas e aturamos hoje a Germaine Greer e frases como “um em cada dois homens é uma mulher”. Ah, desgraça…!

“Gostar de mulheres inteligentes é prazer de pederasta” (Charles Baudelaire); Nietzsche descobriu o pederasta que existia nele. Vejam bem: as mulheres burras exigem de um homem muito mais imaginação – a imaginação que Nietzsche não tinha. Apreciar uma mulher burra é um desafio para um homem inteligente, e só uma mulher inteligente pode “domesticar” um homem burro. Nietzsche não tinha a mínima noção de Yin e Yang, da atracção dos contrários. Pudera…esteve sempre no “contra”…

“A mulher deve ser considerada como propriedade do homem, como fazem os orientais”

– Nietzsche (“Para lá do Bem e do Mal”)

Das duas, uma: ou Nietzsche tinha problemas de impotência sexual, ou foi cornudo toda a vida. Esta frase é um desabafo de um cornudo magistral e endémico, mas também pode ser um grito de um impotente mal-amado. Contudo, excluamos a hipótese de condição de cornudo, porque sabemos que Nietzsche, de mulheres, conhecia pouco ou nada, à excepção da sua irmã (feia e inteligente, a exteriorização do pederasta), com quem – diziam as más-línguas – teve uma relação incestuosa.
Em consequência de estereótipos Nietzscheanos deste género, passamos a confundir o “machismo” com “marialvismo”. O macho não defende a ideia de que a mulher deva ser propriedade do homem – pelo contrário, a apropriação da mulher pelo homem coloca dificuldades acrescidas a um macho que se preze. A noção de mulher como propriedade do homem é eminentemente marialva, e um marialva é um gay que não “saiu do armário”.

Enfim, sou de opinião que a história da filosofia moderna está mal contada. Se o desconstrucionismo “inventado” por Nietzsche servisse para alguma coisa, deveria ser para desconstruir o próprio Nietzsche.

Sobre Nietzsche ler: “O profeta do anticristo”

Quinta-feira, 18 Outubro 2007

A Guerra de África

“Dois excessos: excluir a Razão, admitir apenas a Razão.” – Blaise Pascal

Vou aqui referir-me ao documentário que a RTP exibe sobre a “Guerra de África”, ou a “Guerra Colonial”, aka “Guerra do Ultramar”, aka “Guerra da Independência”, aka “Guerra de Libertação Nacional”, coordenado pelo jornalista Joaquim Furtado, relacionando-o com uma citação de Francisco Noa no seu livro “Império, Mito e Miopia” (Moçambique como invenção literária), sobre a literatura produzida em Moçambique durante a Era colonial:

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