Nós aprendemos que o conceito de Cogito – “eu penso, logo existo” – é de Descartes, mas trata-se de uma meia verdade. Em boa verdade, o conceito de Cogito é de Santo Agostinho, embora elaborado de uma forma ligeiramente diferente: dizia Santo Agostinho que “eu duvido, logo existo”.
“No entanto, ¿quem quereria duvidar que existe, se lembra, compreende, deseja, pensa, sabe e julga? E que, mesmo quando se duvida de tudo o resto, não deve ter dúvidas acerca disto. Se não existisse o Eu, não poderia duvidar absolutamente de nada. Por conseguinte, a dúvida prova por si própria a verdade: eu existo se duvido. Porque a dúvida só é possível se eu existo.” – (Confissões).
O que é extraordinário é que nas aulas de filosofia do ensino secundário se fale do Cogito de Descartes e não se refira o facto de que, de certa maneira, Descartes plagiou Santo Agostinho. Parece que os meus professores fizeram de propósito: riscaram Santo Agostinho do mapa. Ou então, desconheciam a origem do “cogito, ergo sum”. Só mais tarde me apercebi do plágio de Descartes.