«Um sábio, que não seja bacharel, recebe esse grau de uma universidade, e os de licenciado e doutor, para poder entrar nessa universidade, que é hábil e competente para o fazer, por ter capacidade de saber, e por ser devido apenas a circunstâncias especiais que o sábio não possuía nenhum diploma científico oficial. Mas, sem dúvida, pareceria muito paradoxal, e até muito ridículo, que um grupo de indivíduos sem diplomas universitários conferissem a alguém, por exemplo, o grau de doutor em matemática. A competência por colação dos incompetentes não tem certamente senso comum.» — A competência por colação
Um grau de uma universidade não produz necessariamente mais competência. Por isso é que Marinho Pinto (e muito bem!) exige um exame da Ordem dos Advogados para os novos licenciados em Direito. Um grau de uma universidade pode conceder a alguém um estatuto social que possibilite exactamente essa competência por colação de que nos fala a citação supra, por um lado, e por outro lado, o grau de uma universidade pode produzir alvarás de inteligência. Acontece que a concessão de um alvará de inteligência a um cidadão, por uma universidade, não tem senso-comum, porque a inteligência não é coisa que se compre, se venda, ou que se concessione à exploração comercial por alguns anos.