Um leitor deixou um comentário no último verbete, como segue:
“Só uma análise global do processo permite identificar essa decadência”, mas se a maioria desconhece a história, como poderá surgir essa análise global? Eu até que desejo o regresso à monarquia, pois há muito tempo compreendo o que o Orlando acaba de dizer, só que vejo essa tarefa muito difícil (quase impossível). O poder político está demasiado corrompido pelo poder económico e por todos os laços que se criam à volta destes dois elementos. Com um povo subjugado, desconhecedor da sua história, com um exagerado culto personalístico e de imagem (exterior), sem sentido de cidadania e educação no geral, não podemos esperar grandes comedimentos. Não quero generalizar, mas o panorama não é nada animador. Por isto mesmo, tenho dificuldade em ver qualquer regresso à monarquia, a não ser que a república entre em auto-decomposição por via das suas tropelias.»
Já tenho falado aqui no “presentismo” — não no sentido que é comummente atribuído à uma certa análise literária ou histórica, mas no sentindo cultural e antropológico. O presentismo, neste último sentido, é característico de uma cultura antropológica na qual não existe passado — ou o passado está [temporariamente] ausente da mundividência da maioria e da vida do dia-a-dia —, e por isso não existe uma perspectiva clara e colectiva de futuro.
Uma sociedade sem passado não tem futuro = presentismo.
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