Ao longo dos últimos anos sempre defendi as posições do Jornal de Angola contra as opiniões da Esquerda e não só: por exemplo, contra as opiniões de José Pacheco Pereira. Mas isto ultrapassa o razoável: um artigo assinado por um tal Artur Queiroz. Não se trata ali e agora de defender a liberdade de Angola como país soberano (o que é razoável): trata-se de um chorrilho de asneiras e de insultos com os quais se pretende assumir uma qualquer razão.
Em primeiro lugar, o jornaleiro Artur Queiroz inicia o texto com insultos; ou seja, os insultos não são o corolário de uma análise (o que até poderia ser razoável), mas são o pressuposto dessa análise. Estamos perante um ad Hominem.
Depois entra na falácia Tu Quoque: a pena-de-morte na Guiné Equatorial é justificada porque os Estados Unidos também a praticam. Pela mesma ordem de ideias, o holocausto da minoria Tutsi no Ruanda seria justificável porque existiu o holocausto nazi em relação aos judeus.
Depois, o jornaleiro do Jornal de Angola confunde o Estado de Direito nos Estados Unidos, por um lado, com a ditadura da Guiné Equatorial em que não existe de facto um Estado de Direito.
Desde logo, nem todos os estados americanos têm pena-de-morte; e os que a praticam têm apoio popular através de eleições livres. Podemos criticar a pena-de-morte em alguns estados federais americanos (existem 15 estados americanos que aboliram a pena-de-morte por iniciativa dos cidadãos através de eleições), mas fazer uma comparação entre a Guiné Equatorial e os Estados Unidos não lembra a um mentecapto. Mas lembra ao jornaleiro do Jornal de Angola.
A seguir, em vez de falar da língua portuguesa, o jornaleiro do Jornal de Angola entra pela falácia do espantalho, quando faz considerações de natureza económica acerca de Portugal; é que, de facto, não tem nada a ver “o cu com as calças”. Depois de uma guerra civil em Angola em que dezenas de milhares de crianças morreram de fome, e milhões de pessoas foram deslocadas, o jornaleiro do Jornal de Angola vem dizer que em Portugal “as crianças morrem à fome”! Deve estar a ver em Portugal o seu próprio país.
Angola — e o Jornal de Angola, que é de facto um órgão oficioso do governo de Angola — tem tido uma grande compreensão por parte de uma maioria da população portuguesa que não se identifica com a esquerda radical que inclui uma parte do Partido Socialista.
Mas o que se torna cada vez mais intolerável é a ideia, agora propalada pelo Jornal de Angola, de que Portugal tem que se submeter aos desejos de Angola por causa da “culpa da sua herança colonial”.
A ideia do Jornal de Angola — e do governo de Angola — pode ser resumida da seguinte maneira: “Portugal tem uma culpa histórica por causa da colonização de Angola, e por isso tem que ‘baixar a bolinha’ e fazer o que Angola manda!”
É tempo dos portugueses terem orgulho da sua herança histórica, incluindo a sua herança colonial; e quem não gostar, “problema dele”!
E quanto à CPLP: se o Japão, a União Indiana, a China e outros que tais, entrarem para a CPLP, Portugal deveria sentir orgulho em sair da organização — porque não faz sentido uma CPLP (Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa) em que se fala chinês, japonês, um qualquer dialecto hindu e/ou árabe.
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