Até há muito pouco tempo, eu fui um apoiante indefectível de Viktor Órban — mas não tanto do seu (dele) partido político, o Fidesz; mas já não sou.
Eu tenho seguido as opiniões de Viktor Órban nas redes sociais e nos jornais internacionais. As suas (dele) posições políticas actuais são aviltantes e repugnantes.
O envolvimento político / retórico de Orbán na guerra da Ucrânia tem como objectivo:
-
dividir a União Europeia nas suas posições em relação à Rússia; o apoio de Viktor Órban ao expansionismo russo é claríssimo (“Em política, o que parece, é”).
-
mudar o eixo da política europeia (mudar o “fuso horário”), de Londres/Paris, para Berlim/Moscovo, fazendo com que Budapeste assuma um papel central na nova economia política;
-
dividir os países da NATO no seu apoio à Ucrânia;
-
anular qualquer tipo de influência dos Estados Unidos na União Europeia, colocando a Europa militarmente à mercê da Rússia;
-
defender a ideia de que os territórios ocupados por Putin na Ucrânia pertencem à Rússia (fait accompli).
Podemos aceitar, obviamente, que o Viktor Órban defenda aquilo que ele pensa serem os interesses da Hungria; o que ele não pode fazer — mas não pode mesmo! — é defender os alegados “interesses da Hungria” sacrificando os interesses de outros países — seguindo o exemplo da Rússia de Putin —, nomeadamente os interesses de auto-defesa da Ucrânia.
O que está a acontecer na Hungria de Orbán é extraordinário! — a União Europeia e a NATO deixaram entrar no seu seio uma “Quinta Coluna” de Putin! E Viktor Órban mantém-se activo nas redes sociais, lançando a dúvida sistemática acerca da real legitimidade da defesa da Ucrânia, pedindo para “compreendermos Putin” (sic), afirmando que os Estados Unidos devem sair da NATO — mas nem uma palavra acerca do assassinato de Boris Nemtsov, por exemplo.
Viktor Órban é o branqueador oficial de Putin, uma espécie de “OMO lava mais branco” do regime russo. As atrocidades do regime russo passam ao lado de Orbán, como se não existissem.
Chegou a hora de a União Europeia e a NATO reflectirem acerca do que significa ter a Hungria de Orbán no seu seio; e chegou a altura de o partido CHEGA esclarecer as suas relações com o partido Fidesz de Viktor Órban.