Estive a ouvir, ontem à noite, o mestre e professor Adriano Moreira. Uma das coisas que ele disse é que a doutrina social da Igreja Católica não desampara os mais pobres, e por isso — diz ele — o Estado Social não deve ser desmantelado sem garantias de que os mais pobres tenham condições dignas de sobrevivência.
Por outro lado, Manuela Ferreira Leite — por exemplo e entre outras figuras do Partido Social Democrata — está “cansada” de dizer que, neste momento, um corte de 4,7 mil milhões não é factível. Esse corte – e mesmo outros – pode ser feito ao longo de algum tempo e à medida em que a economia cresce e o desemprego diminui. Em resumo: o problema dos cortes passa pela União Europeia; e sobre a União Europeia, ler este trecho no Jornal de Negócios:
« Viremo-nos agora para o outro lado do problema, ou seja, para a crise especificamente europeia. Ao contrário da anterior, esta é, na sua essência, uma crise política com um pretexto económico, fabricada de todas as peças pelo governo alemão coadjuvado pelo BCE, quando, em 2010, ao julgar ter resolvido o seu particular problema doméstico, lançou a palavra de ordem “cada um por si”. Sabe-se há muito que o euro sofre de malformações congénitas. Ainda assim, a zona euro no seu conjunto não padece de desequilíbrios financeiros externos ou internos. O problema só surgiu quando se começou a partir aos bocadinhos um sistema que era suposto ser uno, coeso e solidário.
A crise do euro foi criada pela má-fé da Alemanha, que viu na crise internacional uma oportunidade única de impor a sua hegemonia política, económica e financeira no velho continente. Esse projecto avançou sem sobressaltos de maior até ao momento em que o contágio atingiu a Espanha e a Itália, cuja ruína ameaça os próprios fundamentos do euro. Não há forma de acudir-lhes se a situação se agravar, de modo que, após muitas hesitações, o BCE decidiu-se a intervir e a Alemanha resignou-se a aceitar os princípios da união bancária, da união fiscal e, a prazo, da mutualização parcial da dívida. Porém, assim que a iniciativa do BCE começou a dar resultados, Merkel renegou a sua palavra e adiou tudo para 2014.»
Chegados aqui, concluo o seguinte: ou o CDS/PP é um partido de “inspiração cristã” (conforme os estatutos do partido) e tenta mudar (internamente) a política neoliberal do Partido Social Democrata de Passos Coelho; ou o CDS/PP alinha totalmente com o PSD do Pernalonga e eu passo a defender eleições legislativas antecipadas.