Eu, que nunca simpatizei com o absolutismo monárquico (aliás, é uma das minhas “guerras” contra o Integralismo Lusitano), ao ler este texto quase que me senti tentado a adoptar as ideias de António Sardinha.
As pessoas não se dão conta de que a maçonaria que influenciou D. Pedro II não foi a mesma maçonaria anglo-saxónica que influenciou as revoluções inglesa e americana. A maçonaria não é toda igual. D. Pedro II foi clara- e directamente influenciado pela maçonaria europeia continental, mormente a francesa, que tem uma tradição cultural e ideológica muito diferente da maçonaria anglo-saxónica.
Ainda hoje a bandeira do Brasil contém o motus do Positivismo de Comte (“Ordem e Progresso”) — o que é verdadeiramente inacreditável! —, seguindo a tradição positivista da maçonaria francesa (não-regular) que marcou as ideias de D. Pedro.
A interpretação que aquele senhor escriba faz da História do século XIX português, é ideologicamente enviesada — por exemplo, quando ele diz que a culpa da queda da monarquia foi da “Direita”; seria como se disséssemos de que “a culpa da existência da violência do Black Lives Matter é da maioria do povo que não é violento”. Alegadamente e por analogia, a culpa da violência da Carbonária que assassinou o rei D. Carlos e o seu filho, foi da ”Direita”. Vê-se, naquela cabecinha, a influência da mente revolucionária que inverte os valores da moral e da relação entre sujeito e objecto.
Aquele senhor faz de conta de que não existiu a influência directa e activa da maçonaria francesa (não-regular, por definição) e da maçonaria italiana radical (a Carbonária) na destruição e corrosão do regime constitucional monárquico (num processo de corrosão cultural e política semelhante ao que o Bloco de Esquerda adoptou em relação ao actual regime).
O escriba daquele douto textículo esqueceu-se de mencionar o mal que os ditos “liberais” do século XIX fizeram à economia portuguesa, gerando fome e guerras civis, quando atacaram a cegamente Igreja Católica e (por exemplo) estatizaram os mosteiros (que ricos “liberais estatizantes”, aqueles!, iguaizinhos aos actuais), destruindo a economia de escala portuguesa. Os mosteiros católicos estatizados foram abandonados e a fome instalou-se em Portugal, graças aos “liberais” revolucionários que aquela criatura elogia.
«Chegado o 25 de Abril, não havia direita democrática em Portugal.»
Pelo que percebi do conceito de “direita democrática” daquele senhor, trata-se de uma Direita que se senta à mesa com o Partido Comunista e com o Bloco de Esquerda, em uma tertúlia e comensalidade amenas. É a mesma “Direita” que diz que o partido CHEGA é “fassista”; é a “Direita liberal” que defende o “casamento” gay e adopção de crianças por pares de invertidos, e que defende a eutanásia praticada pelo Estado. É a “Direitinha” educadinha e paneleira.
Reparem no que escreveu o ex-militante do Partido Comunista francês, Edgar Morin:
« (…) a lógica do liberalismo político leva-o a tolerar ideias ou movimentos que têm como finalidade destruí-lo. A partir daí, perante a ameaça, o liberalismo está condenado, quer a tornar-se autoritário, isto é, a negar-se ― provisória ou duradouramente ― a si mesmo, quer a ceder o lugar à força totalitária colocada no poder por meio de eleições legais (Alemanha, 1933) »
Portanto, nem D. Pedro nem D. Miguel. São ambos as duas faces da mesma (falsa) moeda. Não aceitamos esta falsa dicotomia histórica.
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