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Sábado, 18 Junho 2016

O catecismo da Igreja Católica

Filed under: cultura — O. Braga @ 12:33 pm
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homossexualidade_catecismo

2357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atracção sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (103) a Tradição sempre declarou que «os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados» (104). São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.

catecismo da Igreja Católica

Antes de mais, vamos saber o que significa “catecismo”.


Na Alta Idade Média, “catecismo” era um ritual exorcista católico efectuado antes do baptismo de uma criança. Quando uma criança nascia, o Padre era imediatamente chamado para exorcizar a criança, ou seja para operar o catecismo da criança; e o baptismo podia esperar: só mais tarde, às vezes meses depois, é que a criança era baptizada.

A partir do século XIII, a palavra “catecismo” sofreu lentamente uma deslocação semântica: passou a designar o ensino oral da doutrina da Igreja Católica às crianças, que era principalmente função dos padrinhos de baptismo da criança, e principalmente da madrinha.

Com a descoberta da imprensa por Gutemberg no século XV, a doutrina da Igreja Católica passou a ser impressa em latim, e a Igreja Católica chamou a si o ensino do catecismo (já com o novo sentido semântico de “ensino da doutrina”). O catecismo passou a ser ensinado às crianças nas paróquias, nas igrejas (nas línguas locais, e não em latim), mosteiros e outras instituições católicas, e os padrinhos perderam o protagonismo no ensino da doutrina. Em alguns países, como por exemplo em Itália, a Igreja Católica criou escolas especializadas no ensino do catecismo para as crianças, nas principais cidades, e o catecismo passou a ser impresso nas línguas nacionais; estamos no século XVI.

No princípio do século XVII, as instituições da Igreja Católica que ensinavam o catecismo passaram também a ensinar às crianças a “civilidade cristã” (as boas maneiras), e no fim desse século passaram também a alfabetizar as crianças.

Tinha nascido a escola primária na Europa.

Portanto, desde sempre, o catecismo era dirigido às crianças, e não aos adultos. Só com a modernidade os adultos passaram a ser tratados como crianças, e o catecismo assumiu uma função de referência da doutrina para adultos. Não passaria pela cabeça de ninguém, na Idade Média, que o catecismo não fosse uma forma de exorcismo do pecado original, e por isso apenas dirigido às crianças.

De modo semelhante, a palavra “religião” (religio) tinha função concreta e designava uma qualquer instituição católica, por exemplo, uma Ordem religiosa (dominicanos, franciscanos, etc). O conceito de “religião”, concebida fora do concreto, não existia na Idade Média. A abstracção do conceito de “religião” teve origem nos naturalistas renascentistas; para o homem medieval (até ao século XVI), a religião era como o ar que ele respirava: fazia parte dele, e não fazia qualquer sentido definir “religião”.

Mesmo que no catecismo não existisse a classificação do acto homossexual como sendo pecado (o que não é verdade hoje, mas era verdade na Idade Média), e sendo que o catecismo (em minha opinião, como é óbvio) ainda hoje se destina a crianças, seria perfeitamente natural que nele não houvesse qualquer alusão à homossexualidade. Não faz qualquer sentido ensinar às crianças que tomar no cu e chupar pica é pecado.

Para os adultos, basta ler S. Paulo (ou alguém que leia e recite) — “passiones ignominiae”, “usum contra naturam” et “turpitudinem operantes” (Romanos 1, 26-27) — para saber que o acto homossexual é pecado.

4 comentários »

  1. Essa história dos paneleirocentristas dizerem que o catolicismo e o cristianismo em geral não condena o homossexualismo já passou das marcas, já espalharam a mentira vezes demais que já passou do tolerável. Se eu ouço um rabetocentrista desses a dizer isso à minha frente das duas uma: ou cito uma das passagens bíblicas do Novo Testamento que condene o homossexualismo como pecado EM VOZ ALTA(só para que fique bem claro para ele e para os que estão à minha volta) ou parto para argumentar com os punhos.

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    Comentar por Eu Mesmo — Sábado, 18 Junho 2016 @ 5:05 pm | Responder

  2. Leia este excelente artigo: http://www.pucsp.br/rever/rv1_2006/p_valle.pdf

    E eu não falei em atos.

    Sigo a própria orientação do Magistério: Entretanto, na discussão que se seguiu à publicação da Declaração, foram propostas interpretações excessivamente benévolas da condição homossexual, tanto que houve quem chegasse a defini-la indiferente ou até mesmo boa. Ao invés, é necessário precisar que a particular inclinação da pessoa homossexual, embora não seja em si mesma um pecado, constitui, no entanto, uma tendência, mais ou menos acentuada, para um comportamento intrinsecamente mau do ponto de vista moral. Por este motivo, a própria inclinação deve ser considerada como objetivamente desordenada.

    http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19861001_homosexual-persons_po.html

    a particular inclinação da pessoa homossexual, embora NÃO SEJA EM SI UM PECADO, constitui, no entanto, uma tendência, mais ou menos acentuada, para um comportamento intrinsecamente mau do ponto de vista moral.

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    Comentar por Francisco Razzo — Sábado, 18 Junho 2016 @ 8:27 pm | Responder

    • Este artigo diz respeito ao catecismo e à ideia segundo a qual “nada existe no catecismo que classifique a homossexualidade e/ou o acto homossexual como sendo pecados”.

      Não devemos confundir a opinião de um Bispo, de um Papa ou de um conjunto de clérigos, por um lado, com a posição oficial da Igreja Católica, por outro lado.

      Por exemplo, a alegada “tendência” que uma determinada pessoa tenha para a violência não é um pecado — porque, em primeiro lugar, não devemos julgar “tendências” que são, em si mesmas, subjectivas: os juízos de valor fazem-se em relação a actos concretos; e depois porque a “tendência” de hoje, se existe de facto, pode não existir amanhã.

      Uma coisa é “condição homossexual”, outra coisa é “acto homossexual”.

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      Comentar por O. Braga — Domingo, 19 Junho 2016 @ 9:47 am | Responder

  3. Por esta e por outras, prefiro a Bíblia e, particularmente, o Novo Testamento. Estamos cercados por teólogos modernos desconstrucionistas.

    Não sou católico, sou protestante. Curto muitos os “avivalistas” dos séculos 18 e 19. Um movimento de volta à simplicidade das Escrituras. Aconselho a todos a leitura.

    Tenho impressão de que o movimento gay não tem por objetivo a destruição do cristianismo, mas se infiltrar e moldá-lo, por dentro, em seu favor. Há projetos, inclusive apoiado pela maior casa publicadora de Bíblias no Brasil (SBB) para a edição de uma “Bíblia Gay”.

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    Comentar por Cinéfilo Realista (@cinerealista) — Domingo, 19 Junho 2016 @ 7:50 pm | Responder


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