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Domingo, 15 Maio 2016

Historicamente o comunismo (e o jacobinismo) não é russo: é ocidental!

Filed under: A vida custa — O. Braga @ 11:30 am
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Algum discurso do Olavo de Carvalho é marcado por um certo desespero, o que eu compreendo porque também o sinto. Este desespero é produto da realidade concreta e do facto de que aquilo a que Olavo de Carvalho chama de “comunismo”, ter surgido na Europa Ocidental cristã — nomeadamente na Alemanha, em Inglaterra e em França — a partir do século XVIII. Esta é a verdade histórica insofismável.

Ou seja, a Rússia não foi o berço do comunismo. O berço do comunismo foi a Europa Ocidental.

As ideias embrionárias do comunismo — nomeadamente o jacobinismo — foram levadas para os Estados Unidos (e para o Brasil) em duas fases: a primeira com o apoio à independência dos Estados Unidos por parte da elite iluminista europeia, por um lado, e com o positivismo ideológico, por outro lado; e posteriormente através da transferência da Escola de Frankfurt (marxismo cultural) para os Estados Unidos com o advento do nazismo.

Segundo estatísticas credíveis, a Rússia tem hoje 78% de praticantes cristãos. Na Europa Ocidental, a percentagem de cristãos praticantes está muitíssimo longe dos números actuais da Rússia.

Ou seja, o comunismo permanece onde nasceu: na Europa Ocidental — depois de ter sido exportado para os Estados Unidos. O problema está na Europa Ocidental, e não na Rússia. O inimigo a combater é a Europa Ocidental. O nosso inimigo, enquanto europeus, encontra-se no nosso seio, como aliás atestam as múltiplas guerras internacionais e civis que aconteceram na Europa Ocidental desde a Revolução Francesa.

A Rússia voltou hoje a uma espécie de czarismo sem czar — e não ao comunismo (como defende Olavo de Carvalho). Não podemos saber o futuro, mas o possível retorno da Rússia ao comunismo só poderá ser feito à custa de muito derramamento de sangue, tendo em conta os tais 78% de cristãos praticantes na Rússia.

No tempo dos czares, a Rússia tinha uma polícia política interna formidável, e uma rede de espiões internacionais muito mais sofisticada do que a de muitos países da Europa Ocidental — a tal ponto que o próprio czar Pedro, O Grande, andou disfarçado e anónimo em Inglaterra a espiar a construção naval inglesa, informação essa que depois ele utilizou para desenvolver a construção naval bélica na Rússia. Nessa época ainda não havia comunismo na Rússia.

Ao contrário do que diz Olavo de Carvalho, a quantidade de espiões na Rússia não é característica do comunismo; tem uma tradição mais antiga que vem do tempo dos czares.

Em suma: historicamente, o comunismo (e o jacobinismo) não é russo: é Ocidental! Metam esta merda na cabeça!

10 comentários »

  1. Não entendo… ele teve um debate com ideólogo do Putin: Aleksandr Dugin(se souber um meio de adquirir o livro com o debate deles aqui em Portugal por favor me informe) e ele conhece o Eurasianismo, ele reconhece que o “comunismo de hoje” não é nada mais que uma mescla de economia fascista com os valores da revolução gramsciana e da escola de Frankfurt mas mesmo assim continua a invocar o fantasma da guerra~fria e que a Rússia ainda é comunista… Deus queira que ele não tenha razão nesse ponto aí.

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    Comentar por Eu Mesmo — Domingo, 15 Maio 2016 @ 3:51 pm | Responder

    • Não tem nada a ver uma coisa com a outra! Não se deixem enganar! Não confundam o povo russo com Dugin! O que me aborrece em Olavo de Carvalho é que ele induz essa confusão.

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      Comentar por O. Braga — Domingo, 15 Maio 2016 @ 6:55 pm | Responder

      • De facto não se vê muita gente a hastear a bandeira do Eurasianismo. Creio que serão mais influenciados pelos dissidentes soviéticos, por um sujeito que não sei o nome mas que o Olavo diz que é o “Rush Limbaugh” da Rússia… tenho ouvido mais os programas do Dr.Savage do que do Olavo e de acordo com ele os conservadores que ficaram parados no tempo da guerra~fria e sonham com a ascensão de um Ronald Reagan novo e por isso é que votaram em Ted Cruz(que ao contrário do Trump é hostil à Rússia).

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        Comentar por Eu Mesmo — Segunda-feira, 16 Maio 2016 @ 3:11 pm

  2. Já há muito que sou da opinião que a primeira revolução comunista foi a revolução francesa.

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    Comentar por Nuno Seco — Segunda-feira, 16 Maio 2016 @ 10:19 am | Responder

    • Então o parteiro do comunismo foi Rosseau e não Marx, rs.

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      Comentar por Eu Mesmo — Segunda-feira, 16 Maio 2016 @ 2:59 pm | Responder

      • A primeira utopia comunista foi a de Platão.

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        Comentar por O. Braga — Segunda-feira, 16 Maio 2016 @ 7:02 pm

      • Caro Eu Mesmo, e tem dúvidas?

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        Comentar por Nuno Seco — Terça-feira, 17 Maio 2016 @ 11:05 am

      • Já li filósofos que defendem que “A República” de Platão é uma sátira.

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        Comentar por Eu Mesmo — Terça-feira, 17 Maio 2016 @ 9:48 pm

      • Não são filósofos. São estúpidos.

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        Comentar por O. Braga — Quarta-feira, 18 Maio 2016 @ 12:04 am

    • Sr.Nuno Seco, Eu Mesmo não sei, mas há uns anos atrás vi em documentários que “A República” de Platão já descrevia o esquema todo, e por casualidade nessa altura estava a ler o “Admirável Mundo Novo” e “1984”. Quando vi num documentário a descrição dessa obra de Platão fiz logo a conexão “Meu Deus, isto aqui é o “Admirável Mundo Novo” “. Porém o que o Sr. disse pode não estar incorrecto, afirmou que a primeira revolução comunista(apesar de Rosseau chamar a isso colectivismo) foi a revolução francesa… acho que você esteja correcto porém não sou a pessoa mais indicada para dar garantias…

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      Comentar por Eu Mesmo — Terça-feira, 17 Maio 2016 @ 1:19 pm | Responder


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