perspectivas

Domingo, 15 Março 2015

O Novo Puritanismo politicamente correcto

Filed under: Política,politicamente correcto — O. Braga @ 4:21 pm

 

A Helena Matos escreveu aqui um artigo que aborda o Novo Puritanismo.

O Novo Puritanismo já não tem nada a ver com a inibição sexual e com o combate ao despudor da cultura judaico-cristã: antes é agora o da depuração da linguagem até ao ponto em que seja impossível qualquer discurso que não seja o Diktat das elites políticas.

Trata-se de uma mistura da rígida rectidão moral antiga (mas invertida), por um lado, e por outro  lado de uma espécie de medo de contaminação por via da linguagem: o Novo Puritanismo impõe sistematicamente uma dissonância cognitiva no povo, ao ponto do cidadão, sentado na sanita, não saber “se há-de cagar ou se há-de dar corda ao relógio”.

A Helena Matos fala em “frenesim”. De facto existe no Novo Puritanismo um estado de ansiedade constante das elites políticas que incute na sociedade, através da propaganda dos me®dia, um pânico moral em relação ao qual ninguém está imune ao contágio.

O politicamente correcto é uma doutrina puritana promovida por uma minoria ilógica e desfasada da realidade (psicótica), e radicalmente propagandeada pelos me®dia sem escrúpulos, que defende o princípio segundo o qual é perfeitamente possível agarrar um cagalhão pela sua parte mais limpa. O Novo Puritanismo é farisaico e aspira a um perfeccionismo utópico e, por isso, está condenado a um frenesim e a uma ansiedade perpétuas.

O Novo Puritanismo é essencialmente de Esquerda — embora existam novos puritanos que se dizem de Direita mas que não tem a noção do que realmente são — e representa a persistência de duas tendências que os esquerdistas herdaram dos puritanos que surgiram da Reforma.

A primeira herança é a tendência para proibir em nome de uma “elevação moral” (a superioridade moral da Esquerda), embora segundo novos critérios morais invertidos. Thomas B. Macaulay escreveu o seguinte no século XIX: “os puritanos detestavam os combates de ursos, não porque esses jogos causassem sofrimento aos ursos, mas porque davam prazer aos espectadores”.

Os novos puritanos já não se preocupam com o prazer sexual que tanto ocupava os velhos puritanos calvinistas: antes, preocupam-se agora com qualquer prazer do povo que não seja o sexual, porque o sexo (e a igualdade) passou a ser o fulcro ideológico a partir do qual irradia o Novo Puritanismo (inversão revolucionária da moral).

A segunda herança dos velhos puritanos é a exigência absoluta de uma pureza e sanidade assépticas em tudo quanto mexe, o que leva a que se conceba que possa existir uma parte limpa no cagalhão — porque a ideia de que o cagalhão possa ser totalmente sujo é insuportável para o Novo Puritanismo: tem que haver uma forma qualquer de transformar um cagalhão em algo assepticamente limpo!

Os sete pecados mortais do Novo Puritanismo são: racismo, sexismo, classismo (pertença a uma classe social), homofobia, nativismo (pertença a uma nação histórica), islamofobia, e xenofobia.

Qualquer pessoa que cometa um destes pecados mortais está condenado ao inferno na Terra. Ao contrário da misericórdia cristã que perdoa os pecados, o Novo Puritanismo não perdoa quem comete os novos pecados: o pecador é executado na praça pública.

No Novo Puritanismo — na sequência do gnosticismo da Antiguidade Tardia —, os crentes adquirem um senso de auto-valorização moral superior na medida em que se classificam a si mesmos como “os eleitos” (os novos Pneumáticos), e isto independentemente de quaisquer obras que façam ou deixem de fazer. São eleitos “porque sim”. E para validar o seu estatuto de eleição, os novos puritanos sentem-se compelidos a abusar dos “pecadores” até que estes reconheçam a culpa dos seus pecados mortais.

“O politicamente correcto é propaganda comunista em pequena escala. Nos meus estudos acerca das sociedades comunistas, cheguei à  conclusão que o propósito da propaganda comunista não era o de persuadir ou convencer, nem sequer informar, mas era o de humilhar; e, por isso, quanto menos ela (a propaganda) corresponder à  realidade, melhor serve o seu propósito de humilhar.

Quando uma pessoa é obrigada  permanecer em silêncio quando lhe dizem as mentiras mais óbvias e evidentes, ou ainda pior quando ela própria é obrigada a repetir as mentiras que lhe dizem, ela perde, de uma vez por todas, o seu senso de probidade.

O assentimento de uma pessoa em relação a mentiras óbvias significa cooperar com o mal e, em pequeno grau, essa pessoa personifica o próprio mal. A sua capacidade de resistir a qualquer situação fica, por isso, corrompida, e mesmo destruída. Uma sociedade de mentirosos emasculados é fácil de controlar. Penso que se analisarem o politicamente correcto, este tem o mesmo efeito e propósito.”

→ Theodore Dalrymple

1 Comentário »

  1. Tanto o velho como o novo puritanismo não são do meu agrado.
    “O politicamente correto” já saturou nossos ouvidos por ser usado “ao bel prazer” pelos “cumpanheiros comunistas” como se fosse uma “água mole em pedra dura , tanto bate até que fura”, co o intuito de escravizar e humilhar a população do país.

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    Comentar por vileite — Terça-feira, 17 Março 2015 @ 5:55 pm | Responder


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