«Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa diz que a actualização do tarifário terá efeitos a partir de 7 de Abril e enquadra-se no “Convénio de Preços assinado entre os CTT e o regulador, reflectindo não só a queda de tráfego” em 2013, mas também o aumento dos “custos operacionais com combustíveis e transportes”.»
Em Portugal, a “queda de tráfego” — ou seja a diminuição do consumo de um determinado produto ou serviço autóctone — justifica sempre um aumento de preços. Mas em qualquer país racional, deveria acontecer o contrário disto.
Em tempo de crise aguda — em Portugal — praticamente nunca existe deflação, a não ser de alguns produtos importados. A tradição portuguesa impõe que os preços dos produtos e serviços autóctones aumentem em tempo de crise económica, mesmo que de forma ligeira e residual.
Portugal é talvez o único país da Europa em que quanto menos um produto é consumido ou um serviço é utilizado, mais aumenta o preço desse produto e/ou desse serviço. Portugal funciona endemicamente “anti-mercado”, devido a uma histórica protecção do Estado aos monopólios privados. E quando não existem monopólios privados, o Estado protege sempre e invariavelmente a cartelização dos preços.
Por isso é que eu fui contra a privatização dos CTT (e desde sempre, contra Passos Coelho!) 1, contra a privatização da água, da TAP, da REN, e mesmo da EDP: entre ter monopólios privados, por um lado, e monopólios do Estado, por outro lado, prefiro os segundos, porque estes pelo menos podemos controlar mesmo que remota- e indirectamente através do voto.
Nota
1. Eu fui convidado para ser militante do PSD. Quando soube que era o Passos Coelho que ia para o “poleiro”, recusei o convite.
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