Este texto do Padre Gonçalo Portocarrero de Almada fala das aparentes “imperfeições” dos milagres de Jesus Cristo. O que parece estar implícito no texto do Padre é que, sendo Jesus Cristo o Logos, ou a Segunda Pessoa da Trindade, essas “imperfeições” dos milagres de Jesus Cristo poderiam ser evitadas.
Porém, as “imperfeições” dos milagres de Jesus Cristo simbolizam o livre-arbítrio do ser humano em contraponto a um determinismo divino na acção do homem.
Porque Jesus era livre, os seus milagres obedeceram a uma lógica de liberdade que implica sempre a existência de “imperfeições”. Se Jesus Cristo não fosse livre, Deus-Pai, através do Filho, faria “milagres perfeitos”, tal qual o Padre descreve no seu texto.
É a liberdade — o livre-arbítrio, no sentido tomista — do homem que o condiciona nos resultados da sua acção. E sendo Jesus nascido e feito homem, não poderia fugir à contingência do mundo sem que alienasse a sua liberdade enquanto (ou na sua condição de) homem. Se os milagres de Jesus Cristo fossem “perfeitos”, Ele estaria a sacrificar a sua própria liberdade em nome de um determinismo que Deus não pretende para a criatura humana. E Jesus Cristo não quis outra coisa senão ser um exemplo de liberdade (que implica o despojamento) para a criatura humana.
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