O referendo à adopção de crianças por pares de invertidos tem sido posto em causa pela classe política em geral (incluindo o CDS/PP) e pelas elites em geral, com base em uma alegada estratégia de interesse por parte do Partido Social Democrata. Ou seja, não é o referendo em si mesmo que é discutido, mas a alegada estratégia política de um determinado partido que propôs o referendo.
Isto significa que a lógica do questionamento do referendo é o “interesse”. ¿Qual é o teu interesse?. Quando se coloca, em uma discussão sobre o que quer que seja, a pergunta ¿Qual é o teu interesse?, a discussão está minada — porque se desvia o foco da discussão da matéria em causa para a politiquice do “interesse”.
O que se está a passar em Portugal é que a democracia não serve para nada. Votar ou não votar dá no mesmo. O sistema político está montado para que as decisões políticas sejam, cada vez mais e em crescendo, tomadas pelas elites sem consulta popular. Note o leitor que a adopção de crianças por pares de invertidos não fez parte do programa de governo do Partido Social Democrata e do CDS/PP (e nem do Partido Socialista) — e, no entanto, a classe política (incluindo o CDS/PP) prepara-se para reduzir a democracia às decisões das elites.
Isto não é democracia: é uma aristocracia da mediocridade.
Outro argumento contra o referendo — qualquer referendo! — é o de que o povo português é burro — e portanto não vale a pena sensibilizá-lo para as questões referendáveis. O povo português só não é burro quando vota nos partidos políticos, mas logo que os votos são apurados, o povo volta a ser burro. E como o povo é burro, são as elites que decidem sem consultar o povo. O voto passou a ser uma espécie de “cheque em branco” dado pelo povo à classe política.
Portanto, esqueçamos a democracia! Devemos adoptar uma resistência passiva e uma outra activa.
A resistência passiva é a recusa da legitimidade deste regime de mediocridade aristocrata. Ou seja, não votar nunca, para nada. Abstenção total! Deixá-los governar com menos de 50% do total de votos. Torná-los fracos na sua legitimidade política, minar o próprio regime político através da nossa não-participação nele. Deixar a classe política em roda-livre, entregue a si mesma e em um sistema semi-despótico em crescendo, o que vai legitimar ainda mais nossa a oposição ao regime.
A resistência activa é a afirmação pública e publicada na negação do regime. Devemos tratar este regime como uma qualquer ditadura. Denunciar publicamente o despotismo iluminado da classe política (que controla os me®dia), mesmo que corramos o risco certo de sermos ostracizados e mesmo censurados.
A democracia não se negoceia: ou existe ou não existe. Se não existe, passa a valer tudo. Se vivemos em um sistema despótico cujos valores são ditados exclusivamente pela classe política, torna-se legítima qualquer acção para o derrubar.
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